Governo Trump avalia destinar 30 mil vagas de refugiados a sul-africanos brancos

Publicado 15.08.2025, 12:08
Atualizado 15.08.2025, 12:10
© Reuters.

Por Ted Hesson

WASHINGTON (Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está discutindo limitar a 40 mil o número de refugiados admitidos no próximo ano, com 30 mil destas vagas para sul-africanos brancos, de acordo com duas autoridades norte-americanas e um e-mail interno do programa de refugiados.

A chefe do programa de refugiados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês), Angie Salazar, disse a funcionários de nível estadual que esperava que o limite fosse de 40 mil, de acordo com um resumo por e-mail de uma reunião de 1º de agosto visto pela Reuters.

As duas autoridades, que falaram sob condição de anonimato, disseram que cerca de 30 mil das 40 mil vagas seriam dedicadas aos africâneres, uma minoria em grande parte descendente de holandeses na África do Sul que Trump priorizou para reassentamento.

O limite de 40 mil pessoas seria uma queda acentuada em relação aos 100 mil refugiados admitidos pelo ex-presidente Joe Biden no ano fiscal de 2024, mas maior do que o teto de 15 mil pessoas que Trump estabeleceu para o ano fiscal de 2021, antes de encerrar seu primeiro mandato.

Uma outra pessoa familiarizada com o assunto disse que, além do número de 40 mil, também foi discutido um limite de 12 mil.

Há 37 milhões de refugiados em todo o mundo, de acordo com uma estimativa das Nações Unidas.

Trump congelou imediatamente as admissões de refugiados após assumir o cargo em janeiro, mas semanas depois lançou um programa para africâneres, dizendo que o grupo minoritário branco sofreu discriminação racial e violência na África do Sul, de maioria negra, alegações que foram rejeitadas pelo governo sul-africano.

O governo Trump tem tido conflitos internos sobre a possibilidade de sul-africanos não brancos se qualificarem para o programa de refugiados, informou a Reuters em julho.

Além dos africâneres, o governo Trump espera trazer afegãos que ajudaram o governo dos EUA durante o conflito no país e está avaliando a possibilidade de reassentar ucranianos, disse o e-mail.

Algumas vagas permaneceriam não alocadas para serem potencialmente preenchidas por outras nacionalidades, de acordo com o e-mail e as autoridades ouvidas.

A vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Anna Kelly, enfatizou que nenhuma decisão é definitiva até que Trump dê suas orientações para o ano fiscal de 2026, que começa em 1º de outubro.

"O presidente Trump tem um coração humanitário, e é por isso que ele acolheu essas pessoas corajosas nos Estados Unidos", disse Kelly. "Os limites de admissão de refugiados serão determinados no próximo mês, e quaisquer números discutidos neste momento são pura especulação."

Um funcionário sênior do Departamento de Estado apontou para o recente relatório de direitos humanos do departamento, que levantou preocupações sobre a "retórica racial inflamada contra os africâneres e outras minorias raciais" na África do Sul.

O HHS encaminhou as perguntas relacionadas ao limite de refugiados para a Casa Branca. Salazar não respondeu a pedidos de comentário.

O primeiro grupo de 59 sul-africanos chegou em maio, mas só outros 34 chegaram até o início de agosto, informou uma autoridade da Casa Branca.

O Departamento de Estado dos EUA demitiu muitos funcionários do programa de refugiados em uma grande redução da força de trabalho em julho. Para compensar a equipe demitida, os funcionários do HHS que normalmente lidam com a assistência aos refugiados domésticos foram transferidos para o programa da África do Sul, disse uma das autoridades.

Treze funcionários do HHS foram enviados a Pretória na segunda-feira, embora a maioria não tivesse experiência direta na triagem de refugiados, disse o funcionário.

Um porta-voz do HHS disse que funcionários treinados foram destacados para apoiar o reassentamento de refugiados, mas que eles não estavam realizando entrevistas para determinar se um refugiado havia sofrido perseguição.

DIFICULDADES INICIAIS

Sul-africanos que agora estão nos EUA com status de refugiado entraram em contato com o HHS para falar sobre a falta de benefícios para apoiá-los, disse uma das autoridades americanas. Trump cortou os benefícios dos refugiados após assumir o cargo, incluindo a redução da assistência em dinheiro e dos benefícios de saúde que normalmente duram um ano para quatro meses.

Um dos 59 sul-africanos trazidos para os EUA em meados de maio enviou um e-mail ao escritório de refugiados do HHS duas semanas depois, pedindo ajuda para obter um número de seguro social e acesso a uma permissão de trabalho. A pessoa, que foi para Missoula, no Estado de Montana, disse que sua família gastou milhares de dólares para cobrir as despesas.

"Nós nos candidatamos a empregos como loucos, mas sem sucesso, porque descobrimos que as pessoas aqui não estão interessadas em contratar refugiados" sem um número de seguridade social, escreveu um dos membros da família em um e-mail de 27 de maio para o programa de refugiados do HHS visto pela Reuters. "Gastamos cerca de US$4.000 com Uber, comida e chips de celular que não funcionam."

A pessoa estava preocupada com o fato de a família não conseguir encontrar moradia depois que uma estadia em um hotel financiado pelo governo terminou no início de junho.

A Reuters não conseguiu entrar em contato com a família. O porta-voz do HHS disse que a agência leva as reclamações a sério e que os refugiados colocados em moradias temporárias recebem apoio para necessidades essenciais, inclusive alimentação.

Uma pessoa familiarizada com o assunto disse que alguns sul-africanos chegaram aos EUA esperando benefícios padrão para refugiados que haviam sido pausados ou reduzidos por Trump.

(Reportagem de Ted Hesson em Washington; reportagem adicional de Humeyra Pamuk e Jeff Mason em Washington, e de Olivia Kumwenda-Mtambo e Tim Cocks em Johanesburgo)

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS BB PF

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