Indicada por Trump, Pam Bondi promete acabar com "armamento partidário" do Departamento de Justiça

Publicado 15.01.2025, 13:40
Atualizado 15.01.2025, 13:45
© Reuters. Pam Bondi durante audiência no Comitê Judicial do Senado dos EUAn15/01/2025nREUTERS/Elizabeth Frantz

Por Sarah N. Lynch e Andrew Goudsward

WASHINGTON (Reuters) - A escolhida por Donald Trump para secretária de Justiça e procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, prometeu acabar com "o armamento partidário" no sistema judicial dos EUA se for confirmada no cargo, ecoando a afirmação do presidente eleito de que os processos que ele enfrentou foram motivados politicamente.

"Trabalharei para restaurar a confiança e a integridade do Departamento de Justiça -- e de cada um de seus membros", disse Bondi ao Comitê Judiciário do Senado. "Sob minha supervisão, a instrumentalização partidária do Departamento de Justiça terá fim."

Bondi, de 59 anos, atuou como procuradora-geral da Flórida de 2011 a 2019 e ajudou a defender Trump durante seu julgamento de impeachment em 2019, que terminou com sua absolvição das acusações de pressionar a Ucrânia a investigar seu rival, o agora presidente norte-americano em fim de mandato, Joe Biden.

O Senado, de maioria republicana, está avaliando uma série de escolhas de Trump para o primeiro escalão do governo, algumas controversas, antes de Trump assumir o cargo na segunda-feira.

Os parlamentares realizaram uma audiência inflamada com a escolha de Trump para secretário de Defesa, Pete Hegseth, na terça-feira, e devem ouvir na quinta-feira o escolhido para secretário do Tesouro, Scott Bessent.

Trump ameaçou usar o sistema judiciário dos EUA para se vingar de seus inimigos políticos quando retornar ao poder.

"O presidente eleito Trump prometeu não apenas usar o Departamento de Justiça para promover seus próprios interesses políticos, mas também para buscar 'retribuição' contra 'o inimigo interno'", disse o principal democrata do comitê, o senador Dick Durbin, em uma declaração de abertura.

"Preciso saber se a senhora diria 'não' ao presidente Trump se tivesse que escolher entre seu juramento à Constituição e sua lealdade ao sr. Trump."

Bondi se comprometeu a priorizar o julgamento de crimes violentos, gangues, abusadores sexuais de crianças e traficantes de drogas, protegendo o país de "terroristas e outras ameaças estrangeiras" e abordando "a crise avassaladora na fronteira".

Ela acrescentou que também se concentrará em proteger a liberdade de expressão, a liberdade religiosa e "o direito de portar armas", além de trabalhar para consertar a Agência Federal de Prisões, que, segundo ela, vem sofrendo com "anos de má administração, falta de financiamento e moral baixa".

Ela não foi específica em relação a como atingiria seus objetivos.

O senador republicano Chuck Grassley, líder do comitê, elogiou a experiência de Bondi.

"O Departamento de Justiça está infectado com decisões políticas, enquanto seus líderes se recusam a reconhecer essa realidade", disse Grassley em seu discurso de abertura.

"Sra. Bondi, se a senhora for confirmada, as medidas que tomar para mudar o rumo do Departamento devem ser de responsabilidade, para que a conduta que acabei de descrever nunca mais aconteça."

PASSADO COMO LOBISTA

Esperava-se que os democratas do painel questionassem o histórico de Bondi como procuradora-geral da Flórida e seu trabalho como lobista desde 2019.

Em 2013, enquanto atuava como procuradora-geral da Flórida, Bondi se recusou a se unir a outros Estados para investigar a Trump University logo após um comitê de ação política que apoiava sua campanha ter recebido uma doação de 25.000 dólares da Trump Foundation.

Ela negou qualquer relação entre a doação e sua decisão de não investigar a Trump University.

Após a derrota de Trump nas eleições de 2020, ela apareceu em coletivas de imprensa e em programas de televisão onde repetiu algumas das falsas alegações de Trump sobre fraude eleitoral.

Em uma função mais recente no America First Policy Institute, afiliado a Trump, ela co-assinou duas petições judiciais que apoiaram os esforços da equipe de defesa legal de Trump para vencer as acusações criminais federais e estaduais contra ele na Flórida e em Nova York.

As regras federais de ética geralmente exigem que os funcionários do governo se recusem a participar de assuntos que possam ter um impacto financeiro direto sobre eles e que, por um período de tempo, se recusem a trabalhar em casos que envolvam partes com as quais tenham relações pessoais ou comerciais.

Os atuais ou antigos clientes de Bondi como lobista incluem a República Dominicana, o Catar, o ministro de Relações Exteriores do Zimbábue e o Kosovo, bem como Amazon.com (NASDAQ:AMZN), Fidelity, Carnival (LON:CCL) North America LLC, Uber (NYSE:UBER), Major League Baseball, General Motors (NYSE:GM), The GEO Group Inc, Alden Torch Financial e os Major County Sheriffs of America.

Várias das empresas, como Uber, Amazon, Carnival e General Motors, estiveram na mira de várias investigações do Departamento de Justiça durante o governo Biden.

O GEO Group, uma empresa privada de prisões, tem alguns contratos pendentes com o Departamento de Justiça, segundo registros de gastos federais. Alguns dos grupos de aplicação da lei para os quais Bondi fez lobby até 2024 têm membros cujos escritórios recebem fundos de subsídios do Departamento de Justiça.

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