Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As investigações sobre a morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) estão se aproximando de descobrir os responsáveis pelo crime, que teria sido cometido por milicianos e que teria o suposto envolvimento de um colega da parlamentar na Câmara Municipal do Rio, disseram fontes depois de quase dois meses de investigação.
Segundo duas fontes com conhecimento das investigações ouvidas pela Reuters, o vereador Marcello Siciliano (PHS), colega de Marielle na Câmara, está entre os investigados suspeitos de envolvimento na morte a tiros da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, em março.
Siciliano foi citado em depoimentos e foi um dos vários vereadores ouvidos pela polícia fluminense. Além dele, um ex-policial militar conhecido como Orlando da Curicica, ligado a milícias da cidade e que está preso no complexo de Bangu, seria outro envolvido nos assassinatos, disseram as fontes.
As informações foram reveladas inicialmente pelo site do jornal O Globo na terça-feira e confirmadas à Reuters por duas fontes.
"Isso está correto e no caminho certo... não há dúvidas de que o crime foi cometido por milicianos", disse à Reuters uma das fontes. "A Marielle estaria atrapalhando os planos de milicianos com a sua atuação", acrescentou uma segunda fonte.
O vereador citado nas investigações negou qualquer tipo de envolvimento no crime. "Expresso aqui meu total repúdio à acusação de que eu queria a morte de Marielle Franco. Ela é totalmente falsa. Não conheço "Orlando da Curicica", disse o vereador em nota."
"Eu acho uma covardia tentarem me incriminar dessa forma. Marielle, além de colega de trabalho, era minha amiga. Tínhamos projetos de lei juntos. Essa acusação causa um sentimento de revolta por não ter qualquer fundamento. Eu, assim como muitos, já esperava que esse caso fosse elucidado o mais rápido possível. Agora, desejo ainda mais celeridade", acrescentou.
Siciliano está em seu primeiro mandato parlamentar e tem seu reduto eleitoral em bairros da zona oeste da capital onde há a presença de milicianos. Durante as investigações, um colaborador do vereador foi executado com vários tiros na zona oeste.
Na terça-feira, parlamentares federais estiveram reunidos com policiais ligados à investigação sobre a morte de Marielle e deixaram o encontro esperançosos com o andamento das apurações.
"O cerco aos criminosos está se fechando... não só os executores, mas também em relação aos mandantes", disse a repórteres o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ).
Marielle, ativista dos direitos humanos e que denunciava as milícias e abusos em ações da polícia em favelas locais, foi morta na noite de 14 de março, aos 38 anos. A vereadora foi perseguida após deixar um encontro de mulheres na Lapa até o bairro do Estácio (SA:ESTC3), onde ocorreu o crime que provocou comoção nacional e até no exterior.