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Por Alexander Cornwell e Maayan Lubell e Nidal al-Mughrabi
TEL AVIV/JERUSALÉM/CAIRO (Reuters) - As Forças Armadas de Israel convocaram dezenas de milhares de reservistas nesta quarta-feira, em preparação para um esperado ataque à Cidade de Gaza, enquanto o governo israelense considera uma nova proposta de cessar-fogo após quase dois anos de guerra.
A convocação sinaliza que Israel está avançando com seu plano de assumir o controle do maior centro urbano de Gaza, apesar das críticas internacionais a uma operação que provavelmente forçará o deslocamento de muitos outros palestinos.
No entanto, um oficial militar que informou os repórteres disse que os soldados da reserva não se apresentariam ao serviço até setembro, uma medida que dá aos mediadores algum tempo para preencher as lacunas entre o grupo militante palestino Hamas e Israel sobre os termos do cessar-fogo.
O oficial disse que, como parte do planejamento para uma nova ofensiva em Gaza, haveria cinco divisões operando no enclave, mas não se espera que a maioria dos reservistas sirva em combate na Cidade de Gaza.
"Passaremos para uma nova fase de combate, uma operação gradual, precisa e direcionada na Cidade de Gaza e em seus arredores, que atualmente é o principal reduto militar e governamental do Hamas", disse a autoridade.
O gabinete de segurança de Israel, presidido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, aprovou um plano este mês para expandir a campanha em Gaza, com o objetivo de tomar a Cidade de Gaza.
Muitos dos aliados mais próximos de Israel pediram que o governo reconsiderasse, mas Netanyahu está sob pressão de alguns membros de extrema-direita de sua coalizão para rejeitar um cessar-fogo temporário, continuar a guerra e buscar a anexação de Gaza.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando homens armados liderados pelo Hamas atacaram comunidades do sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas, principalmente civis, e levando 251 reféns, inclusive crianças, para Gaza.
Mais de 62.000 palestinos foram mortos na campanha de Israel, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza, que não informaram quantos eram militantes, mas disseram que a maioria dos mortos eram mulheres e crianças.
O Hamas aceitou uma proposta apresentada por mediadores árabes para um cessar-fogo de 60 dias que envolveria a libertação de alguns dos reféns e a libertação de prisioneiros palestinos em Israel.
O governo israelense, que afirmou que todos os 50 reféns restantes devem ser libertados de uma só vez, está estudando a proposta. As autoridades israelenses acreditam que 20 reféns ainda estão vivos.
Muitos habitantes de Gaza e líderes estrangeiros temem que um ataque à Cidade de Gaza cause um número significativo de vítimas. Israel afirma que ajudará os civis a deixar as zonas de batalha antes do início de qualquer ataque.
ISRAEL ATACA OS SUBÚRBIOS DA CIDADE DE GAZA
O Exército de Israel, que continua sua campanha em Gaza, atacou os subúrbios do leste da Cidade de Gaza durante a noite em um bombardeio que, segundo as autoridades de saúde de Gaza, matou pelo menos 19 pessoas.
"Desta vez, se não houver acordo, temo que todos nós morreremos", disse Samir Abu Basel, 45 anos, pai de quatro filhos, à Reuters, por telefone, de Gaza. "Morrer aqui ou morrer onde quer que eles nos empurrem, é a mesma coisa. Perdemos a fé neste mundo e também em nossos líderes."
A campanha militar de Israel causou uma devastação generalizada na Faixa de Gaza, que antes da guerra abrigava cerca de 2,3 milhões de palestinos. Muitos edifícios, incluindo casas, escolas e mesquitas, foram destruídos, e os militares acusaram o Hamas de operar dentro da infraestrutura civil.
A maioria dos habitantes de Gaza foi deslocada várias vezes e forçada a ocupar áreas densamente povoadas ao longo da costa do Mediterrâneo, inclusive na Cidade de Gaza.
As autoridades israelenses afirmaram que as ordens de retirada seriam emitidas para os residentes da Cidade de Gaza antes que qualquer força se deslocasse para lá.
O Patriarcado Latino de Jerusalém, que supervisiona a única Igreja Católica de Gaza, localizada na Cidade de Gaza, disse ter recebido relatos de que os bairros próximos à pequena paróquia começaram a receber avisos de retirada.
O Hamas, que governa Gaza há quase duas décadas, foi gravemente enfraquecido pela guerra. O Exército israelense afirma que agora controla cerca de 75% de Gaza e que o Hamas foi reduzido a uma força de guerrilha.
O oficial militar israelense que informou os repórteres na quarta-feira disse que o Hamas está tentando se reagrupar e se reformar na Cidade de Gaza de forma mais organizada, mas não forneceu nenhuma evidência para apoiar a afirmação.
As pesquisas mostram um forte apoio do público israelense ao fim da guerra se isso garantir a libertação dos reféns, e uma manifestação em Tel Aviv pedindo ao governo que busque esse acordo atraiu uma grande multidão no sábado.
O Hamas disse que libertaria todos os reféns restantes em troca do fim da guerra. Israel afirma que não encerrará a guerra antes que o grupo militante islâmico se desarme.
(Reportagem de Alexander Cornwell, em Tel Aviv; Maayan Lubell, em Jerusalém, e Nidal Al Mughrabi, no Cairo)