Laços entre França e Argélia "voltam ao normal", diz França após conversações

Publicado 06.04.2025, 16:20
Atualizado 06.04.2025, 16:25
Laços entre França e Argélia "voltam ao normal", diz França após conversações

Por John Irish

ARGEL (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores da França disse neste domingo que os laços do país com a Argélia voltaram ao normal, depois de conversar por duas horas e meia com o presidente da Argélia, após meses de disputas que prejudicaram os interesses econômicos e de segurança de Paris em sua ex-colônia.

Os laços entre Paris e Argel são complicados há décadas, mas pioraram em julho passado, quando Macron irritou a Argélia ao reconhecer um plano de autonomia para a região do Saara Ocidental sob a soberania do Marrocos.

Um relacionamento ruim tem grandes repercussões sociais, econômicas e de segurança: o comércio é extenso e cerca de 10% dos 68 milhões de habitantes da França têm vínculos com a Argélia, de acordo com autoridades francesas.

"Estamos reativando a partir de hoje todos os mecanismos de cooperação em todos os setores. Estamos voltando ao normal e repetindo as palavras do presidente (Abdelmadjid) Tebboune: 'a cortina está levantada'", disse Jean-Noel Barrot em uma declaração no palácio presidencial em Argel.

A visita ocorreu após um telefonema entre o presidente Emmanuel Macron e seu colega Tebboune em 31 de março, durante o qual os dois concordaram com um amplo roteiro para acalmar as tensões.

Autoridades francesas afirmam que Argel colocou obstáculos às autorizações administrativas e a novos financiamentos para empresas francesas que operam no país.

Em nenhum outro lugar isso foi sentido mais do que nas importações de trigo. Os comerciantes dizem que o conflito diplomático levou a agência argelina de grãos OAIC a excluir tacitamente o trigo e as empresas francesas em suas licitações de importação desde outubro. A OAIC afirmou que trata todos os fornecedores de forma justa, aplicando requisitos técnicos.

Barrot disse que mencionou especificamente as dificuldades relacionadas aos intercâmbios econômicos, principalmente nos setores de agronegócios, automóveis e transporte marítimo.

"O presidente Tebboune me assegurou sua vontade de dar um novo impulso a eles", disse Barrot.

 

AUTOR PRESO

Além dos negócios, o relacionamento também azedou a ponto de interromper a cooperação em segurança, inclusive em relação à militância islâmica. A detenção em Argel, em novembro, do autor franco-argelino Boualem Sansal, de 80 anos, também piorou o relacionamento.

Desde então, ele foi condenado a cinco anos de prisão. Barrot disse que esperava que um gesto de "humanidade" pudesse ser feito por Argel, dada sua idade e saúde.

Com o governo de Macron sob pressão para endurecer as políticas de imigração, a disputa se tornou parte da política interna dos dois países.

O Ministro do Interior, Bruno Retailleau, solicitou a revisão de um pacto de 1968 entre os dois países, que facilita o estabelecimento de argelinos na França, depois que Argel se recusou a aceitar de volta alguns de seus cidadãos que foram obrigados a deixar a França sob o regime de deportação "OQTF" (obrigação de deixar o território francês).

Barrot disse que Retailleau iria em breve para Argel e que os dois lados retomarão a cooperação em questões judiciais.

O relacionamento entre os dois países é marcado pelo trauma da guerra de 1954-1962, na qual o país do norte da África, que tinha uma grande população de colonos e era tratado como parte integrante da França sob o domínio colonial, conquistou a independência.

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