BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente da Argentina, Mauricio Macri, culpou o Congresso nesta quarta-feira pela falta de progresso em uma investigação de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht que vem assolando a América Latina nos últimos meses.
O atual governo argentino baniu a empresa de participar de licitações de novas obras públicas por um ano, medida anunciada no Diário Oficial do país na sexta-feira. Nesta quarta-feira, contudo, Macri disse que a Odebrecht será bem-vinda para voltar a atuar se o Congresso aprovar uma lei permitindo que o governo negocie um acordo de leniência com a empreiteira.
"No Brasil eles continuam a operar e poderiam continuar a trabalhar aqui no futuro, mas primeiro precisamos saber o que aconteceu no passado, e estamos impedidos devido à falta de um instrumento legal", disse Macri a repórteres.
Seu governo propôs um projeto de lei – que permitiria que as empresas fossem punidas por corrupção e também as habilitaria a assinar acordos de leniência em troca de colaboração com procuradores – que foi aprovado na Câmara dos Deputados em 5 de julho.
Mas Macri disse que uma cláusula essencial que permitiria os acordos de leniência foi retirada.
"Por algum motivo (os parlamentares) preferem que a Odebrecht não fale", afirmou.
A proposta pode sofrer novas emendas antes de ser votada no Senado.
Em dezembro a Odebrecht e a subsidiária petroquímica Braskem (SA:BRKM5) fizeram acordos com autoridades brasileiras, norte-americanas e suíças por uma multa recorde de 3,5 bilhões de dólares. Nesse acordo, a construtora admitiu ter pago subornos a autoridades de 12 países, incluindo 35 milhões de dólares na Argentina entre 2007 e 2014.
(Por Caroline Stauffer; reportagem adicional de Mitra Taj em Lima)