Militares são enviados à capital da Etiópia após mais de 50 mortes em protestos por morte de cantor

Publicado 01.07.2020, 14:01
Atualizado 01.07.2020, 14:50
© Reuters. Fumaça atrás de prédios em Adis Abeba, capital da Etiópia, durante protestos após a morte de um cantor

Por Dawit Endeshaw

ADIS ABEBA (Reuters) - Militares foram enviados à capital da Etiópia, Adis Abeba, nesta quarta-feira, depois que grupos armados percorreram bairros durante um segundo dia de tumultos que já deixaram mais de 50 mortes e aprofundaram as divisões no berço político do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.

Os protestos foram desencadeados pelo assassinato do músico popular Haacaaluu Hundeessaa na noite de segunda-feira e se espalharam de Adis Abeba para a região circundante de Oromiya.

O crime despertou ressentimentos causados por décadas de repressão governamental e pelo que os oromos, o maior grupo étnico etíope, descreve como sua exclusão histórica do poder político.

"Estou com raiva. Isso está me devorando por dentro", disse Ishetu Alemu à Reuters enquanto pneus eram queimados na rua.

Sons de tiros ecoaram em muitos bairros, e grupos armados com facões e varas percorriam as ruas. Seis testemunhas descreveram uma situação em que jovens de origem oromo se chocaram com alguns dos outros grupos étnicos da cidade, e em que os dois lados tiveram atritos com a polícia.

"Tivemos uma reunião com a comunidade, e nos disseram para nos armarmos com tudo que tivermos, inclusive facões e varas. Não acreditamos mais que a polícia nos protegerá, então temos que nos preparar", disse um morador de Adis Abeba, que como outros entrevistados pediu para não ser identificado por temer represálias.

Uma família oromo disse que uma gangue armada tentou invadir seu complexo. A polícia reagiu, mas disse que não podia ficar por estar recebendo muitos outros chamados.

Os militares foram mobilizados em algumas áreas, disseram três testemunhas. Uma descreveu uma rua coberta de pedras que manifestantes hostis aos oromos atiraram contra a polícia.

Muitos moradores temem que o funeral de Haacaaluu, que deve acontecer na quinta-feira em sua cidade-natal de Ambo, provoque mais violência.

"Forças de segurança invadiram nossa cidade, não podemos observar o luto. Nenhum veículo está circulando, exceto patrulhas de segurança com metralhadoras", disse Chala Hunde, estudante de 27 anos, à Reuters por telefone de Ambo, localizada cerca de 100 quilômetros a oeste da capital. "As forças de segurança estão colocando o dedo na ferida".

Ao menos 50 pessoas morreram nos conflitos em Oromiya na terça-feira, incluindo manifestantes e membros das forças de segurança, disse o porta-voz regional Getachew Balcha. Alguns negócios também foram incendiados.

"Não estávamos preparados para isso", admitiu.

(Reportagem adicional de Tiksa Negeri e Kumerra Gemechu em Adis Abeba e Ayenat Mersie em Nairóbi)

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