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Por Rami e Amichay e Alexander Cornwell
MAALE ADUMIM, Cisjordânia/TEL AVIV (Reuters) - O ministro das Finanças israelense de extrema-direita, Bezalel Smotrich, anunciou que começará o trabalho em um assentamento há muito adiado que dividiria a Cisjordânia e a isolaria de Jerusalém Oriental, uma medida que seu gabinete disse que vai "enterrar" a ideia de um Estado palestino.
O governo palestino, aliados e grupos ativistas condenaram o esquema, classificando-o como ilegal e afirmando que a fragmentação do território prejudicaria os planos de paz para a região.
No local do assentamento planejado em Maale Adumim na quinta-feira, Smotrich, ele próprio um colono, disse que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente dos EUA, Donald Trump, concordaram com a retomada do empreendimento E1, embora não tenha havido confirmação imediata de nenhum deles.
"Quem quer que esteja tentando reconhecer um Estado palestino hoje receberá nossa resposta em campo. Não com documentos, nem com decisões ou declarações, mas com fatos. Dados sobre casas, dados sobre bairros", declarou Smotrich.
Questionado sobre as declarações do ministro, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse: "Uma Cisjordânia estável mantém Israel seguro e está em linha com o objetivo deste governo de alcançar a paz na região", e encaminhou os repórteres ao governo israelense para obter mais informações.
O porta-voz afirmou que Washington continua focada principalmente em acabar com a guerra em Gaza.
As Nações Unidas instaram Israel a reverter sua decisão de iniciar as obras no assentamento.
"Isso poria fim às perspectivas de uma solução de dois Estados", disse o porta-voz da ONU Stephane Dujarric a repórteres. "Os assentamentos violam o direito internacional... (e) consolidam ainda mais a ocupação."
Israel congelou os planos de construção de Maale Adumim em 2012 e novamente após sua retomada em 2020, em meio a objeções dos EUA, aliados europeus e outras potências que consideravam o projeto uma ameaça a qualquer futuro acordo de paz com os palestinos.
Reiniciar o projeto poderia isolar ainda mais Israel, que viu alguns de seus aliados ocidentais condenarem sua ofensiva militar em Gaza e anunciarem que podem reconhecer um Estado palestino.
Os palestinos temem que a construção de assentamentos na Cisjordânia – que se intensificou drasticamente desde o ataque do Hamas a Israel em 2023, que levou à guerra em Gaza – os prive de qualquer chance de construir um Estado próprio na região.
Em uma declaração intitulada "Enterrando a ideia de um Estado palestino", o porta-voz de Smotrich anunciou a decisão e disse que o empreendimento construiria 3.401 casas para colonos israelenses entre um assentamento existente na Cisjordânia e Jerusalém.
Em Maale Adumim, Smotrich, um ultranacionalista da coalizão de direita no poder que há muito defende a soberania israelense sobre a Cisjordânia, disse à Reuters que o plano entraria em vigor na quarta-feira.
O Ministério das Relações Exteriores palestino chamou o novo plano de assentamento de uma extensão dos crimes de genocídio, deslocamento e anexação, e um eco das declarações de Netanyahu sobre o que ele chamou de "Grande Israel". Israel há muito tempo rejeita as acusações de genocídio e abusos de direitos e afirma que está agindo em sua própria defesa.
A maior parte da comunidade internacional considera ilegais os assentamentos israelenses na Cisjordânia e sua ocupação militar na região desde 1967.
A Peace Now, que rastreia a atividade dos assentamentos na Cisjordânia, disse que ainda há etapas necessárias antes da construção. Mas, se tudo correr bem, as obras de infraestrutura poderiam começar em poucos meses, e a construção das casas em cerca de um ano.
"O plano E1 é mortal para o futuro de Israel e para qualquer chance de alcançar uma solução pacífica de dois Estados. Estamos à beira de um abismo, e o governo está nos levando para frente a toda velocidade", afirmou a Peace Now em um comunicado.