Por James Mackenzie
JERUSALÉM (Reuters) - O ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir, disse nesta terça-feira que os judeus deveriam ter permissão para orar no complexo da mesquita de Al-Aqsa, conhecida pelos judeus como Monte do Templo, um novo desafio às regras de um dos locais mais sensíveis do Oriente Médio.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, negou rapidamente que haverá qualquer mudança nas regras que proíbem os judeus de rezar no local, sagrado tanto para muçulmanos quanto para judeus, e emitiu uma repreensão a Ben-Gvir, chefe de um dos partidos religiosos nacionalistas da coalizão governista.
"Não há política particular de nenhum ministro sobre o Monte do Templo -- nem do ministro da Segurança Nacional nem de qualquer outro ministro", disse o gabinete de Netanyahu em um comunicado.
O desentendimento com Ben-Gvir foi a segunda vez nesta semana que Netanyahu entrou em conflito com um de seus ministros seniores, depois de uma forte repreensão emitida ao ministro da Defesa, Yoav Gallant, na segunda-feira sobre os objetivos da guerra de Gaza.
Os comentários de Ben-Gvir, durante uma visita ao complexo para marcar o dia judaico de luto pela destruição dos templos antigos, ocorrem em um momento especialmente delicado, com a guerra em Gaza correndo o risco de se transformar em um conflito mais amplo, que pode atrair o Irã e seus representantes regionais.
O complexo de Al-Aqsa, reverenciado pelos judeus como um vestígio de seus dois antigos templos, é administrado por uma fundação religiosa jordaniana e, de acordo com regras que datam de décadas atrás, os judeus têm permissão para visitá-lo, mas não podem rezar nele.
"Nossa política é permitir a oração", disse Ben-Gvir ao passar por uma fila de visitantes judeus que se prostravam no chão, enquanto outros cantavam e batiam palmas em comemoração. A Waqf, a fundação que administra o local, disse que cerca de 2.250 judeus entraram no local nesta terça-feira.
O porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas denunciou a visita de Ben-Gvir como uma "provocação" e pediu aos Estados Unidos que intervenham "se quiserem evitar que a região exploda de forma incontrolável".
O Departamento de Estado dos EUA disse que Washington está firmemente comprometido com o status quo dos acordos nos locais sagrados de Jerusalém e que qualquer ação unilateral seria inaceitável.
Ben-Gvir entrou em conflito repetidas vezes com outros ministros por causa de seus pedidos para permitir a oração no complexo, o que ajudou a desencadear repetidos conflitos com palestinos ao longo dos anos, incluindo uma guerra de 10 dias com o Hamas em 2021.
Moshe Gafni, chefe do Judaísmo Unido da Torá, um dos partidos religiosos do governo, criticou a visita de Ben-Gvir ao complexo, que muitos judeus ortodoxos acreditam ser um lugar sagrado demais para os judeus entrarem.
"O dano que isso causa ao povo judeu é insuportável, e também causa ódio infundado no dia da destruição do Templo", disse, em um comunicado.