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Por Dan Peleschuk
CHISINAU (Reuters) - Os moldavos votavam neste domingo em uma eleição parlamentar que pode ter um grande impacto na tentativa do governo de se juntar à União Europeia, já que um grupo de oposição pró-Rússia busca afastar a Moldávia de laços mais próximos com o bloco.
Se nenhum dos lados obtiver a maioria na Câmara, de 101 cadeiras, provavelmente haverá negociações políticas, perturbando ainda mais um dos países mais pobres da Europa, atingido pela guerra na vizinha Ucrânia e pela suspeita de interferência russa na política e na religião.
Enquanto a votação acontecia, um líder pró-Rússia convocou possíveis protestos pós-votação e autoridades cibernéticas relataram que a infraestrutura eleitoral havia sido atacada nos últimos dois dias.
ALERTA SOBRE INTERFERÊNCIA RUSSA
A presidente Maia Sandu considera a eleição um teste para o país de 2,4 milhões de habitantes, que também tem laços culturais e linguísticos estreitos com sua vizinha ocidental, a Romênia.
O governo reclamou de uma extensa campanha russa para influenciar a votação. Sandu, que quer que o país se junte à União Europeia até 2030, alertou sobre consequências "imediatas e perigosas" se a influência russa prevalecer.
Grupos de oposição, como o Bloco Patriótico pró-Rússia, têm explorado a inquietação dos eleitores com a turbulência econômica e o ritmo lento das reformas, queixas agravadas pelo que as autoridades dizem ser desinformação generalizada.
Dias antes da votação, autoridades eleitorais retiraram dois partidos do Bloco Patriota da cédula, em meio a alegações de financiamento ilegal.
As autoridades lançaram centenas de operações nas últimas semanas mirando o financiamento ilícito de partidos e supostas redes apoiadas pela Rússia, com o objetivo de incitar a agitação em torno da votação.
Moscou negou qualquer interferência e diz que o governo está espalhando histeria anti-Rússia para ganhar votos.
Igor Dodon, ex-presidente e líder do Bloco Patriótico, acusou o governo de Sandu neste domingo de se preparar para anular a votação, convocando apoiadores para uma manifestação em frente ao parlamento na segunda-feira. Ele não apresentou nenhuma prova.
GOVERNO BUSCA MANTER A MAIORIA
Pesquisas indicam que o Partido de Ação e Solidariedade (PAS), de Sandu, pode ter dificuldades para manter a maioria. O partido depende fortemente de eleitores motivados, inclusive entre moldavos que vivem no exterior.
"(Sandu) está fazendo o que pode com o que tem", disse Mariana Rousset, 45, que viajou da França para a capital, Chisinau, para votar.
Se perder a maioria, o partido será forçado a buscar parceiros de coalizão entre oponentes como o bloco Alternativa de centro-esquerda ou o populista Nosso Partido, caso eles passem do limite para entrar no parlamento.
MOLDAVOS DIVIDIDOS
O poder na antiga república soviética oscilou durante décadas entre grupos pró-europeus e pró-russos.
Enquanto Sandu e o PAS veem a integração europeia como foco central, muitos eleitores parecem mais ocupados com questões domésticas, cautelosos com o que laços mais estreitos com a União Europeia podem significar para a economia fortemente agrícola da Moldávia.
Viorica Burlacu, uma vendedora de frutas em Chisinau, disse que a guerra na Ucrânia mostrou que a Moldávia precisava da proteção da Europa.
"Temos medo da guerra; ninguém quer isso", disse a mulher de 46 anos. "Então, estamos buscando na Europa pelo menos alguma proteção."
Em Balti, uma cidade no norte da Moldávia, Maria Scotari, de 82 anos, ofereceu uma perspectiva diferente. Ela se lembrava da felicidade que sentia quando era uma jovem estudante na União Soviética.
"O que havia de tão ruim nisso? A vida era assim. Eu era estudante, tudo era ótimo, tudo era ótimo."
(Reportagem de Dan Peleschuk em Chisnau; reportagem adicional de Alexander Tanas em Chisnau e Alexandru Fedas em Balti)