Netanyahu e Trump sinalizam ter abandonado negociações com Hamas para cessar-fogo em Gaza

Publicado 25.07.2025, 11:36
Atualizado 25.07.2025, 14:30
© Reuters. Explosão em Gaza vista do lado israelense da fronteiran24/07/2025 REUTERS/Amir Cohen

JERUSALÉM/WASHINGTON (Reuters) - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pareceram na sexta-feira abandonar as negociações de cessar-fogo com o Hamas em Gaza, com ambos dizendo que ficou claro que os militantes palestinos não querem um acordo.

Netanyahu disse que Israel estava agora estudando opções "alternativas" para atingir os objetivos de trazer seus reféns de Gaza e acabar com o domínio do Hamas no enclave, onde a fome está se espalhando e a maioria da população está desabrigada em meio à ruína generalizada.

Trump afirmou que acredita que os líderes do Hamas serão agora "caçados", dizendo aos repórteres na Casa Branca: "O Hamas realmente não queria fazer um acordo. Acho que eles querem morrer. E isso é muito ruim. E chegou a um ponto em que se tem que terminar o trabalho."

As falas pareceram deixar pouco ou nenhum espaço, pelo menos no curto prazo, para retomar as negociações para interromper os combates, em um momento em que a preocupação internacional está aumentando com o agravamento da fome na Gaza devastada pela guerra.

O presidente francês, Emmanuel Macron, em resposta à deterioração da situação humanitária em Gaza, anunciou durante a noite que Paris se tornaria a primeira grande potência ocidental a reconhecer um Estado palestino independente.

Reino Unido e Alemanha disseram que ainda não estavam prontas para fazer isso, mas depois se juntaram à França e pediram um cessar-fogo imediato.

Trump rejeitou a iniciativa de Macron. "O que ele diz não importa", disse ele aos repórteres na Casa Branca. "Ele é uma pessoa muito boa. Gosto dele, mas essa declaração não tem peso."

Israel e Estados Unidos retiraram suas delegações na quinta-feira das negociações de cessar-fogo no Catar, horas depois que o Hamas apresentou sua resposta a uma proposta de trégua.

Fontes disseram inicialmente na quinta-feira que a retirada israelense era apenas para consultas e não significava necessariamente que as negociações haviam chegado a uma crise. Mas os comentários de Netanyahu sugeriram que a posição de Israel endureceu da noite para o dia.

O enviado dos EUA, Steve Witkoff, afirmou durante a noite que o Hamas era o culpado pelo impasse, e Netanyahu disse que Witkoff tinha acertado.

O representante sênior do Hamas Basem Naim disse no Facebook (NASDAQ:META) que as conversações foram construtivas e criticou os comentários de Witkoff, afirmando que pretendiam exercer pressão em favor de Israel.

"O que apresentamos -- com plena consciência e compreensão da complexidade da situação -- acreditamos que poderia levar a um acordo se o inimigo tivesse a vontade de chegar a um", declarou ele.

Os mediadores do Catar e do Egito disseram que houve algum progresso na última rodada de negociações. Eles disseram que as suspensões são uma parte normal do processo e que estavam comprometidos em continuar tentando chegar a um cessar-fogo em parceria com os EUA.

O cessar-fogo proposto suspenderia os combates por 60 dias, permitiria a entrada de mais ajuda em Gaza e libertaria alguns dos 50 reféns restantes mantidos por militantes em troca de prisioneiros palestinos presos em Israel.

O cessar-fogo tem sido impedido por divergências sobre até onde Israel deve retirar suas tropas e o futuro após os 60 dias, caso não se chegue a um acordo permanente.

Itamar Ben-Gvir, o ministro de segurança nacional de extrema-direita da coalizão de Netanyahu, saudou a medida de Netanyahu, pedindo a suspensão total da ajuda a Gaza e a conquista completa do enclave, acrescentando em um post no X: "Aniquilação total do Hamas, incentivo à emigração, assentamento judaico."

Organizações internacionais de ajuda humanitária afirmam que a fome em massa já chegou aos 2,2 milhões de habitantes de Gaza, com os estoques se esgotando depois que Israel cortou todos os suprimentos para o território em março, reabrindo-o em maio, mas com novas restrições.

O Exército israelense disse na sexta-feira que havia concordado em permitir que países lançassem ajuda aérea em Gaza. O Hamas descartou isso como manobra.

"A Faixa de Gaza não precisa de acrobacias aéreas, ela precisa de um corredor humanitário aberto e de um fluxo diário constante de caminhões de ajuda para salvar o que resta das vidas dos civis sitiados e famintos", disse à Reuters Ismail Al-Thawabta, diretor do escritório de mídia do governo de Gaza, administrado pelo Hamas.

(Reportagem de Maayan Lubell em Jerusalém, Steve Holland em Washington e Nidal al-Mughrabi no Cairo)

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