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Por Alexander Cornwell
JERUSALÉM (Reuters) - Uma divisão dentro da coalizão de extrema direita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu está surgindo como um ponto crítico nos esforços para acabar com a guerra em Gaza, ameaçando atrapalhar a iniciativa dos EUA de remodelar o cenário político do Oriente Médio.
Sob pressão do presidente norte-americano, Donald Trump, para encerrar a guerra de dois anos, Netanyahu está enfrentando uma reação de aliados ultranacionalistas, cuja oposição à proposta dos EUA para Gaza pode forçar o líder israelense a realizar eleições antecipadas.
Netanyahu abraçou o plano de 20 pontos de Trump para acabar com a guerra, que pede a desmilitarização de Gaza e descarta qualquer papel futuro de governo para o Hamas, embora permita que seus membros sejam poupados se renunciarem à violência e entregarem suas armas.
PERSPECTIVA DE UM HAMAS "REVIVIDO"
O Hamas também respondeu positivamente, aceitando parcialmente o plano de Trump, dizendo que estava pronto para negociar a libertação dos reféns e que faria parte de uma "estrutura nacional palestina", enquanto o futuro de Gaza fosse abordado.
Mas a ideia de que o Hamas ainda possa existir, além de estar em posição de continuar discutindo o plano de Gaza depois que os reféns forem libertados, enfureceu os parceiros da coalizão de direita de Netanyahu.
"Não podemos concordar em nenhuma circunstância com um cenário em que a organização terrorista que trouxe a maior calamidade ao Estado de Israel seja revivida", disse o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir.
"Não seremos de forma alguma parceiros nisso", disse ele em uma publicação no X após o Sabat, ameaçando deixar o governo.
Se os ministros de extrema direita acreditarem que Netanyahu fez muitas concessões para acabar com a guerra, sua coalizão -- que forma o governo mais à direita da história de Israel -- poderá entrar em colapso um ano antes da próxima eleição, que deve ser realizada até outubro de 2026.
Mas insistir em mais guerra em Gaza iria contrariar as famílias dos reféns ainda mantidos por militantes palestinos em Gaza e poderia distanciar ainda mais o público israelense cansado da guerra, bem como os aliados internacionais de Israel.
O conflito contínuo também pode extinguir as esperanças israelenses de que mais Estados árabes e muçulmanos, como Arábia Saudita ou Indonésia, possam aderir aos Acordos de Abraão, um conjunto de acordos apoiados pelos EUA que normalizaram as relações entre Israel e vários Estados árabes.
NEGOCIAÇÕES
Expandir os acordos tem sido uma prioridade para Trump, já que seu governo busca seus próprios interesses no Oriente Médio, mas Riad deixou claro que não normalizará as relações com Israel até que a guerra em Gaza termine e haja um caminho para a criação de um Estado palestino.
Trump pediu que Israel pare de bombardear Gaza para que as negociações sobre seu plano possam ser concretizadas, começando com conversas indiretas entre Israel e o Hamas no resort egípcio de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, nesta segunda-feira, para a libertação de todos os reféns restantes.
Netanyahu prevê que o plano começará com a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos. Dos 48 reféns restantes em Gaza, acredita-se que 20 estejam vivos. Uma segunda fase se concentraria no desarmamento do Hamas e na desmilitarização de Gaza.
Mas no sábado, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse que suspender os ataques em Gaza foi um "grave erro". Ele afirmou que, com o tempo, isso corroeria a posição de Israel em seus objetivos de libertar os reféns, eliminar o Hamas e realizar a desmilitarização de Gaza.
Ben-Gvir e Smotrich, cujos partidos detêm 13 das 120 cadeiras do Knesset, o parlamento israelense, há muito pressionam Netanyahu a perseguir objetivos abrangentes e aparentemente inatingíveis em Gaza. Se ambos deixassem o governo, isso provavelmente desencadearia uma eleição.
AINDA NÃO HÁ CESSAR-FOGO EM GAZA, DIZ ISRAEL
A porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, disse a repórteres no domingo que os militares interromperam o que ela disse serem certos bombardeios, mas que não havia cessar-fogo em vigor.
Os militares continuariam a agir para "fins defensivos", afirmou. Apesar do apelo de Trump para interromper os bombardeios, os ataques israelenses em Gaza no fim de semana mataram dezenas de palestinos.
Netanyahu enquadrou o plano como um esforço conjunto que promove os objetivos do governo, que incluem a rendição do Hamas e o controle de segurança israelense em Gaza e seu perímetro.
(Reportagem de Alexander Cornwell em Jerusalém, reportagem adicional de Pesha Magid e Steven Scheer)