Presidente da Geórgia busca apoio da Europa ao desafiar governo do país

Publicado 02.12.2024, 08:45
Atualizado 02.12.2024, 08:50
© Reuters. Agentes das forças de segurança disparam gás lacrimogêneo contra manifestantes em Tbilisi, capital da Geórgian02/12/2024 REUTERS/Irakli Gedenidze

Por Felix Light

TBILISI (Reuters) - A presidente da Geórgia, envolvida em um impasse com o governo de seu próprio país, fez um apelo aos países europeus nesta segunda-feira para que enfrentem o que ela descreveu como uma tentativa russa de impor controle sobre sua nação.

A presidente Salome Zourabichvili discursou após uma quarta noite de confrontos entre manifestantes e a polícia, depois que o partido governista Sonho Georgiano anunciou, na semana passada, que estava suspendendo as negociações sobre a adesão à União Europeia.

Os críticos viram isso como a confirmação de uma mudança influenciada pela Rússia, afastando-se das políticas pró-ocidentais e voltando para a órbita de Moscou, algo que o partido governista nega.

"Queremos que nosso destino europeu seja devolvido a nós", disse Zourabichvili, que protestou pessoalmente contra a polícia de choque, à rádio France Inter. "Esta é a revolta de um país inteiro."

Zourabichvili, cujos poderes são principalmente cerimoniais, disse que a Rússia, já em guerra na Ucrânia, está conduzindo uma "estratégia híbrida" contra a Geórgia e outros países, como a Moldávia e a Romênia, país que é membro da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da UE.

"Há uma necessidade muito forte de um apoio moral e político muito claro" da Europa, disse a presidente de 72 anos, que nasceu na França, filha de pais georgianos, e já foi embaixadora da França na Geórgia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou que a Rússia esteja interferindo na situação na Geórgia, que ele comparou à revolução "Maidan" de 2014 na Ucrânia, que derrubou um presidente pró-russo.

O ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, alertou no domingo que a Geórgia está "se movendo rapidamente pelo caminho ucraniano, em direção ao abismo escuro", prevendo que terminaria "muito mal".

Os Estados Unidos e a União Europeia expressaram seu alarme com o que consideram um retrocesso democrático da Geórgia, um país do sul do Cáucaso com 3,7 milhões de habitantes, que fica na interseção da Europa e da Ásia e que já fez parte da União Soviética.

O governo da Geórgia, que no início deste ano promulgou uma lei contra "agentes estrangeiros" e introduziu restrições aos direitos LGBT, diz que está agindo para proteger a Geórgia contra interferências externas e evitar que ela seja arrastada, como a Ucrânia, para uma guerra com a Rússia.

O primeiro-ministro do país, Irakli Kobakhidze, acusou a oposição de "violência coordenada" com o objetivo de derrubar a ordem constitucional.

Na noite de domingo, milhares de manifestantes se reuniram novamente na capital, Tbilisi, e alguns atiraram fogos de artifício contra a polícia, que respondeu com rajadas de canhões de água e gás lacrimogêneo.

"Estou aqui por um motivo muito simples, para defender meu futuro europeu e a democracia do meu país", disse um dos manifestantes, Nikoloz Miruashvili.

Alguns manifestantes ficaram na rua a noite toda, mas a polícia acabou encerrando o impasse, afastando-os do prédio do Parlamento.

O Ministério do Interior da Geórgia disse que 21 policiais foram feridos no protesto noturno, com 113 feridos desde o início da atual agitação.

Dezenas de manifestantes também foram feridos nos últimos dias, e os Estados Unidos condenaram o que chamaram de uso excessivo da força policial.

O ouvidor público da Geórgia disse que 124 das 156 pessoas presas em manifestações haviam reclamado do uso de violência pela polícia contra elas, chamando esse número de "muito preocupante".

© Reuters. Agentes das forças de segurança disparam gás lacrimogêneo contra manifestantes em Tbilisi, capital da Geórgia
02/12/2024 REUTERS/Irakli Gedenidze

Zurab Japaridze, líder do movimento de oposição Coalizão para a Mudança, foi brevemente detido pela polícia, mas depois postou na mídia social que havia sido libertado.

Centenas de diplomatas e funcionários públicos assinaram cartas abertas protestando contra a decisão de suspender as negociações com a UE e parar de receber fundos do bloco por quatro anos. Pelo menos quatro embaixadores da Geórgia pediram demissão.

(Reportagem de Felix Light, em Tbilisi, e Lidia Kelly, em Melbourne)

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