Por Don Durfee e Parisa Hafezi
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Israel quer arrastar o Oriente Médio para uma guerra total, levando o Irã a se juntar ao conflito de quase um ano entre Israel e o Hezbollah no Líbano, disse o presidente iraniano nesta segunda-feira, alertando para consequências "irreversíveis".
Em Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, Masoud Pezeshkian disse a um grupo de jornalistas: "Não queremos ser a causa da instabilidade no Oriente Médio, pois suas consequências seriam irreversíveis".
"Queremos viver em paz, não queremos guerra", acrescentou. "É Israel que busca criar esse conflito total."
Político relativamente moderado eleito em julho sob a promessa de uma política externa pragmática, Pezeshkian acusou a comunidade internacional de ficar em silêncio diante do que ele chamou de "genocídio de Israel" em Gaza.
O apelo de Pezeshkian para resolver o conflito no Oriente Médio por meio do diálogo ocorre após Israel desencadear uma intensa onda de ataques aéreos contra o Hezbollah nesta segunda-feira, tornando-se o dia mais mortal no Líbano em quase um ano de conflito entre Israel e o grupo, que é apoiado por Teerã.
"Defenderemos qualquer grupo que esteja defendendo seus direitos e a si mesmo", disse Pezeshkian, questionado se o Irã entrará no conflito entre Israel e o Hezbollah. Ele não deu detalhes.
Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas de cidades e vilarejos em ambos os lados da fronteira devido às trocas de tiros quase diárias entre as forças israelenses e o Hezbollah. Israel disse que prefere uma solução diplomática que fizesse com que o Hezbollah se afastasse mais da fronteira.
O Hezbollah, que também afirma querer evitar um conflito total, diz que somente o fim da guerra em Gaza acabará com os combates. As tentativas de cessar-fogo no enclave palestino esbarram em um impasse após meses de negociações vacilantes mediadas pelo Catar, Egito e Estados Unidos.
A política regional do Irã é definida pela elite da Guarda Revolucionária, que responde apenas ao líder supremo Ayatollah Ali Khamenei, a maior autoridade do país.
Pezeshkian tem afirmado repetidamente a posição anti-Israel do Irã e seu apoio aos movimentos de resistência em toda a região desde que assumiu o cargo no mês passado.
Questionado se haverá retaliação do Irã pelo assassinato do líder do grupo militante palestino Hamas, Ismail Haniyeh, em seu território no final de julho, Pezeshkian disse: "Responderemos no momento e local apropriados, de maneira apropriada".
O assassinato de Haniyeh, que tanto Teerã quanto o Hamas atribuíram a Israel, despertou o temor de um conflito direto entre Teerã e seu arqui-inimigo Israel, em uma região já abalada pela guerra de Israel em Gaza e pelo agravamento do conflito no Líbano.
Os poderosos Guardas do Irã e Khamenei prometeram vingança "severa" pelo assassinato de Haniyeh, ocorrido enquanto ele visitava Teerã. Até o momento, o Irã evitou uma retaliação direta contra Israel, que não confirmou nem negou seu envolvimento.