ANCARA (Reuters) - O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, convocou novas eleições parlamentares, afirmou seu gabinete nesta segunda-feira, uma medida amplamente esperada depois que dois meses de negociações não foram suficientes para formar um governo de coalizão dentro do prazo estipulado.
Fontes do gabinete de Erdogan disseram que ele irá se reunir com o primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, na terça-feira para pedir que ele forme um governo de conciliação provisório antes das novas eleições, a serem realizadas em 1º de novembro.
"Nosso presidente decidiu renovar as eleições para a Grande Assembleia Nacional turca baseado na autoridade dada a ele pela Constituição", segundo um comunicado do seu gabinete, após um encontro entre o presidente do Parlamento, Ismet Yilmaz, e ele.
O partido AK, fundado por Erdogan, deixou de ser maioria no Parlamento depois das eleições de 7 de junho pela primeira vez desde que chegou ao poder, em 2002. Isso se tornou um empecilho às ambições de Erdogan de estabelecer uma Presidência com poderes maiores e lançou a Turquia num momento de incerteza política como não visto desde os frágeis governos de coalizão dos anos 1990.
O AK vai se manter no poder com o governo interino e um gabinete preparado para ser dominado por políticos leais. Mas as intenções de Erdogan em alterar a Constituição vai depender se seu partido conseguirá uma ampla maioria nas novas eleições.
A incerteza política, que acontece em meio a uma campanha militar contra insurgentes do grupo Estado Islâmico na fonteira e militantes curdos dentro do próprio território turco, causou nervosismo nos investidores e fez a lira, moeda turca, recuar a níveis recordes. Muitos turcos questionam se uma nova eleição será capaz de trazer resultado diferente da anterior.
(Reportagem de Tulay Karadeniz)