Bitcoin recua e testa suporte em meio a liquidações e cautela global
Por Steve Holland e Andrew Osborn e Darya Korsunskaya
ANCHORAGE, Alasca (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, chegou ao Alasca nesta sexta-feira e cumprimentou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antes de uma cúpula que pode determinar a viabilidade de cessar-fogo na guerra mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, que não foi convidado para as conversas, e seus aliados europeus temem que Trump possa trair a Ucrânia, essencialmente congelando o conflito com a Rússia e reconhecendo -- mesmo que apenas informalmente -- o controle russo sobre um quinto do território da Ucrânia.
Trump procurou amenizar essas preocupações ao embarcar no Air Force One, dizendo que deixaria a Ucrânia decidir sobre qualquer possível troca de território.
"Não estou aqui para negociar pela Ucrânia, estou aqui para colocá-los em uma mesa", disse.
Questionado sobre o que tornaria a reunião um sucesso, o presidente norte-americano disse a jornalistas que quer "ver um cessar-fogo rapidamente".
"Não ficarei feliz se não for hoje... Quero que a matança pare."
A expectativa era que Trump cumprimente formalmente Putin antes de os dois presidentes se reunirem em uma base da Força Aérea na maior cidade do Alasca, por volta das 11h (horário local), para suas primeiras conversas cara a cara desde que Trump retornou à Casa Branca.
Trump será acompanhado na reunião com Putin pelo secretário de Estado Marco Rubio e pelo enviado especial de Trump à Rússia, Steve Witkoff, disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. Putin também deverá ter assessores seniores ao seu lado.
Na reunião bilateral maior que se seguirá, o secretário do Tesouro Scott Bessent, o secretário de Comércio Howard Lutnick, o secretário de Defesa Pete Hegseth e a chefe de gabinete Susie Wiles também se juntarão a Trump, disse Leavitt.
Trump espera que uma trégua na guerra de 3 anos e meio traga paz à região, além de reforçar suas credenciais como pacificador global digno do Prêmio Nobel da Paz.
Para Putin, a cúpula já é uma grande vitória que ele pode retratar como prova de que anos de tentativas ocidentais de isolar a Rússia foram em vão e que Moscou está retomando seu lugar de direito na mesa principal da diplomacia internacional.
O enviado especial russo Kirill Dmitriev descreveu o clima pré-cúpula como "combativo" e disse que os dois líderes devem discutir não apenas a Ucrânia, mas todo o espectro das relações bilaterais, informou a agência de notícias russa RIA.
Trump, que certa vez disse que acabaria com a guerra da Rússia na Ucrânia em 24 horas, admitiu na quinta-feira que a tarefa havia se mostrado mais difícil do que ele esperava. Ele disse que se as conversações desta sexta-feira corressem bem, organizar rapidamente uma segunda cúpula de três vias com Zelenskiy seria ainda mais importante do que seu encontro com Putin.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que uma cúpula tripartite é possível se as conversas no Alasca gerarem resultado, informou a agência de notícias Interfax. Peskov também estimou que as conversações desta sexta-feira poderiam durar de seis a sete horas.
Zelenskiy defendeu que a cúpula deveria abrir caminho para uma "paz justa" e para conversas em três vias que o incluam, mas acrescentou que a Rússia continuava a fazer guerra.
"É hora de acabar com a guerra, e as medidas necessárias devem ser tomadas pela Rússia. Estamos contando com os Estados Unidos", escreveu Zelenskiy no aplicativo de mensagens Telegram.
"CARA INTELIGENTE"
Trump disse que há respeito mútuo entre ele e Putin.
"Ele é um cara inteligente, vem fazendo isso há muito tempo, mas eu também... Nós nos damos bem, há um bom nível de respeito de ambos os lados", disse Trump sobre Putin. O norte-americano também elogiou a decisão do russo de levar empresários para o Alasca.
"Mas eles não farão negócios até que a guerra seja resolvida", disse, repetindo a ameaça de consequências "economicamente severas" para a Rússia caso a cúpula não dê certo.
Os EUA discutiram internamente o uso de embarcações quebra-gelo russas movidas a energia nuclear para apoiar o desenvolvimento de projetos de gás e GNL no Alasca como um dos possíveis acordos a serem buscados, informou a Reuters.
Uma fonte familiarizada com o pensamento do Kremlin disse haver sinais de que Moscou poderia estar pronta para um acordo sobre a Ucrânia, uma vez que Putin entendeu a vulnerabilidade econômica da Rússia e os custos de seguir com a guerra.
A Reuters relatou anteriormente que Putin pode estar disposto a congelar o conflito ao longo das linhas de frente, desde que haja um compromisso legalmente vinculativo de não ampliar a Otan para o leste e de suspender algumas sanções ocidentais. A Otan declarou que o futuro da Ucrânia está na aliança.
A Rússia, cuja economia de guerra demonstra tensão, é vulnerável a novas sanções dos EUA -- e Trump ameaçou com tarifas sobre os compradores de petróleo bruto russo, principalmente a China e a Índia.
"Para Putin, os problemas econômicos são secundários em relação aos objetivos, mas ele entende nossa vulnerabilidade e nossos custos", disse a fonte russa.
Nesta semana, Putin manteve a perspectiva de outra coisa que ele sabe ser da vontade de Trump -- um novo acordo de controle de armas nucleares para substituir o último, que deve expirar em fevereiro.
TERRENO COMUM?
A fonte familiarizada com o pensamento do Kremlin avaliou que há indícios de que os dois lados tenham conseguido encontrar um terreno comum.
"Aparentemente, alguns termos serão acordados... porque Trump não pode ser recusado, e nós não estamos em posição de recusar (devido à pressão das sanções)", disse a fonte, que falou sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.
Putin disse estar aberto a um cessar-fogo total, mas as questões de verificação devem ser resolvidas primeiro. Um compromisso poderia ser uma trégua na guerra aérea.
Zelenskiy descartou a possibilidade de entregar formalmente a Moscou qualquer território e também busca uma garantia de segurança apoiada pelos Estados Unidos.
(Reportagem de Andrew Osborn e Darya Korsunskaya em Moscou)