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Republicanos chamam Kamala de "czar da fronteira" fracassado, mas realidade é mais complexa

Publicado 30.07.2024, 14:07
© Reuters. Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, conversa com Gloria Chavez, chefe de patrulha em El Paso, no Texas, em junho de 2021n25/06/2021nREUTERS/Evelyn Hockstein
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Por Ted Hesson e Mica Rosenberg e Kristina Cooke

WASHINGTON - A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, encarregada de lidar com as causas da migração da América Central à medida que as travessias ilegais de fronteira aumentavam em 2021, deparou-se com a enormidade da missão.

A região está cheia de funcionários governamentais corruptos, e os fatores que motivam a migração estão profundamente enraizados na desigualdade econômica e em questões sociais. Além disso, ela não controlava a fronteira.

"Ela recebeu um cargo muito difícil, complexo e complicado", disse o senador americano Chris Murphy, democrata do Comitê de Relações Exteriores e arquiteto de um projeto de lei bipartidário de segurança de fronteira apresentado no início deste ano.

Em comícios de campanha e postagens nas redes sociais, o candidato presidencial republicano Donald Trump intensificou seus ataques a Kamala como uma "czar da fronteira" fracassada, especialmente agora que ela surgiu como a provável indicada democrata depois que o presidente Joe Biden encerrou sua campanha para reeleição.

Apesar dos esforços de Kamala, cerca de 7 milhões de migrantes foram presos cruzando ilegalmente a fronteira entre EUA e México sob o governo Biden, de acordo com dados do governo -- números recordes que alimentaram as críticas republicanas.

A realidade do histórico de Kamala em relação à migração é muito mais complicada, de acordo com entrevistas com três atuais autoridades de Biden, 13 ex-autoridades e outras pessoas que acompanham a questão.

Primeiro, Kamala nunca recebeu o cargo de "czar da fronteira", disse Alan Bersin, que foi representante especial para assuntos de fronteira sob os presidentes Barack Obama e Bill Clinton. "Este não era o trabalho atribuído à vice-presidente Harris", afirmou.

Em vez disso, Biden pediu a Kamala que liderasse esforços diplomáticos para reduzir a pobreza, a violência e a corrupção nos países do Triângulo Norte da América Central, como Guatemala, Honduras e El Salvador, além de se envolver com o México nessa questão.

O trabalho era semelhante ao que Biden teve quando era vice-presidente.

Mas essa era uma missão muito ampla, disse Murphy.

"É difícil, em um curto período de tempo, elaborar uma estratégia que tenha impacto na tomada de decisões psicológicas muito reais e complicadas, pelas quais as pessoas nesses países passam quando decidem vir para os Estados Unidos", disse Murphy em entrevista por telefone.

Poucos meses após Kamala assumir o cargo, o foco nos três países da América Central estava fora de sintonia com a realidade na fronteira -- onde a imigração ilegal de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela estava aumentando, disseram vários ex-funcionários e especialistas externos.

"Ela começou, de certa forma, em desvantagem, porque todos estavam se concentrando naqueles três países no Triângulo Norte", disse Roberta Jacobson, que atuou como coordenadora da fronteira EUA-México nos primeiros meses do governo Biden. "Enquanto isso, a população migrante estava mudando drasticamente."

Kamala continuou a liderar o esforço na América Central, embora tenha se concentrado neste ano cada vez mais nos direitos ao aborto. Esta era uma das principais questões democratas desde que uma decisão da Suprema Corte dos EUA em 2022 anulou o direito nacional ao aborto.

A Casa Branca disse em março que Kamala ajudou a planejar 4 bilhões de dólares em ajuda governamental, além de compromissos de 5,2 bilhões de dólares em investimentos privados, para criar ou sustentar cerca de 250.000 empregos na Guatemala, em Honduras e em El Salvador.

A Nespresso começou a comprar café de El Salvador e Honduras em 2021. Já a Gap Inc (NYSE:GPS). disse que está a caminho de cumprir a promessa de investir 150 milhões de dólares até 2025 para comprar têxteis na região. A companhia afirmou ainda que aumentou a produção de fios na Guatemala e forneceu treinamento de habilidades para mulheres guatemaltecas e hondurenhas.

Ricardo Barrientos, diretor do think tank do Instituto Centro-Americano de Estudos Fiscais, disse que a ajuda norte-americana e o investimento do setor privado eram uma fração das remessas que os migrantes dos três países que trabalham nos EUA enviam para casa a cada ano -- 37 bilhões de dólares somente em 2023.

"É muito pequeno comparado à magnitude do desafio", disse ele. "Ou alguns diriam, 'muito pouco, muito tarde'."

O número de migrantes do Triângulo Norte pegos cruzando ilegalmente a fronteira caiu de um pico de 90.000 em julho de 2021 para 25.000 em maio -- embora especialistas digam que o impacto dos esforços de Kamala ainda não está claro.

'CZAR DA FRONTEIRA'

Kamala fez duas viagens à América Central: Guatemala em junho de 2021 e Honduras em janeiro de 2022. Foi uma a menos que Biden, que fez três viagens à Guatemala depois de receber uma função semelhante em 2014.

Enquanto isso, os republicanos começaram a ligar Kamala ao aumento de travessias ilegais e a convocaram para visitar a fronteira. Ela fez sua primeira e única visita às operações de fronteira dos EUA em El Paso, Texas, em junho de 2021.

"A realidade é que temos que lidar com as causas e temos que lidar com os efeitos", disse ela aos repórteres no aeroporto.

Durante a visita de seis horas, Kamala foi a um centro de processamento de migrantes e falou com um grupo de meninas, disse seu gabinete na época. Mas ela não visitou o muro da fronteira a pé, de acordo com os relatórios, o que os oficiais de Trump faziam rotineiramente.

Raul Ortiz, chefe da Patrulha da Fronteira de 2021 a 2023, disse que nunca falou com Biden ou Kamala, embora tenha se encontrado com Trump e o então vice-presidente Mike Pence mais de uma vez, apesar de ocupar um cargo inferior durante aquele governo.

© Reuters. Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, conversa com Gloria Chavez, chefe de patrulha em El Paso, no Texas, em junho de 2021
25/06/2021
REUTERS/Evelyn Hockstein

"Eu gostaria de ter tido a oportunidade de discutir algumas das questões e algumas das mudanças recomendadas que acho que deveríamos ter implementado", disse Ortiz.

A Casa Branca disse em março que Ortiz havia sido convidado para se juntar a Biden em El Paso no ano passado e não compareceu. Ortiz contestou, dizendo que não foi convidado.

(Reportagem de Ted Hesson em Washington, Mica Rosenberg em Nova York e Kristina Cooke; reportagem adicional de Trevor Hunnicutt em Washington, Diego Ore na Cidade do México e Sofia Menchu na Cidade da Guatemala)

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