MOSCOU (Reuters) - A Rússia disse nesta terça-feira que os Estados Unidos estão sendo hipócritas ao se oporem à investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre Israel, mas apoiarem o mandado do tribunal para a prisão do presidente Vladimir Putin.
O TPI - que pode acusar indivíduos de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio - está investigando o ataque transfronteiriço do Hamas em 7 de outubro e o devastador ataque militar de Israel à Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, agora em seu sétimo mês.
A porta-voz da Casa Branca Karine Jean-Pierre disse na segunda-feira que os Estados Unidos não apoiam a investigação do TPI sobre Israel e não acreditam que o tribunal tenha jurisdição.
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou no ano passado que a decisão do TPI de emitir um mandado de prisão para Putin era justificada. Os Estados Unidos compartilharam detalhes dos supostos crimes de guerra russos na Ucrânia com o TPI.
A Rússia diz que o mandado contra Putin é uma tentativa sem sentido do Ocidente de manchar a reputação da Rússia e nega crimes de guerra na Ucrânia. A Ucrânia diz que a Rússia cometeu crimes de guerra. A Rússia afirma que o Ocidente ignorou os crimes da Ucrânia, uma acusação negada por Kiev.
"Washington apoiou totalmente, se não estimulou, a emissão de mandados do TPI contra a liderança russa", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em uma postagem no Telegram.
Mas "o sistema político americano não reconhece a legitimidade dessa estrutura em relação a si mesmo e a seus satélites", disse Zakharova, acrescentando que tal posição era intelectualmente "absurda".
O Kremlin considerou a emissão do mandado contra Putin ultrajante e juridicamente nula, já que a Rússia não é signatária do tratado que criou o TPI.
Israel não é membro do TPI, enquanto os territórios palestinos foram admitidos como Estado membro em 2015.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na sexta-feira que qualquer decisão do TPI não afetaria as ações de Israel, mas abriria um precedente perigoso.
(Reportagem da Reuters)