"Nós sabíamos de tudo", diz Trump à Reuters sobre ataques de Israel ao Irã

Publicado 13.06.2025, 13:46
Atualizado 13.06.2025, 20:10
© Reuters. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trumpn12/06/2025nREUTERS/Nathan Howard

Por Steve Holland

WASHINGTON (Reuters) - Depois de meses pedindo a Israel que não atacasse o Irã enquanto trabalhava para chegar a um acordo nuclear, o presidente Donald Trump disse à Reuters em uma entrevista por telefone nesta sexta-feira que ele e sua equipe sabiam que os ataques estavam chegando -- e ainda viam espaço para um acordo.

"Nós sabíamos de tudo, e eu tentei salvar o Irã da humilhação e da morte. Tentei salvá-los com muito afinco, pois adoraria que um acordo tivesse sido fechado", disse Trump.

"Eles ainda podem chegar a um acordo, no entanto. Não é tarde demais", acrescentou.

Trump pressionou repetidamente o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a adiar um ataque israelense para dar mais tempo à diplomacia, embora o próprio presidente tenha ameaçado bombardear a nação do Golfo se as negociações nucleares fracassassem.

A mudança de posição de Trump em relação aos ataques israelenses, que ele chamou de "excelentes" e "muito bem-sucedidos" em uma série de entrevistas à mídia nesta sexta-feira, ofereceu um dos exemplos mais marcantes de como ele conduz negociações de alto risco por meio de uma retórica pública franca e manobras nos bastidores.

O presidente dos Estados Unidos ofereceu apoio à decisão de Israel de lançar uma série de ataques devastadores ao Irã, demonstrando disposição para adotar o uso da força militar para impedir o programa nuclear de Teerã. Em contrapartida, alguns aliados enfatizaram a necessidade de contenção.

Questionado se os EUA apoiariam Israel diante dos contra-ataques iranianos, Trump garantiu que apoia Israel. Ele disse não estar preocupado com o surgimento de uma guerra regional como resultado dos ataques de Israel, mas não entrou em detalhes.

"Temos sido muito próximos de Israel. Somos, de longe, seu aliado número um", disse Trump à Reuters, acrescentando: "Veremos o que acontece".

Mais tarde, nesta sexta-feira, duas autoridades norte-americanas disseram que os militares dos EUA ajudaram a derrubar mísseis iranianos em direção a Israel.

INCERTEZA

Resta incerto se a tentativa de Trump de chegar a um acordo com o Irã para interromper o enriquecimento de urânio ainda é viável, com uma sexta rodada de negociações prevista para domingo em Omã, agora em dúvida após os ataques.

Nas conversas com o Irã, Trump tentou persuadi-los a desistir do enriquecimento de urânio e aguardava uma contraproposta de Teerã, que se recusou a desistir do enriquecimento, aparentemente deixando pouco espaço para um acordo.

"Eles querem o enriquecimento. Não podemos ter enriquecimento", disse Trump a jornalistas na segunda-feira.

Com o passar da semana, Trump pareceu cada vez mais resignado com a perspectiva de que Israel atacaria e deu a entender que sabia mais do que estava disposto a falar publicamente.

"Não quero dizer que é iminente, mas parece que é algo que pode muito bem acontecer. Veja, é muito simples, nada complicado. O Irã não pode ter uma arma nuclear. Fora isso, quero que eles sejam bem-sucedidos", disse ele a repórteres na quinta-feira, antes do início das incursões.

Em entrevista à Reuters nesta sexta-feira, Trump disse que havia dado aos iranianos 60 dias para chegarem a um acordo e que o prazo havia expirado sem nenhum acordo.

"Sabíamos de quase tudo", disse ele. "Sabíamos o suficiente para dar ao Irã 60 dias para fazer um acordo e hoje são 61, certo? Então, você sabe, nós sabíamos de tudo."

Segundo Trump, não está claro se o Irã ainda tem um programa nuclear após os ataques israelenses ao país.

"Ninguém sabe. Foi um ataque muito devastador", disse Trump.

Israel disse que tinha como alvo instalações nucleares do Irã, fábricas de mísseis balísticos e comandantes militares no início do que advertiu que seria uma operação prolongada para impedir Teerã de construir uma arma atômica.

O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, estava programado para se reunir com uma delegação iraniana em Omã.

"Elas não estão mortas", disse Trump sobre as negociações entre os EUA e o Irã. "Temos uma reunião com eles no domingo. Não tenho certeza se essa reunião será realizada, mas temos uma reunião com eles no domingo."

O presidente reuniu seus principais assessores de Segurança Nacional em Camp David na noite de domingo para o que disse serem discussões que incluíam o Irã. Ele conversou com Netanyahu na segunda-feira sobre o Irã.

Um funcionário da Casa Branca afirmou que Trump teve uma nova conversa com Netanyahu nesta sexta-feira. Trump também conversou sobre os ataques com seu Conselho de Segurança Nacional na Sala de Crise da Casa Branca. Nenhum detalhe das discussões estava imediatamente disponível.

(Reportagem de Steve Holland)

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