WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, xingou nesta terça-feira a ex-assessora da Casa Branca Omarosa Manigault Newman, chamando-a de "cachorro" enquanto a ex-estrela de reality show continua a divulgar publicamente gravações que fez quando vivia na órbita de Trump.
A disputa crescente foi atiçada pelo lançamento de um livro de revelações, "Unhinged" da ex-participante do programa "O Aprendiz" de Trump, no qual descreve o ano que passou na Casa Branca até ser demitida em dezembro.
Omarosa foi uma das apoiadoras negras mais destacadas do presidente republicano.
Nos últimos dias ela divulgou um áudio de sua demissão, efetuada pelo chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, e de um telefonema de Trump no qual ele disse não estar sabendo de sua dispensa.
Nesta terça-feira a rede CBS News divulgou outra gravação que disse não ter sido verificada, mas que parece mostrar Omarosa e vários assessores de campanha de Trump em outubro de 2016 debatendo a possível repercussão de uma fita na qual Trump usa uma expressão racista durante uma gravação de "O Aprendiz".
A CBS Corp (NYSE:CBS), proprietária da CBS News, também é dona da Simon and Schuster, que publicou o livro. A CBS disse que o livro também descreve a conversa.
Na segunda-feira Trump negou a existência de tal fita citando o ex-produtor do programa, Mark Burnett. Alguns dos assessores presentes na fita mais recente também negaram a conversa.
A Reuters não conseguiu verificar nenhuma das gravações, e não foi possível encontrar Burnett de imediato para obter comentários.
Ainda nesta terça-feira, no Twitter, Trump escreveu: "Quando você dá uma oportunidade a uma coitada enlouquecida e chorosa, e lhe dá um emprego na Casa Branca, acho que simplesmente não funciona. Bom trabalho do general Kelly por demitir rapidamente aquela cachorro!"
Críticos repreenderam Trump pelo que disseram ser insinuações raciais e sexistas.
"O presidente dos Estados Unidos está chamando uma mulher de cor de cachorro?... Como ele ousa chamar qualquer pessoa de cachorro?", questionou a deputada democrata Frederica Wilson, que também é afro-norte-americana, na CNN.
Indagada se a linguagem de Trump foi adequada, a conselheira sênior da Casa Branca, Kellyanne Conway, não respondeu diretamente, mas disse à rede Fox News que nunca ouviu Trump "lançar uma ofensa racial contra ninguém".
Omarosa tem minimizado preocupações legais sobre a gravação de conversas. Na segunda-feira, ela disse à MSNBC que, se solicitada, entregaria suas gravações ao gabinete especial que investiga a suposta interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 e possíveis conluios da campanha de Trump.
A Rússia tem negado qualquer interferência e Trump repetidamente classificou essa investigação como uma caça às bruxas.
Mais tarde nesta terça-feira, a ABC News informou, citando um representante de Trump, que a equipe de campanha do presidente entrou com uma ação contra Omarosa por supostamente violar um acordo de confidencialidade.
(Por Susan Heavey e Mohammad Zargham)