Por Daren Butler e Orhan Coskun
ISTAMBUL/ANCARA (Reuters) - A Turquia ordenou a prisão de outros 47 jornalistas nesta quarta-feira, parte uma ampla operação de repressão contra suspeitos de apoiarem o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, o qual é acusado por Ancara de arquitetar um fracassado golpe de militar no país.
A Turquia suspendeu, prendeu ou colocou sob investigação mais de 60 mil soldados, juízes, professores, jornalistas e outros suspeitos de laços com o movimento de Gulen desde a tentativa de golpe em 15 e 16 de julho, feita por uma facção dentro das forças militares. Gulen atualmente vive nos Estados Unidos.
O Exército da Turquia informou, nesta quarta-feira, que o número de soldados que pertencem à rede de Gulen que participaram na tentativa de golpe é de 8.651, cerca de 1,5 por cento das Forças Armadas, informou a emissora NTV.
Gulen negou qualquer envolvimento no golpe fracassado.
O regulador de mercados de capitais da Turquia informou ter revogado a licença do chefe de pesquisa da corretora AK Investment e pediu que ele fosse alvo de investigação por causa de um relatório escrito a investidores analisando o golpe de 15 de julho.
Governos ocidentais e grupos de direitos humanos, embora tenham condenado o golpe, que resulto na morte de 246 pessoas e deixou mais de 2.000 feridos, expressaram preocupação sobre a extensão da repressão do governo, sugerindo que o presidente Tayyip Erdogan pode estar usando o episódio para alimentar a discórdia e aumentar seu próprio poder.
A detenção de jornalistas ordenada na quarta-feira envolveu colunistas e outros funcionários do agora extinto jornal Zaman, disse uma fonte do governo. Autoridades, em março, fecharam o Zaman, amplamente visto como uma organização de mídia favorável ao movimento de Gulen.
“Os promotores não estão interessados no que colunistas individuais escreveram ou disseram”, disse a fonte, que pediu por anonimato. “Neste ponto, a motivação é que funcionários proeminentes do Zaman provavelmente possuem conhecimento íntimo da rede de Gulen e, assim, podem beneficiar a investigação.”
Na segunda-feira, a imprensa relatou a expedição de mandados de prisão para 42 outros jornalistas, 16 dos quais já foram levados sob custódia.
(Reportagem adicional de Ercan Gurses em Ancara e Ayla Jean Yackley e Nick Tattersall em Istambul)