As commodities agrícolas, ações e produtos negociados em bolsa registraram retornos significativos nos últimos anos, devido a uma variedade de fatores macroeconômicos que favoreceram bastante o setor.
Desde que as economias começaram a se reabrir, a inflação, os problemas na cadeia de fornecimento e a alta demanda por combustíveis, como o etanol, impulsionaram os preços das matérias-primas do campo. A título de exemplo, o índice agrícola amplo S&P Agriculture subiu mais de 28% no período.
Mas, justamente quando os analistas começavam a enxergar uma luz no fim do túnel, com alguns indicadores macroeconômicos aparentemente atingindo o pico, a invasão da Rússia na Ucrânia criou um conjunto totalmente novo de pressões altistas nos preços agrícolas.
Como destaca um relatório recente da Gro Intelligence:
“A Rússia e a Ucrânia produzem 14% do trigo mundial e são responsáveis por 29% das suas exportações. Ambos os países também contribuem com 17% das exportações mundiais de milho”.
A S&P Global também aponta que a tensão militar deve:
“manter os preços das commodities, como azeite de girassol, milho e trigo, elevados no curto prazo”.
Cobrimos recentemente alguns fundos que podem interessar aos leitores no atual ambiente geopolítico. No artigo de hoje, apresentamos dois outros produtos.
1. iShares MSCI Global Agriculture Producers
- Preço atual (USD): 42,49
- Média de 52 semanas: 37,43-43,88
- Retorno do dividendo (Yield): 1,38%
- Taxa de administração: 0,39% por ano
Nossa primeira opção é um fundo negociado em bolsa (ETF), o iShares MSCI Global Agriculture Producers (NYSE:VEGI). Ele fornece acesso a empresas globais que produzem químicos, fertilizantes, maquinário e produtos embalados para o mercado agrícola. O fundo foi listado em janeiro de 2012.
O VEGI, que possui 148 participações, rastreia o índice setorial MSCI ACWI Select Agriculture Producers Investable Market. Suas 10 principais participações respondem por cerca de 57% do seu patrimônio de US$89,8 milhões.
Em termos subsetoriais, temos materiais (36,35%), produtos básicos de consumo (34,38%) e indústria (28,83%). Cerca de metade das empresas investidas são dos EUA. Em seguida temos Canadá, Noruega, Japão, Índia, Itália, China, Arábia Saudita, Israel, Malásia, entre outros países.
Entre os destaques da sua carteira estão: a fabricante de equipamentos pesados Deere & Company (NYSE:DE) (SA:DEEC34); a produtora líder canadense de potássio Nutrien (NYSE:NTR); a processadora de alimentos e commodities Archer-Daniels-Midland (NYSE:ADM); Corteva (NYSE:CTVA), que fornece soluções de defensivos agrícolas; e a fabricante japonesa de máquinas de agricultura e construção Kubota (DE:B5AG) (OTC:KUBTY).
Nos últimos 12 meses, o VEGI entregou um retorno de 10,2% e tocou sua máxima recorde nos últimos dias. O ETF já subiu mais de 3,9% em 2022.
Os múltiplos de preço-lucro e preço-valor contábil são de 16,44x e 2,40x. Os leitores interessados que acreditam que os mercados agrícolas ainda não precificaram totalmente as implicações negativas do atual conflito militar podem considerar uma compra do VEGI em março.
2. ELEMENTS Linked to the Rogers International Commodity Index - Agriculture Total Return
- Preço atual (USD): 9,940
- Média de 52 semanas: 6,74-10,37
- Taxa de administração: 0,75% por ano
O ELEMENTS Linked to the Rogers International Commodity Index - Agriculture Total Return (NYSE:RJA) é uma nota negociada em bolsa (ETN), ou obrigação de dívida sem garantia. Ela fornece exposição a commodities agrícolas. Suas cotas começaram a ser negociadas em outubro de 2007, e seu patrimônio é de US$183,5 milhões.
A ETN possui 19 participações e rastreia os retornos do índice Rogers International Commodity, que é um subíndice do RICI, the Rogers International Commodity Index®—Total ReturnSM. O índice RICI foi lançado em julho de 1998 por James Rogers, um renomado trader de commodities.
Cerca de metade do RJA está alocado em quatro commodities: milho (13,60%), trigo (13,60%), algodão (12,03%) e soja (10,03%). Em seguida vem café, boi gordo e óleo de soja, com um peso de 5,73% cada um, além de outras commodities agrícolas, como canola, açúcar, arroz, suco de laranja e leite.
Desde o início do ano, o RJA já entregou um retorno de mais de 14,9%. Os leitores que gostariam de ter uma exposição direta a commodities (em vez de investir em empresas do setor) podem querer manter o RJA em seus radares.
Os eventos geopolíticos devem afetar o desempenho das commodities no RJA. Por isso, pode acabar se tornando uma ferramenta tática de negociação. Por fim, devemos lembrar aos leitores que todos os ETNs estão sujeitos ao risco de crédito e, por isso, merecem uma avaliação mais aprofundada.