Conforme a reunião de 2 de junho da OPEP se aproxima, a grande pergunta que os observadores do petróleo estão fazendo é: A OPEP ainda importa? A reposta, embora não popular, é: Sim, a OPEP importa. Aqui está o motivo:
1) A OPEP ainda é um cartel, mesmo se não estiver agindo como tal neste momento
O cartel OPEP geralmente opera por meio da definição das cotas de produção de petróleo para cada membro a taxas que são criadas para manter os preços em um determinado nível. Só porque a OPEP escolheu agora não impor cotas não significa que a organização não pode - ou não vai - mudar no futuro. Na verdade, a OPEP privou-se de usar seu poder nas últimas ocasiões. A organização foi formada em 1960, mas não utilizou o poder considerável que tem sobre os recursos de petróleo para forçar o aumento dos preços por treze anos. Fundamentalmente, o cartel ainda controla 81% (link em inglês) das recursos mundiais de petróleo; portanto, quando os membros mais poderosos da OPEP (atualmente a Arábia Saudita) finalmente decidirem reduzir a produção de petróleo, outras nações menos poderosas membros da OPEP estarão dispostas e àvidas a cumprir com a decisão.
2) As nações mais fracas da OPEP não podem abandonar o cartel
Nações da OPEP que são economicamente mais fracas e ineficientes precisam de preços altos mais do que as nações mais fortes da OPEP. Os países fracos da OPEP não têm reservas monetárias e, em muitos casos, não conseguem acompanhar a produção ilimitada de petróleo. A Venezuela, por exemplo, é um produtor fraco embora esteja localizada sobre as maiores reservas de petróleo bruto do planeta. A calamidade econômica causada por preços de petróleo baixos até fizeram a produção (link em inglês) da nação cair. A Venezuela opõe-se veemente à política de produção “vale-tudo”, mas carece de influência econômica para lutar contra tal política. A fraqueza e o desespero impossibilitam que a Venezuela abandone o cartel OPEP. A Venezuela (jutamente com Algéria, Nigéria, Líbia, Equador e Irã) podem odiar a atual política da OPEP, mas não têm outra opção. O país precisa esperar que a OPEP mude sua política, porque seu poder de produção não significa nada sem o poder da Arábia Saudita no mercado mundial.
3) Já houve desacordos piores
Historicamente, a OPEP experimenta diversas disputas relacionadas aos níveis de produção de petróleo e aos preços da commodity. Para o mundo, a OPEP parecia unida em sua decisão de reduzir unilateralmente a produção de petróleo e elevar os preços de 1973 até 1979, mas as nações da OPEP, na verdade, travaram intensas lutas relacionadas a esses assuntos. Em 1975, a Arábia Saudita queria baixar os preços levemente, ao passo que o Irã elevou os preços em 35%. Durante a reunião, a Arábia Saudita pressionou as outras nações para que elas não apoiassem o Irã. Os sauditas ameaçaram utilizar sua capacidade de produção para baixar os preços do petróleo sozinhos. No final, a OPEP se comprometeu com um aumento de preço de 10%. Historicamente, a Arábia Saudita e o Irã estão em frequente desacordo. Ainda assim, esses desacordos nunca dividiram o cartel e não vão acabar com ele agora, porque a OPEP é mais poderosa junta do que suas nações conseguiriam ser sozinhas.
Talvez a melhor indicação de que a OPEP ainda importa é que qualquer pessoa que siga o mercado do petróleo e os preços da commodity estará de olho na quarta-feira, mesmo que as pessoas acreditem que a OPEP vá manter o status quo. Quando (ou se) a OPEP anunciar sua intenção de manter os níveis de produção sem cotas, os preços serão impactados.
É importante lembrar que a OPEP e suas políticas são a causa primária das maciças flutuações de preço no petróleo vistas nos últimos anos. A OPEP foi o motivo pelo qual vimos US$ 100 por barril em 2014, e a OPEP é o motivo pelo qual o petróleo foi valorizado a um terço desse preço em 2015. O que todos nós estamos procurando é o nível em que o petróleo será precificado pelo resto de 2016.