- Nesta e na próxima semana, os investidores analisarão números de produção de petróleo nos EUA que foram influenciados pela nevasca que prejudicou a extração no Texas na semana passada.
- Na próxima semana, o mercado ficará atento a notícias da Opep+, que está tentando se ajustar à alta de preços sem amedrontar os investidores.
- A partir da próxima semana, os preços mais altos do petróleo servirão de incentivo para o aumento da oferta.
1. Dados de produção nos EUA e problemas de extração no Texas
Apesar do fim da crise climática no Texas, os investidores devem ficar atentos aos números incomuns de produção de petróleo e gasolina que serão apresentados nos relatórios da EIA, agência de informações energéticas dos EUA, nas próximas semanas. Os dados de consumo de gasolina nos EUA também parecerão extremamente baixos para a semana passada, já que o Texas é o maior estado consumidor desse combustível no país. Os moradores texanos viajaram pouco na semana passada devido às condições climáticas adversas.
Os preços do petróleo continuaram em alta nesta semana. Tanto o Brent quanto o WTI registravam novas máximas a US$66 e US$ 63 por barril, respectivamente, até o meio-dia de quarta-feira. Parte dessa alta se deve ao duradouro impacto da nevasca na produção de petróleo do Texas, mas também houve retiradas significativas nos estoques americanos de petróleo bruto e gasolina.
Depois de atingir o pico em junho do ano passado, os estoques tiveram uma queda de cerca de 195 milhões de barris, praticamente eliminando os acúmulos registrados durante a primavera e verão locais em 2020.
2. Reunião da Opep+ em 4 de março
Tudo leva a crer que o mercado terá uma restrição de oferta até meados do ano. A Opep+ se reunirá no dia 4 de março e, sem dúvida, levará isso em consideração quando decidir sobre um eventual aumento nas cotas de produção de petróleo a partir de 1 de abril.
Neste momento, a Opep+ retira do mercado cerca de 7 milhões de barris por dia (mbpd). De acordo com a Reuters, os produtores do cartel podem elevar a produção petrolífera em 500.000 bpd em sua reunião da próxima semana. Entretanto, não há garantia de consenso. É bastante provável que a Rússia pressione por um aumento de produção e a Arábia Saudita peça cautela.
Além do aumento geral da produção da Opep+, a Arábia Saudita pretende elevar suas extrações ao nível previsto antes do corte “extra” de 1 mbpd em fevereiro e março. Isso deve ocorrer em abril.
Há rumores de que a Arábia Saudita possa elevar sua produção antes disso, mas o reino garantiu recentemente ao mercado que manterá seu compromisso de retirar petróleo do mercado até aquele mês.
A expectativa é que se estabeleçam metas de produção apenas para abril na próxima reunião da Opep+, mas os investidores não devem perder de vista a possibilidade de o cartel elaborar um plano para implementar aumentos graduais de produção de abril a junho.
A Opep+ também pode aventar a possibilidade de incluir o Irã em suas cotas de produção em breve. Embora o governo Biden ainda não tenha relaxado as sanções ao petróleo do país persa, há indicações de que isso pode acontecer nos próximos meses. De acordo com o portal TankerTrackers.com, o Irã exportou 1,49 mbpd em janeiro, mas o país tem capacidade de aumentar esse volume caso as sanções sejam relaxadas.
3. Perspectivas de produção de shale oil
Desde que os preços do petróleo começaram a cair em 2014, muito se tem discutido sobre qual é a cotação necessária para que os produtores de shale operem com margem de lucro. Em 2016, a maioria dos projetos afirmou que precisa do petróleo no nível de US$ 50 a US$ 60 por barril para serem comercialmente viáveis. Em 2020, metade dos poços de shale diziam ser lucrativos a US$ 40 por barril.
Agora que o WTI voltou a ultrapassar US$ 60 por barril, será que as empresas que produzem nas regiões de xisto aumentarão suas extrações? De acordo com a EUA, a produção norte-americana se mantém estável em torno de 11 mbpd, em comparação com a máxima de 13 mbpd registrada no ano passado. Apesar de muitas empresas petrolíferas garantirem ao mercado que a alta de preços não as faria aumentar a oferta neste ano, há indicações de que farão o contrário, principalmente onde não é necessário realizar novas perfurações.
O CEO da Pioneer Natural Resources (NYSE:PXD) (SA:P1IO34), comentou nesta semana que está confiante em que a demanda de petróleo será forte:
“O shale norte-americano não será mais uma ameaça à Opep e Opep+”.
A Pioneer pretende elevar a produção em 5% ao ano no longo prazo, mas, em vista do compromisso do CEO, não seria uma surpresa ver um crescimento maior da produção no curto prazo em razão das condições de mercado.
Caso os produtores de shale decidam aumentar a oferta, é possível que haja uma injeção de pelo menos um 1 mbpd no mercado. Isso é suficiente para pressionar os preços. A US$ 60 por barril, todos os investidores precisam ficar de olho nos números de produção.