Lembra que ontem dediquei metade do M5M a minimizar o alarde para cima das entrevistas de membros das agências de rating?
“Embora critique a proatividade das agências de rating, ainda acho que elas são sérias o suficiente para não promover uma alteração de rating via imprensa. Pensando bem, seria minimamente sensato os caras defenderem a posição (‘estável’) que têm, não?”
Hoje, o diretor de ratings soberanos da Standard & Poor's, Joydeep Mukherji, afirmou ao Valor que ficou "surpreso" com a reação do mercado às suas declarações. Eu não fiquei surpreso.
Restos mortais
Começa a cair a máscara da “boa notícia” dada pelo Mantega antes de sair para o merecido descanso, do cumprimento da meta de superávit primário do governo central.
Além dos vieses de Refis e leilão de Libra inflando os números, e de não sabermos o resultado de estados e municípios, os grandes incentivados para não cumprir a meta fiscal (inflação é um problema macro, do governo central, não dos estados e municípios), o detalhamento das contas públicas mostra que o Governo deixou restos a pagar para 2014, alimentando artificialmente o superávit primário de 2013.
Isso já era comum, mas foi feito em montante recorde.
Alguma hora essa conta vai chegar...
A título de recordação
A Moody’s, a agência que mantém o rating brasileiro com perspectiva “estável”, trabalha com um cenário de superávit primário da casa de 1,5% atuais para 2% do PIB em 2014.
À procura de um alento
Se a coisa anda muito inspiradora nas internas, lá fora temos um pregão de expectativas pela divulgação da ata da reunião do Fed. Aquela mesma, que definiu o início da retirada dos estímulos...
Ficaria surpreso se a minuta NÃO alimentasse o debate de retirada dos estímulos, dando pistas dos próximos passos do tapering, que ainda subestimada pelo mercado.
Vendo o que não estão querendo ver
Ontem conversamos também sobre a bolha das bolsas americanas, que subiram em 2013 o dobro dos lucros corporativos de dois anos. Para o pessoal do PRO, falei sobre como o fim (ou, de princípio, a diminuição) da farra do dinheiro barato alerta para o descolamento das ações com a realidade e o perigo disso.
Além do fim da farra de liquidez promovido pelos EUA, outro ponto que alimenta calafrios para um mercado frágil e de beta alto como o nosso é a incógnita chinesa. O crescimento de 7,5% pode não ser boa notícia.
Têm sido constantes as sinalizações de descontrole do crédito e aumento do endividamento de empresas no gigante asiático. Até onde eu sei, crescimento desenfreado com aumento de endividamento e juros não é lá uma combinação muito agradável.
Bolsa é (mais) para baixo
Peço desculpas pelos primeiros M5M do ano virem em tom pessimista. Ainda não entrei no clima do Carnaval, e estou claramente influenciado pelo fluxo de notícias, que não dá brecha.
O cenário não é nada inspirador. Estou ainda mais preocupado, assistindo diariamente a materialização do retrato da Tempestade Perfeita. Acho sim que a Bolsa, na média, é para baixo - obviamente há exceções e boas oportunidades em ações. Mas penso que o quadro atual exige um posicionamento conservador e justifica inclusive montar posições na ponta vendedora.
As exceções
Evidentemente, há exceções entre as notícias ruins. Algumas ações sobem com vigor. Umas na base da especuleta, outras por méritos próprios efetivamente. Os papéis de Eneva pertencem ao grupo da valorização justificada, em meu entendimento. A empresa é a mais nova integrante da série Ações para ficar Milionário. Assinando hoje, você pega este relatório, o de ontem sobre JHSF e um novo amanhã, sobre Vanguarda. Presentão de começo de ano.
Shiller e a bolha (capítulo infinito)
Mais uma vez, Robert Shiller alerta para a existência de uma bolha dos imóveis no Brasil. À rede americana PBS, o Nobel afirmou que, ao visitar o Brasil, se sentiu nos EUA de 2005.
Bom, se Shiller estiver certo, teremos mais três anos de preços dos imóveis
subindo acima da inflação.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.