O principal índice de ações brasileiras já acumulou uma alta impressionante de 8,6% em 2019, que chega a subir 11,7% ao incluir o último pregão de 2018.
E agora? Já subiu muito? É hora de comprar?
Eu recebo todos os dias perguntas dos meus leitores sobre o assunto.
A minha resposta é categórica: a alta do Ibovespa está apenas no começo e as ações de empresas brasileiras tem muito espaço para se valorizar na bolsa de valores.
Dessa vez é diferente
Pretendo aqui fundamentar a minha opinião com indicadores do mercado doméstico e mostrar as razões do meu otimismo com a bolsa de valores e porque eu acredito que a alta está apenas no início.
Acredito que existem indicadores de mercado que dão sustentação à alta do Ibovespa:
Queda da taxa de juros futuras
As taxas de juros reais de longo prazo, representadas pelos títulos públicos do Tesouro Direto IPCA+ (NTN-B’s) apresentaram forte queda desde setembro de 2018. A NTN-B principal com vencimento em 2035 caiu de IPCA+5,8% em set/18 para IPCA+4,6% atualmente, uma redução expressiva de 120 pontos percentuais.
As taxas de juros pré-fixadas futuras também apresentam forte queda. A taxa futura do DI com vencimento em 2025 caiu de 12,5% em setembro para cerca de 9% em janeiro, uma redução de 300 pontos percentuais
Redução do risco país
O risco-país, medido pelo CDS (credit default swap) de 5 anos, está em trajetória de queda: de 310 pontos em setembro de 2018 para 180 pontos em janeiro de 2019. Vale lembrar que o CDS é o seguro contra o calote da dívida externa do Brasil.
Essa queda no risco-país é reflexo da melhora na percepção do investidor em relação ao Brasil e tem relação direta com a expectativa da realização da Reforma da Previdência, com redução do déficit fiscal e redução do tamanho do Estado.
Tripé macroeconômico
A inflação medida pelo IPCA terminou 2018 com alta de 3,5% ao ano, abaixo da meta de 4,5%.
A taxa de juros Selic está em 6,5% e deve terminar 2019 em 7% ao ano.
A expectativa de crescimento da economia (PIB) é de 2,53% em 2019 e 2,6% em 2020, segundo dados do relatório focus do Banco Central.
Importante observar que a projeção de crescimento do PIB em 2019 e 2020 está sendo revisada para cima (PIB de 2020 de 4,5% para 4,6% de crescimento), reagindo à dados melhores da economia
Acredito que a virada no ciclo econômico é bastante significativa para as empresas brasileiras e os preços das suas ações na bolsa de valores, com forte crescimento do lucro projetados das empresas por volta de 20% em 2019.
Desafio 2008-2018
Em 20 de maio de 2008 o Ibovespa atingiu o seu pico histórico de 73.518 pontos. O Ibovespa em dólar era de 44.368 pontos, com taxa de câmbio de R$ 1,6570 por dólar.
O Ibovespa atingiu novo recorde em 24 de janeiro aos 97.677 pontos, com taxa de câmbio de R$ 3,7626 por dólar, o Ibovespa em dólar está em 25.960 pontos, 42% abaixo do nível de maio de 2018.
Para atingir o mesmo nível em dólar de 2008, o Ibovespa teria que chegar a 166.940 pontos com a taxa de câmbio no nível atual, uma alta de 71% em relação ao pico de janeiro.
Previsão de Ibovespa
O mercado sempre trabalha com uma projeção de Ibovespa no final do ano. O consenso de mercado vê o Ibovespa entre 110-130 mil pontos em dezembro de 2019. Esse alvo depende bastante da aprovação das reformas, especialmente a da Previdência.
Como eu não fico em cima do muro, acredito que o Ibovespa pode atingir a faixa entre 150-160 mil pontos em dois anos.