O dono da frase
Começo esta semana curta por conta do feriado nos EUA e do jogo do Brasil (ufa) na sexta-feira com as boas-vindas ao pessoal da ADVFN, que começa a receber o M5M hoje, e com um quiz:
Quem você apostaria que é o autor da frase abaixo?
“Uma empresa de petróleo é medida pela sua quantidade de reservas. Não se pode fazer política em empresa de petróleo olhando o depois de amanhã”
(A) a presidente Dilma Roussef
(B) Guido Mantega, presidente do Conselho da Petrobras
(C) Guido Mantega, ministro da Fazenda
(D) Luciana Dias, diretora da CVM
Gabarito
Acertou quem respondeu “a”.
Agora, dizer que uma empresa de petróleo é “medida” pela quantidade de reservas seria o mesmo que dizer que uma varejista é medida pela quantidade de roupas no estoque, ou que uma construtora é medida pelos terrenos que possui.
Bom, pelo menos não podemos questionar a capacidade do interlocutor em “fazer política em empresa de petróleo”.
Como o mercado mede
A afirmação acima é uma aula magna de como o mercado atribui preços às companhias e desafia a máxima de que o valor de uma empresa é dado pela soma de seus fluxos de caixa descontados.
Petrobras de fato possui bons índices de reposição de reservas, consistentemente superiores a 1x, o que quer dizer que ela descobre mais petróleo do que produz.
É um bom indicativo no sentido de perpetuidade do negócio. Mas, pensando melhor...
Se Petrobras conseguisse aumentar a sua produção de forma consistente (o que não tem conseguido), os índices de reservas não seriam assim tão bons, mas seus resultados muito melhores.
De que adianta ter a melhor base de ativos, e não conseguir extrair valor dela?
O que realmente importa
Agora, sugiro que olhemos por outra ótica: e quanto ao retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) da Petrobras?
Na média dos últimos cinco anos a brasileira roda a 10% de ROE, contra 32% da colombiana Ecopetrol, 23% da Exxon,18% da Chevron...
Por isso não concordo com o argumento de que Petrobras está descontada em relação às demais petroleiras porque negocia abaixo do valor patrimonial.
Para onde vai Petro?
Apesar das quedas mais recentes, após o governo empurrar mais reservas na Petrobras e exigir pagamento antecipado de sua parcela na produção (que começará a partir de 2018), a ação da Petro ainda acumula valorização de mais de 35% desde a metade de março, quando da divulgação da primeira pesquisa que sugeriu queda nas intenções de voto no governo (situação).
Isso, sem qualquer alteração material positiva nos fundamentos - muito pelo contrário.
Não ouso afirmar se o rali eleitoral sobre as ações da petroleira está esgotado ou não, até porque teria de antecipar os próximos desdobramentos da corrida eleitoral, o que, assumo, minha bola de cristal ainda é incapaz de apontar.
Para ver que PETR continua uma ação bomba-relógio, condicionada a elevada volatilidade, basta ver alguns dos temas que circundam a estatal:
(i) fortes altas acumuladas, (ii) rali eleitoral com novas pesquisas, (iii) temor de que venha a emitir novas ações para se financiar, (iv) novos episódios de ingerência política/debate sobre o reajuste dos combustíveis...
Você até pode tentar adivinhar o futuro de (i), (ii), (iii) e (iv), ou pode se apostar inteligentemente na volatilidade de PETR. Simples assim. Para tal, as opções seguem um brinco. Na semana passada, a opção de venda de Petro da nossa Carteira de Opções subiu 177%. Para esta semana, temos uma nova aposta.
O dono da frase (Parte II)
Agora, tente acertar o autor desta outra frase:
"Embora as sociedades de economia mista não sejam novidade, a tensão entre os interesses públicos e privados que elas vivem continua um ponto bastante polêmico, tendo em vista os poucos precedentes (e muitas vezes oscilantes), não só da CVM, mas também do Poder Judiciário".
(A) a presidente Dilma Roussef
(B) Guido Mantega, presidente do Conselho da Petrobras
(C) Guido Mantega, ministro da Fazenda
(D) Luciana Dias, diretora da CVM
Luciana Dias (“d”) não aceitou o termo de compromisso proposto pela União para encerrar o processo em que a CVM acusa a União de voto abusivo na Eletrobras.
Pudera...
A aula magna de governança
O governo elaborou uma proposta de renovação antecipada das concessões da Eletrobras e (como é o principal acionista da empresa) já a aprovou.
Assim, a empresa recebeu uma indenização inferior àquela que buscava: a diferença entre o que pedia e o que levou é de meros R$ 17 bilhões.
Detalhe: Eletrobras vale R$ 9,7 bilhões na Bolsa.
Para encerrar o processo, a União propôs à CVM a realização de um seminário sobre governança corporativa com a presença do ministro Mantega.
R$ 17 bilhões ou um seminário? O que você escolheria?
Bom, pelo menos não pode questionar a capacitação dos apresentadores. Afinal, de governança corporativa eles entendem... sabem exatamente como NÃO fazer.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.