A Desculpa (há desculpa?)

Publicado 29.08.2014, 21:06
CSAN3
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Recessão

O noticiário desta sexta-feira tem contornos ruins. Os dados do PIB confirmaram não apenas a contração da economia brasileira no segundo trimestre, mas um recuo maior do que o esperado (-0,6%, contra apostas em -0,4%) e o mergulho - agora inegável - na recessão.

Coisas de mercado: “recessão técnica” é oficializada por dois trimestres consecutivos de encolhimento da economia. Além da queda de 0,6% no segundo tri, a revisão das estatísticas indicou queda da economia brasileira também no primeiro trimestre (de 0,2%).

Não bastasse...



- o Banco Central chegou ao seu pior resultado contábil desde 2009
- o Setor público teve o pior resultado para julho em mais de uma década.

- o resultado negativo do Governo Central em julho foi o pior para o mês de toda série histórica...

É sexta-feira 29, mas poderia ser 13.

Conversa de louco (parte 2)



Ué, mas os nossos problemas se devem à crise internacional. E estamos nadando de braçada nos empregos...

Sobre o primeiro ponto (da crise de 2008) comentei no M5M de ontem. Poxa, estamos dois pontos abaixo da América Latina, os EUA cresceram 4,2% no segundo trimestre e nosso principal parceiro comercial, a China, responsável por 20% de nossas exportações, cresceu 7,5% no trimestre que contraímos 0,6%. Ainda estou procurando como alguém que está beeem abaixo da média pode ser puxado para baixo pela… média.

Pode?

Mantega

Sobre o emprego, não podemos ignorar alguns pontos:

1. Só há redução da taxa de desemprego porque parcela da população simplesmente desistiu do mercado de trabalho, e não se pode atribuir o pleno emprego à competência da gestão pública. Para provar o ponto: a População em Idade Ativa cresce em ritmo superior à geração líquida de empregos no primeiro trimestre.
2. Últimos dados do Caged: pior resultado de criação de vagas de trabalho desde para um mês de maio desde 1992, pior junho desde 1998 e pior julho desde 1999
3. Enfrentamos o maior processo de desindustrialização da história brasileira. Isso inevitavelmente recairá sobre o mercado de trabalho.
4. A divulgação dos dados nacionais de emprego (Pnad Continuada) foi adiada para depois das eleições por conta da greve no IBGE.



Terrorismo eleitoral???

Dilma

Comemorando notícia ruim (capítulo infinito)

Apesar da sensível piora nos fundamentos econômicos, nossa Bolsa registra mais um pregão de valorização, somando 34% de alta desde a metade de março (primeira pesquisa apontando queda nas intenções de voto da situação). Destaque para o “kit oposição” com alta de ações de estatais em geral, e agora para o “kit Marina”, cuja protagonista mais recente é a ação da Cosan. Neste ponto, parece mais do que claro para (quase) todo mundo que a alta da Bolsa é completamente escorada em apostas de mudança na equipe econômica atual.

Hoje há um desdobramento eleitoral potencialmente importante: a candidatura de Marina Silva será lançada oficialmente em São Paulo durante a tarde. Qualquer anúncio de composição de seu quadro econômico ou mesmo no sentido de uma “carta aos brasileiros” poderia render um gás extra ao rali eleitoral (abordo a questão mais a fundo no PRO).

Cada vez mais distante

Já no que diz respeito ao desequilíbrio das contas públicas, os dados de hoje tornam muito difícil o cumprimento da meta de superávit primário. Após três déficits primários seguidos somando R$ 17,8 bilhões, o governo teria de tirar algo da cartola para chegar ao final do ano com saldo positivo de R$ 99 bilhões.

É justamente aí que mora o perigo...

OBS: a meta de superávit primário para o ano, que está em risco, é de 1,9%. Ontem foi apresentado o Orçamento de 2015. Ele toma por base um cenário de superávit primário de 2,5% do PIB e crescimento de 3% da economia brasileira no ano que vem.


Mais maquiagem?

Hoje pululam por aí textos de economistas receosos com os truques utilizados nas contas públicas. Eduardo Giannetti destacou que “Além dos ‘restos a pagar’, subsídios ocultos, operações casadas com estatais e atrasos em repasses aos entes federativos, a novidade agora é o uso dos bancos oficiais como financiadores do Tesouro”.

Por sua vez, Mansueto Almeida reconheceu ter “MUITO MEDO que o governo atual faça uso mais frequente desse expediente”. Quanto maior o desequilíbrio das contas, tendência de mais maquiagem e menos credibilidade da contabilidade pública. Um combo que costuma ser punido pelas agências de rating.

Plunct, Plact, Zum

Sinto informar, mas talvez o dado mais preocupante desta sexta-feira ainda esteja por vir...

Beleza, supondo que está mesmo tudo ruim. Qual a nossa perspectiva de recuperação?

A taxa de investimento no segundo trimestre de 2014 foi de 16,5% do PIB, inferior à taxa observada em igual período do ano anterior (18,1%). Assim, infelizmente, não vai a lugar nenhum.

Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.

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