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A Klabin (KLBN11) é prima da CSN (CSNA3)?

Publicado 29.03.2023, 10:12
Atualizado 09.07.2023, 07:32

A Klabin (BVMF:KLBN11) é uma das empresas mais antigas do Brasil e da Bolsa de Valores. Por ter sido fundada em 1899, muitos investidores acreditam que o valor da empresa esteja justamente na sua longevidade.

“Ora, uma empresa com mais de 120 anos é uma boa empresa, pois já passou por tudo, está viva até hoje e é uma das campeãs do seu setor”.

Realmente, é um bom argumento e é verdade. Esses últimos 120 anos foram bem agitados para a humanidade: 2 Guerras Mundiais, queda de Impérios, Guerra Fria, ascensão dos Tigres Asiáticos e da China, Ditaduras, muitos presidentes. Enfim, renderam vários livros de história.

A questão é que dificilmente uma empresa se torna campeã nacional do seu setor sem aquela ajudinha do governo. Isso é completamente normal e faz parte do jogo. A Klabin sempre teve bons executivos tocando suas relações com os stakeholders, mas na década de 1930 eles tiveram uma relação bem próxima com o principal político da época: Getúlio Vargas. Essa história é ótima!

Naquela época, a Klabin queria expandir e construir uma indústria de papel e celulose. Só que foi um período meio turbulento na história, já que em 1929 tivemos a quebra da bolsa de Nova York. Em 1930 tivemos o golpe de Estado, como resultado da Revolução de 30, que lançou o gaúcho Getúlio Vargas ao poder. A Era Vargas tirou o poder das mãos das oligarquias da República Velha e colocou tudo nas mãos do Vargas mesmo.

O novo governo trouxe uma mudança interessante. Antes, os governadores estaduais eram chamados de “Presidentes de Estado”. Com Vargas, esse cargo acabou e foi substituído por “Interventores Federais”, que (obviamente) eram aliados políticos do novo presidente. Um deles era Manuel Ribas, ex-prefeito da cidade de Santa Maria (RS), que foi nomeado interventor do glorioso estado do Paraná.

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Em 1932, Ribas queria implantar uma grande indústria de papel e celulose no Paraná. O motivo era que o banco estadual tinha executado a falência de uma empresa francesa de exploração florestal. Um dos ativos que ficou com o Estado era a Fazenda Monte Alegre, uma propriedade de 144 mil hectares (o que dá mais de 3 vezes a área da capital Curitiba). Essa fazenda, que ficava em Tibagi (atual município de Telêmaco Borba), era majoritariamente de pinheiros.

Calhou que Wolff Klabin, um dos maiores executivos de todos os tempos da empresa, era amigo de Manuel Ribas há uns bons anos, por conta de suas peregrinações ao sul. Como amigo é coisa pra se guardar, depois de um papo com o chefe Getúlio, Ribas propôs a Wolff que a Klabin arrematasse a propriedade, com alguma ajudinha de dinheiro do governo – aquele financiamento maroto do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) – é claro. Após algumas ressalvas da “velha guarda” da família, a Klabin arrematou a fazenda em 1934. Ali, eles instalaram a primeira fábrica integrada de produção de papel, e que foi a maior do país por muito tempo.

Mas essa história nem teve participação direta de Vargas. Ele foi mais uma “ponta” na cena. A questão é que essa foi a introdução do ditador à família. Eles viriam a se reaproximar anos depois por conta da guerra. 

A Segunda Guerra Mundial (2GM) estourou em 1939 e prejudicou o país, pois dependíamos muito de importações. Vargas entendia que o Brasil precisava ser autossuficiente em duas indústrias: aço (daí que a CSN (BVMF:CSNA3) - foi fundada) e papel jornal. 

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Naquela época não havia o zap. O principal meio de informação era o rádio e o jornal impresso. Quem domina a mídia, domina boa parte da população. Por isso, na cabeça de um ditador populista, era necessário ter uma boa produção de papel jornal.

Vargas não pensou duas vezes em para quem oferecer o monopólio dessa indústria: Assis Chateaubriand, o Chatô ou o antigo rei da mídia. Porém, Chatô recusou o convite, pois não estava interessado em assumir uma indústria (o lance dele era só dar as notícias mesmo). Vargas então pediu que ele recomendasse alguém para assumir a missão. 

Naquela época, 2 famílias se destacavam no ramo: Os Matarazzo (os ancestrais de Eduardo Suplicy) e os Klabin-Lafer. Como Chatô tinha desentendimentos com a primeira família e era amigo de Wolff – olha ele aí de novo –, ele recomendou os Klabin-Lafer, que já estavam produzindo na Fazenda Monte Alegre (e Chatô sabia). 

Os primos Wolff Klabin e Horácio Lafer aparecem na sede do governo no dia seguinte para ouvir a proposta. Apesar de não se empolgarem tanto em construir uma indústria no meio da guerra, um ditador como Vargas pode ser bem persuasivo. Além de receberem várias facilidades de acesso a crédito pelo Banco do Brasil, também receberam a promessa da Klabin se tornar um monopólio do setor – o que acabou não acontecendo, pois já sabemos como são as promessas de políticos.

Os primos acabaram cedendo e toparam o negócio. Como a fábrica era um novo empreendimento, ela foi batizada de Indústrias Klabin do Paraná de Celulose (IKPC). 

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Mas, depois de acertarem tudo para a fábrica sair do papel, Vargas exigiu que os Klabin cedessem 20% do capital da IKPC ao grupo Monteiro Aranha (BVMF:MOAR3), que é um acionista relevante da Klabin até hoje (chegando a ocupar uma cadeira no Conselho de Administração). 

Reza a lenda que Vargas fez essa exigência por conta de uma “diplomacia velada”. Como o mundo estava no meio da Segunda Guerra Mundial, o ditador deixou 80% da mega fábrica nas mãos de uma família de origem judaica, mas 20% nas mãos de um grupo que possuía bom trânsito com o governo alemão da época (aquele mesmo). No livro sobre a história da família Klabin, um dos parentes até comenta e confirma que essa foi a intenção mesmo de Vargas. Abrindo aspas para Israel Klabin, filho de Wolff, em 2013:

“O Getúlio costumava mandar buscar meu pai em casa para conversarem, à noite. Um dia, disse: “Não sei para que lado o Brasil vai ter que ir. Se o Hitler avançar na guerra a ponto de ganhá-la, eu vou ter que tomar certas providências, e não quero que você e sua família sejam prejudicados”. Então ele inseriu um grupo, o Monteiro Aranha, que tinha muito boas relações com os alemães. São nossos sócios até hoje, gente maravilhosa. Somos amicíssimos, não pode ser melhor. Uma sociedade que deu certo por motivos errados.” (Trecho retirado do livro: A Saga da Família Klabin-Lafer, pg 231)

Seja como for, 5 anos depois, em 1946, a IKPC S.A. começou a operar e, em pouco tempo, já era uma das principais fornecedoras de papel jornal do Brasil. Sempre bom ter amigos poderosos, não? Para sobreviver e para decolar. Ou seja, por nascerem na mesma época e com motivos similares, podemos dizer que a IKPC é “prima” da CSN, não?

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Aliás, a IKPC não produzia somente papel jornal. Ela deu início a uma das principais linhas de negócio da empresa. Qual? Bem, essa resposta fica em outra história! Não deixe de nos acompanhar!

Últimos comentários

obrigado.
Parabens pela materia!
Muito bom conhecer as histórias de nossas empresas.
Muito bom 👏🏻👏🏻👏🏻
Bastante copia e cola e um pouco do Chat gpt.
Show! Sou paranaense, admiro a empresa KLBN e eatou estudando a empresa. Gostei muito de conhecer um pouco mais da história da empresa.
Muito legal o artigo! História nunca é demais! Parabéns!
Muito bom!
Excelente o artigo. Parabéns pela forma de escrever a história.
excelente matéria. história é sempre bom para conhecermos o presente
Muito bom artigo. Parabéns.
Artigo muito interessante, Obrigado pelo trabalho!
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