A três dias da virada de um dos anos mais desafiadores para o investidor — se não o mais —, trago aqui um pouco da minha filosofia como investidor de longo prazo e revelo o nome de três companhias que julgo ser as melhores pagadoras de dividendos olhando mais à frente.
Não é segredo que desde o início da pandemia um dia tem sido equivalente a um mês, seja pela volatilidade dos mercados, seja pela quantidade excessiva de informações e ruídos, efeito visto principalmente em períodos mais desafiadores, como a crise do subprime em 2008, a bolha da internet em 2000, a quebra dos mercados emergentes na década de 1990 e a Segunda-feira Negra (Black Monday) de 1987.
Dando um passo atrás, para termos uma visão mais ampla e melhor entre momentos de bonança e crises econômicas no mercado financeiro, abraçamos uma estratégia de longo prazo, de certa forma monótona, mas que em um horizonte mais longo se mostra uma boa opção de criação de patrimônio para o investidor. Entra ano, sai ano, crise após crise, certas histórias nunca mudam; empresas sólidas, com claras vantagens competitivas e uma equipe de gestão focada na manutenção dessas vantagens passam por todos esses momentos saindo ainda mais resilientes e robustas.
Como disse Warren Buffett, “preço é o que você paga, valor é o que você leva” .É preciso ir em busca do valor e os altos e baixos do mercado — como visto neste ano — servem para reforçar alguns dos pilares mais importantes das teses, imprescindíveis para uma empresa resiliente não somente sobreviver, mas passar por toda adversidade e sair dela ainda mais robusta.
Sobre os tais pilares, a seguir estão as principais características que devemos buscar nas companhias e seus negócios como um todo:
1) Resiliência e baixa volatilidade operacional;
2) Grandes incumbentes (prestadores de serviços) em grandes mercados;
3) Histórico comprovado de dividendos;
4) Exposição limitada aos chamados fatores exógenos (dólar, commodities, etc.);
5) Sólidas vantagens competitivas e barreiras de entrada;
6) Baixa alavancagem e intensidade de capital;
7) Margens elevadas e geração de caixa livre consistente;
Empresas altamente resilientes e sustentáveis no longo prazo tendem a manter sua liderança no setor e uma geração de caixa consistente e, como consequência da estratégia e bons resultados, distribuem seus ganhos de maneira periódica através de proventos aos seus acionistas. Aqui entramos na questão dos juros compostos, considerados por ninguém menos que Albert Einstein como a oitava maravilha do mundo, ressaltando sua força e beleza.
Apenas para dar uma cor, os juros compostos refletem o efeito exponencial dos retornos de uma ação assumindo o reinvestimento dos proventos pagos pela companhia em suas próprias ações. Por exemplo, se você recebe os dividendos proporcionais a sua quantidade de ações e reinveste esse montante recebido nos mesmos papéis, a sua quantidade de ações aumenta.
Para deixar mais claro, a imagem abaixo reflete o retorno de uma ação reinvestindo os proventos pagos e, de forma sintetizada, a trajetória emocional do investidor ao longo do tempo.
Claro que não são todas as empresas que apresentam estas características, resiliência operacional, elevada geração de caixa e distribuição consistente de proventos para os investidores, por isso é preciso estudar incessantemente as melhores pagadoras para os investidores de longo prazo.
Além da busca por valor, acredito que o preço tem sua relevância para a estratégia – sim, o preço importa –, já que é o denominador da razão do dividend yield (DY = Dividendo/Preço atual). Indo mais além e adicionando a valorização de uma ação ao retorno através dos proventos, temos o retorno total de uma ação, e a representação percentual desse retorno para o acionista também tem o preço pago como denominador.
O preço deve fazer parte de um conjunto de critérios analíticos, quantitativos e qualitativos, que tem como resultado a classificação através de um ranking.
Hoje trago o nome de três grandes pagadoras de dividendos que, além de apresentar as principais características que busco, estão entre os melhores nomes para 2021, em minha visão e de acordo com a estratégia.
São elas: Qualicorp (SA:QUAL3), Hypera (SA:HYPE3) e Telefônica Brasil (SA:VIVT4) (VIVT3 (SA:VIVT3)).
Elevada geração de caixa, histórico consistente como pagadoras de proventos e grandes incumbentes em seus setores (saúde e telefonia) são alguns de seus principais pilares, além de, nos casos de HYPE e QUAL, estarem presentes em um setor que vive uma mudança secular com o envelhecimento populacional.
Para deixar mais clara a beleza dos juros compostos em boas empresas, como as que acabamos de apresentar, abaixo, dou o exemplo do que chamo “boca de jacaré”.
Nele, o investidor comum, que compra as ações, recebe os proventos e os usa, está aproveitando a qualidade da empresa e recebendo aquilo que lhe é de direito. Já o investidor de dividendos se aproveita dos proventos para multiplicar os seus ganhos no longo prazo.
QUAL3 – Reinvestindo os dividendos (linha laranja) x investidor comum (linha branca)
HYPE3 – Reinvestindo os dividendos (linha laranja) x investidor comum (linha branca)
VIVT3 – Reinvestindo os dividendos (linha laranja) x investidor comum (linha branca)
Esperamos nos ver em breve e que 2021 seja um ano cheio de conquistas, alegrias e repleto de dividendos.
Um grande abraço