Enquanto os EUA estão uma bagunça, nós estamos tentando lidar com o teto antes de a economia engrenar. Porém, a economia já está engrenando – os dados já surpreendem para cima, acabou a crise.
Bobo! Feio! Dorminhoco! Pau-mandado!
O debate presidencial, ou devemos chamar de troca de ofensas públicas entre dois velhinhos (74 e 77 anos), trouxe à tona o risco de uma eleição contestada em novembro próximo.
Trump: "Você não fez nada em 47 anos".
Biden: "Você é o pior presidente da história americana".
Trump: "Você é Fake News".
Biden: "Você é um mentiroso contumaz".
Trump: "Eu paguei milhões de dólares de impostos".
Biden: "Cala a boca".
Como é maravilhoso vivenciar o refinamento e a sofisticação da maior democracia do mundo...
O dilema das redes
Enquanto esperamos os analistas políticos decidirem quem foi o ganhador do bate-boca (fomos nós, foi hilário), os futuros dos mercados abrem vermelhos ao redor do mundo.
A acusação antecipada do jovenzinho Trump de que as eleições poderiam ser fraudadas pesou na confiança do mercado.
Afinal, Biden possui liderança confortável (por enquanto) nas pesquisas e a disputa das pós-eleições pode paralisar um país completamente polarizado.
Estamos vivendo o mundo de extremos, cada dia mais extremos. De pessoas que, de tão acostumadas com o eco de suas opiniões em redes sociais, simplesmente não conseguem enxergar como o vizinho pensa diferente.
Teria o documentário da Netflix "O Dilema das Redes" acertado na mosca?
Deveríamos estar estocando armas, comida enlatada e muito (muito) papel higiênico esperando a guerra civil?
Tem uma guerra lá fora?
Pedalada cidadã
Eu acho sempre interessante quando as pessoas apontam o dedo para os defeitos do Brasil exaltando os países desenvolvidos.
Já estudei e trabalhei na Europa, já estudei e trabalhei nos EUA e posso dizer que temos nossos defeitos, mas também temos muitas qualidades (S2 Brasil).
Mas aqui, claro, também não faltam problemas.
E o maior deles (recente) foi a maravilhosa invenção do governo: a "pedalada cidadã".
O mercado deu sua opinião em alto e bom som:
Descolamos do resto do mundo e voltamos aos 93.580 pontos no Ibovespa.
E, como de costume, parece que vai cair para sempre.
Entretanto, se você está se perguntando, é uma ótima oportunidade de compra para quem tem dinheiro no bolso.
No final, devemos nos preocupar com o governo furando o teto?
Por que o teto é tão importante?
É simples. O maior problema da história do Brasil é o gasto público.
Todos os ciclos positivos brasileiros da história foram interrompidos porque o governo gastou demais, a dívida explodiu e os investidores (brasileiros e gringos) fugiram do país.
Inflação alta, recessão, crise, juros altos, volatilidade… tudo isso foi causado pela incapacidade do governo brasileiro de gastar com moderação.
Nossos governantes são incapazes de gastar com responsabilidade (mesmo após a lei de responsabilidade fiscal).
Por esse motivo, o teto de gastos foi uma invenção genial.
Ao invés de brigar com os congressistas por cada pauta bomba, o governo Temer – obrigado, Meirelles! – inventou uma forma de defletir de volta aos congressistas a responsabilidade de decidir onde gastar.
O problema é que o teto não foi criado com os gatilhos necessários para o governo lidar com o rompimento do teto.
As despesas são engessadas. O governo precisa de maneiras de segurar as despesas quando as receitas caem.
É o que Paulo Guedes chama de "furar o piso".
Capitão Guedes no comando
Deixe-me discordar um pouco do mercado – a Marilia vai ficar furiosa >:(.
Foi bastante surpreendente Guedes apoiar a "pedalada cidadã" (o nome é ótimo).
Guedes sempre foi contra esse tipo de artimanha. Com isso, o mercado, que confiava nele como o defensor da política econômica austera, viu uma mudança de postura.
Teria Guedes jogado fora seu doutorado em Chicago e virado mais um populista?
Pense bem, não dá para fazer um omelete sem quebrar alguns ovos.
Guedes é inteligente, é pragmático e continua me impressionando pela sua "flexibilidade" no governo.
É muito melhor que Guedes se entenda com o presidente, mantenha a direção clara da austeridade (governo gastando menos) e consiga aprovar as reformas que tanto precisamos.
Como um barco em uma tempestade, é melhor desviar a rota para vencer as ondas que arriscam afundar o barco no meio do caminho.
Deixem o homem trabalhar.
Já acabou a crise no Brasil
A economia já voltou a crescer, a arrecadação de agosto de 2020 já é maior que de agosto de 2019.
Fonte: Valor Econômico.
Estamos cada dia mais próximos de uma vacina, a indústria está otimista com o dólar alto (mais competitivos) e o CDI reduzido (mais competitivos).
Fonte: Valor Econômico.
Só falta a aprovação de uma reforma tributária que incentive um retorno espetacular de nossa indústria.
Fonte: Valor Econômico.
O Renda Cidadã, combinado com o teto de gastos, permitirá que o governo mais competente em promover o crescimento econômico seja também o mais competente em distribuir renda (e ganhar votos).
Eu, sinceramente, acho ótimo um programa de renda mínima – desde que caiba no orçamento.
Entre acertos e erros, estamos no caminho certo.
Nossas carteiras estão voando muito acima dos índices – boas empresas com bons crescimentos e preços baixos continuam sendo uma bênção para a acumulação de patrimônio.
2020 será mais um ótimo ano para quem soube aproveitar as oportunidades.
Você sabe: adquira muitas boas Ações, de boas empresas, a bons preços.