A Somatória de Inúmeros Fatores Negativos Impacta no Preço do Dólar

Publicado 01.08.2014, 08:39

A discussão sobre vulnerabilidades maiores ou menores dos países é, enquanto colocação teórica, uma discussão que ganha manchetes, mas que não leva a conclusão objetiva nenhuma.

É mais ou menos como se coloca no futebol que “treino é treino” e “jogo é jogo”.

O mundo global parece acusar o forte impacto das perspectivas de ocorrência de mudanças na política monetária americana num espaço de tempo mais breve, insinuando o começo das acomodações a este novo contexto num futuro próximo, o que implica em movimentos reversivos de capitais alocados aqui e acolá, mas principalmente nos países emergentes.

Pode ser que o “jogo” esteja realmente começando e este fato começa a pressionar as moedas dos países emergentes já que se acentuam as reversões dos capitais externos ingressados nestas economias, primeiro com mais intensidade os de características especulativas e não rigorosamente em concomitâncias os recursos não especulativos que visavam tão somente obter melhor rentabilidade num ambiente favorável proporcionado por este ou aquele país.

É agora que a existência de vulnerabilidades vem à tona ou não, sem retóricas pró ou contra a tese, mas com a evidência emanando dos dados de cada pais emergente, validando com certezas o “status quo” de cada um.

O Brasil, a exemplo de outros países emergentes, recebeu considerável volume de recursos especulativos ao longo do 1º semestre deste ano, mas especificamente no 1º trimestre, e assim já havia a tendência de reversão destes recursos em posse dos emergentes para as suas origens onde foram forjados a partir de operações de “carry trade”. Pode ocorrer defasagens no tempo em que isto ocorra, dependendo do grau de incertezas presente em cada uma das economias, mas é característica dos capitais especulativos permanência não muito longa nos países para os quais são deslocados.

No Brasil, diferentemente das demais economias emergentes, houve uma antecipação por parte das empresas na captação de recursos externos, por ser um ano eleitoral, e o país também um cenário diferente com baixo crescimento e inflação alta, o que pode inibir inclusive a dinâmica do fluxo de IED´s neste 2º semestre.

Entretanto, a inusitada melhora dos indicadores da economia americana colocaram no “radar” a possibilidade de ocorrer mudanças na política monetária americana num lapso de tempo menor do que o que vinha sendo prognosticado, e isto motiva e provoca prematuramente movimentos reversivos para o mercado financeiro americano, já que não seria lógico esperar o fato consumado para que a reversão tivesse inicio.

Os agentes do mercado nos mercados emergentes, inclusive no Brasil, buscaram valorizar os termos da nota do FOMC ao término de sua reunião ontem, destacando a intenção de manutenção do afrouxamento monetário. Como salientamos ontem, consideramos que os termos do comunicado perderam validade ontem mesmo em face dos indicadores divulgados pela economia americana. O ambiente sugere o inicio dos movimentos reversivos e observação do comportamento da economia americana até a próxima reunião do FOMC em setembro, quando poderá ocorrer indicação mais precisa da possibilidade de mudanças na política monetária dos Estados Unidos.

O que se presenciou ontem e que deve ter continuidade hoje foi a intensificação da valorização da moeda americana frente as demais moedas, mais intensos frente a de países emergentes, e a intensificação do movimento de recursos saindo das economias emergentes.

Agora surge o problema em torno da falta de pagamento por parte da Argentina, que a rigor não pode ser confundida com o Brasil, mas na margem sempre ocorre alguma contaminação, mesmo que somente por razões especulativas.

Então temos no momento um cenário que envolve saída de capitais especulativos, tendência de saída de capitais não rigorosamente especulativos em razão da perspectiva de mudanças em tempo menor da política americana, tendência a ingresso menor de recursos externos, e, por fim, o problema em torno da Argentina.

Em suma, é uma cesta de fatores adversos que estão impactando sobre a formação do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio.

Se controlarmos bem este ambiente de pressão que se coloca em perspectiva, poderemos dar, “no campo jogando”, a demonstração efetiva de que não somos vulneráveis, o que não implica que deixemos de ter apreciação moderada do preço da moeda americana.

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