Sobe no boato, sobe no fato
A quarta-feira dos mercados seria, em tese, apreensiva. Afinal, dois dos grandes eventos da semana estão na pauta: a reunião do Banco Central americano (Fed) e o depoimento do “homem-bomba” Paulo Roberto Costa na CPMI da Petrobras. Mas no mercado do rali eleitoral, não há o que altere a ordem artificial das coisas.
De repente vem uma canção qualquer
Logo nos seduz
E a verdade que ninguém podia ver
Surge a olhos nus
A verdade que ninguém podia ver
Mesmo diante de novo pregão de rali das estatais e ganhos para a Bolsa, o dólar volta a engatar movimento de alta. Com isso, a moeda americana tem sua sétima valorização em oito sessões em relação ao real, batendo em R$ 2,34 e se afastando um bocado do patamar defendido pelo Banco Central, na casa de R$ 2,20/R$ 2,30.
Aqui, não há intervenção de Bacen ou barricada tupiniquim que aguente com a bazuca americana. A reunião do Fed ainda não aumentará a taxa de juros americano e apenas dará mais um passo na desaceleração da expansão monetária (que ainda é “expansão monetária”). Mas para um mercado que costuma fritar nas entrelinhas, só a (pequena) possibilidade dele retirar o termo “juros excepcionalmente baixos por período prolongado” já faz um estrago danado.
Reserva de valor
Com os artificialismos do rali eleitoral e das intervenções do Bacen, a relação entre a Bolsa e o câmbio, tradicionalmente inversa (um sobe, outro cai), acaba chacoalhada. O que não deixa de ser uma oportunidade...
O dólar ainda exerce a função de reserva de valor em momentos de crise e oferece potencial de valorização muito óbvio pelos fundamentos atuais distorcidos. Outra reserva de valor clássica é o ouro. Sim, ainda é, pois reúne características como escassez (diferentemente das moedas, não há como se imprimir uma maior quantidade), a fácil divisão e a perenidade associada à não corrosão ou deterioração, fazendo dele reserva de valor clássica.
PS: o episódio de hoje da série O Fim do Brasil aborda as perspectivas de valorização (ou não) e as formas práticas e mais rentáveis de se comprar ouro, apresenta um ativo ainda melhor para proteção contra grandes crises e uma estratégia única para aumentar retornos e extrair renda preservando a tradicional segurança do ativo.
Quadruplicando a mão (na aposta errada)
Ontem voltamos ao tema dos estímulos pontuais, da escolha de “beneficiados” e da necessidade de se horizontalizar as medidas que favorecem setores e empresas específicas.
Temos visto também que os setores em tese mais beneficiados pelos estímulos são justamente aqueles em situação crítica mais evidente (como automotivo, construção civil e indústria) e não por uma ação reativa do governo - a deterioração dos mesmos se deu diante (e não antes) dos estímulos. Eis que, após o governo receber representantes do setor de construção civil, a expectativa desta quarta-feira é - adivinha - pelo anúncio de mais uma extensão do Minha Casa, Minha Vida.
Agora, esperemos pela nova desoneração da folha e centésima redução do IPI sobre automóveis e linha branca...
03:19- O mérito, a preocupação e a oportunidade
Independentemente do expediente populista da medida (queira ou não, trata-se de utilização da máquina pública em véspera de eleição), reconhecemos que há grande mérito social no Minha Casa, Minha Vida e enorme déficit habitacional no País. Nossa preocupação aqui é outra, com potenciais resquícios do mesmo especialmente no que tange à inadimplência posterior. Qual o mecanismo de cobrança e garantias dos credores?
Mas, até lá, que colhamos os efeitos práticos da potencial medida. Para ganhar com o programa, em Bolsa, vá de Direcional Engenharia (DIRR3) e MRV (MRVE3), empresas que conseguem ser bastante rentáveis operando nas faixas de baixíssima renda. Melhor para a primeira, que vem de momento de resultados melhor. Direcional é boa incorporadora negociando em linha com o valor patrimonial e a 6x lucros projetados para 2014.
04:14- Espelho, espelho meu...
Em sentido contrário, de afastamento do mercado de capitais, o coordenador geral do programa de governo do líder isolado nas pesquisas eleitorais para o governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), afirmou ontem que a nova gestão pode reduzir tarifas da Cemig (CMIG4) e revisar a “prioridade por resultados para os acionistas em detrimento de de um serviço de maior qualidade”.
As ações da Cemig naturalmente despencam em resposta - os leitores do PRO foram devidamente alertados na véspera. Ironicamente, a Cemig tem ótimos indicadores de qualidade de fornecimento: uma das condições para uma boa remuneração da empresa é justamente estar adequado a metas regulatórias de qualidade.
Talvez o pessoal tenha se inspirado no modelo da Eletrobras. Hoje a estatal está beeeeem longe de ser orientada para os acionistas, e seus indicadores de perdas são os piores do mercado.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.