O ouro por muito tempo ficou relegado ao segundo plano na preferência dos investidores.
Frente à variedade e disponibilidade de investimentos, em uma Era cada vez mais tecnológica, o ouro, em termos de rentabilidade, saiu da sombra da barbárie para novamente reluzir como relíquia.
Em 2011, o ouro encerrou o ano como o melhor investimento.
E a boa performance permaneceu em 2012.
Com este desempenho, o metal dourado chama novamente a atenção dos investidores, que agora possuem muitas perguntas e dúvidas. A alta continuará? Como comprar ouro? Entre outras perguntas.
O maior investidor do mundo, Warren Buffet, publicou um artigo na revista Fortune, explicando o motivo pelo qual ele acredita que as bolsas de valores batem a rentabilidade dos títulos públicos e do ouro.
Não precisamos nem dizer que isto só aumentou as dúvidas dos investidores acerca do investimento em ouro.
Tomamos a liberdade de traduzir os trechos mais importantes do artigo.
“Investir é descrito usualmente como o processo de abrir mão do dinheiro no presente com a expectativa de ter mais dinheiro no futuro.
Desta definição decorre um corolário importante: O risco de um investimento não é medido pelo beta (um termo usado em Wall Street que mede a volatilidade e que é usado como medida de risco), mas pela probabilidade, razoável, de que o investimento cause a seu proprietário a perda de poder de compra durante o período de investimento.
Investimentos denominados em uma determinada moeda que incluem money-market, títulos públicos, hipotecas, depósitos bancários, entre outros instrumentos. Muitos desses investimentos baseados em moeda são tidos como “seguros”. Mas a verdade é que eles estão entre os ativos mais arriscados. Seu beta pode ser igual a zero, mas seu risco é bastante elevado.
Ao longo do século passado, estes instrumentos destruíram o poder de compra dos investidores em muitos países, mesmo que estes titulares continuassem a receber o pagamento de juros e do capital principal investido. Esse resultado além de horrível será recorrente no futuro. Os governos determinam o valor do dinheiro, e forças sistêmicas farão com que adotem políticas inflacionárias. De tempos em tempos essas políticas saem do controle.
Mesmo nos Estados Unidos, onde é forte o desejo por uma moeda estável, o dólar perdeu incríveis 86% do seu valor de compra desde 1965, quando assumi o controle da Berkshire. Hoje, são necessários não menos do que US$ 7,00 para comprar o que custava apenas US$ 1,00 naquela época.
Consequentemente, uma instituição isenta de impostos necessitaria captar de juros anuais 4,3% em seus investimentos nos títulos públicos durante todo esse período apenas para manter seu poder aquisitivo. Seus administradores estariam sendo ingênuos se considerassem qualquer parte desses juros como renda.
A expressão “Deus seja louvado” pode estar impressa em nossas cédulas, mas as mãos que ativam a impressora do governo é bastante humana.
A segunda grande categoria de investimentos envolve ativos que não produzirão nada, mas que são adquiridos na esperança de que outra pessoa – que também sabe que o ativo será eternamente improdutivo – pagará mais por ele no futuro.
Essa classe de ativos requer uma quantidade em expansão de compradores, que, por sua vez, estão atraídos porque acreditam que o número de compradores se expandirá ainda mais. Os proprietários não estão atraídos pelo que o ativo pode produzir – eles permanecerão sem vida eternamente -, mas pela crença de que outros o desejarão ainda mais avidamente no futuro.
O maior ativo nessa categoria é o ouro, que atualmente é o grande favorito de investidores que temem quase todos os outros ativos, em especial o papel moeda (e eles estão certos em temer o seu valor, como já destacado). O ouro, no entanto, tem duas limitações significativas: ele não é nem muito útil, nem procria. É verdade, o ouro tem alguma utilidade industrial e decorativa, mas a demanda para esses propósitos é um tanto limitada quanto incapaz de estimular nova produção. Enquanto isso, se você possui um quilo de ouro pela eternidade, continuará possuindo um quilo de ouro no fim dos tempos.
O que motiva a maioria dos compradores de ouro é a sua crença de que a quantidade de medrosos aumentará. Na última década, essa crença se provou correta. Além disso, o aumento do preço tem gerado um entusiasmo adicional para a compra de ouro, atraindo compradores que veem a ascensão como validação de uma tese de investimento. Quando os investidores que “pegaram a carona” entram em uma festa, criam sua própria verdade — por um momento.
As duas primeiras categorias usufruem da máxima popularidade em picos de terror: o medo de um colapso econômico leva os indivíduos a buscar ativos baseados em moeda, e mais particularmente nos títulos do tesouro americano, e o medo do colapso da moeda impulsiona a busca por ativos estéreis como o ouro.
Minha própria preferência é uma terceira categoria: o investimento em ativos produtivos seja negócios, fazendas, ou o mercado imobiliário. Idealmente, esses ativos deveriam ter a capacidade, em tempos inflacionários, de trazer um retorno que manterá seu poder aquisitivo ao mesmo tempo em que exige o mínimo de novos investimentos.
Empresas do nosso país continuarão fornecendo bens e serviços procurados por nossos cidadãos. Metaforicamente, essas “vacas” comerciais viverão por séculos e produzirão cada vez mais quantidades de “leite”. Seu valor será determinado não pelo meio de troca, mas por sua capacidade de produzir leite. O produto da venda do leite será composto para os proprietários das vacas, assim como eles fizeram durante o século 20, quando o Dow subiu de 66 para 11.497 (e pago um monte de dividendos também).”
Buffet chamou a atenção para dois pontos importantes quando iniciou o artigo.
Primeiro a associação do conceito de risco a volatilidade.
Buffet defende que risco é tudo aquilo que pode reduzir o poder de compra do investidor durante o período de investimento.
Não poderíamos concordar mais. Afinal vai de encontro com o nosso pensamento.
Na continuidade do artigo, Buffet desmitifica o mito dos investimentos lastreados em moeda nacional, como os títulos públicos, estarem livres do risco.
Na opinião de Buffet tais investimentos são os mais arriscados.
Afinal os governos controlam o valor da moeda e consequentemente o resultado de tais investimentos.
E governos, como sabemos, não são bons gestores de dinheiro, ainda mais sendo este público.
O efeito da inflação reduz o retorno de tais ativos, e por diversas vezes governos mostraram que perderam o controle da inflação, levando a processos hiper-inflacionários.
E isto é um erro que governos não aprendem. O que torna o problema recorrente.
E atualmente o medo novamente que se perca o controle inflacionário é o que tem levado as altas em ativos como o ouro.
O ouro é útil para proteger o poder de compra quando o sistema monetário está em perigo por conta das políticas inflacionárias.
Buffet está certo ao mostrar que o ouro é um investimento estéril, enquanto que as ações não são, e que, quando predomina a normalidade, a bolsa tende a ter um retorno maior do que o ouro.
É por isso que Buffet tem a preferência pelos investimentos em ações.
MAS DADA A CONJUNTURA MOMENTÂNEA, QUE POR ISSO ENTENDEMOS QUE O INVESTIMENTO EM OURO DEVA FAZER PARTE, COMO FORMA DE DIVERSIFICAÇÃO E SEGURO, DE TODA A CARTEIRA DAQUELES QUE SE JULGAM INVESTIDORES.
Se Buffet está certo, só o tempo dirá.
Mas nossa gestão de risco considera que é muito risco não ter ouro em seu portfólio como forma de diversificação para provar quem está certo nesta história!
Afinal o resultado mais provável, tanto quanto podemos avaliar e dizer, é que o mundo financeiro continue tropeçando nas crises financeiras, econômicas e políticas, afetando a economia real e consequentemente os lucros das empresas e a bolsa.
Em meio a este cenário, as autoridades monetárias continuarão saindo em socorro dos mercados financeiros, imprimindo dinheiro como se não houvesse amanhã, para evitar um colapso.
E o resultado disso? Sim, desvalorização das moedas, tornando o ouro como uma boa alternativa para manter a reserva de valor!