Publicado originalmente em inglês em 22/06/2021
Após um poderoso rali neste ano, as ações dos bancos americanos perderam parte do seu brilho nos últimos dias.
O Índice Bancário KBW, que disparou cerca de 40% até meados de junho, registra agora queda de mais de 10% em relação àquele nível. As perdas no grupo foram lideradas por algumas das maiores instituições financeiras dos EUA, como o Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34), que caiu 14%, e Regions Financial (NYSE:RF) (SA:R1FC34), que se desvalorizou 17%.
Mas o que está por trás dessa mudança repentina no coração do setor financeiro americano por parte dos investidores?
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Possivelmente a perspectiva de resultados decepcionantes após desempenhos surpreendentemente robustos durante a pandemia.
O CEO do JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), Jamie Dimon, alertou os investidores na semana passada que as receitas do banco com operações no mercado financeiro (trading), um dos segmentos que mais cresceram durante a pandemia, poderia cair 38% em relação ao ano passado, para menos de US$6 bilhões no segundo trimestre. E esse número pode inclusive ficar abaixo das estimativas dos analistas de US$6,5 bilhões, que já são baixas.
Além disso, as ações do Citigroup foram as que mais caíram nos últimos cinco meses, após o banco alertar que suas despesas podem aumentar drasticamente, já que está investindo para atender medidas determinadas por órgãos reguladores.
As despesas no segundo trimestre provavelmente irão saltar para “algum ponto intermediário” da faixa de US$11,2 a 11,6 bilhões, declarou o diretor-geral financeiro Mark Mason a investidores em uma teleconferência. Para fins de comparação, no ano anterior, essas despesas foram de US$10,4 bilhões.
Demanda reprimida de crédito
O desempenho das ações dos bancos americanos superou em muito o do índice S&P 500 neste ano por causa do otimismo de que os maiores volumes de trading, a reabertura da economia e o aumento de gastos dos consumidores impulsionariam os resultados financeiros. Alguns desses argumentos, em nossa visão, ainda são válidos.
Existe, por exemplo, uma grande demanda reprimida por crédito, cuja concessão foi afetada durante a pandemia. Desde instituições individuais até grandes corporações, o ano de 2020 foi caracterizado por menores planos de gastos, já que os lockdowns forçaram os mutuários a preservar caixa e cortar custos.
Essa situação não deve persistir se a economia americana se reabrir totalmente, como planejado neste ano. Em conjunto com os massivos gastos governamentais em infraestrutura e uma redução gradual do estímulo monetário, os bancos podem ver uma aceleração na demanda por crédito durante o resto de 2021.
Gerard Cassidy, da RBC Capital Markets, afirmou em uma reportagem da Bloomberg que a fraqueza das ações bancárias representa uma oportunidade de compra, já que os empréstimos devem crescer depois que as empresas e consumidores usarem toda a sua liquidez acumulada durante a crise sanitária.
Além disso, a qualidade do crédito é forte e as margens podem melhorar no próximo ano, com a alta dos juros de curto prazo. “Combine isso com o maior crescimento dos empréstimos, e o cenário de aumento de receita pode ficar muito positivo para os bancos em 2022", declarou.
Outra razão que torna algumas instituições financeiras atraentes nesse ambiente de juros baixos é a possibilidade de acelerarem seus planos de recompra de ações e elevar seus dividendos após o teste de solvência realizado pelo Federal Reserve, cujos resultados serão divulgados em 24 de junho.
Esse teste avalia como os portfólios dos bancos reagiriam em uma hipotética crise econômica. Os maiores bancos dos EUA – grupo que inclui JPMorgan e Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34), além de Bank of America (NYSE:BAC) – devem se sair bem nos testes antes de poderem retornar dinheiro aos acionistas. Os analistas estão confiantes que os bancos não terão qualquer problema para serem aprovados.
Conclusão
O cenário econômico ainda é favorável aos bancos, o que faz com que suas ações sejam atraentes após a recente liquidação. Os investidores que querem ter alguma exposição ao setor bancário podem considerar nomes sólidos como JPM e Bank of America para inserir em suas carteiras. Graças à diversificação dos seus modelos de negócios, essas instituições de renome estão em melhores condições de superar players regionais menores.