Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 18/06/2021
As ações financeiras ficaram sob forte pressão na semana passada, o que pode ser o início de algo muito maior. Os juros caíram na ponta longa da curva a termo, resultando na contração dos spreads. A ampliação dos spreads e a alta dos juros ajudaram a alçar as ações bancárias por diversos meses. Já a redução de spreads e a queda dos juros farão com que essas ações caiam.
Adicione a isso a notícia recente de que o JPMorgan (NYSE:JPM) (SA:JPMC34) e o Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34) esperam números mais fracos em suas unidades de trading no segundo trimestre do que nos períodos passados. A atividade nos mercados mais amplos de ações parece ter se acalmado bastante nos últimos meses, e os volumes menores de negociação não ajudarão esses bancos no terceiro trimestre.
Redução de spreads
O maior problema para os bancos é a queda de juros na ponta longa da curva e a sua alta na ponta curta. Veja, por exemplo, que os rendimentos da nota referencial de 10 anos do tesouro americano caíram mais de 20 pontos-base (pb) desde 13 de maio, para 1,5%. Enquanto isso, o rendimento de 2 anos subiu cerca de 6 pb, para 21 pb no mesmo período. Isso reduziu o spread para 1,29% desde o pico de 1,55% em 13 de maio.
Com a compressão maior do spread, é possível que a corrida de alta dos bancos tenha acabado, abrindo espaço para um declínio ainda maior. Embora seja difícil de acreditar, em razão de tantos rumores sobre a inflação e a alta de juros, é muito provável que isso aconteça.
A virada
O Fed fez uma significativa virada de posicionamento na quarta-feira, quando sua projeção trimestral mostrou duas elevações de juros até 2023. A previsão mostrava uma alta de 60 pb nos juros federais de overnight. Isso é muito maior do que os atuais 21 pb da nota de 2 anos. Isso significa que, com o tempo, os mercados devem começar a antecipar altas de juros. Essa antecipação é o que fará com que os juros subam na ponta curta da curva.
Além disso, se as forças do mercado continuarem em jogo e os bancos centrais, como o Fed e o BCE, seguirem comprando títulos longos, os juros na ponta longa da curva devem permanecer contidos. Além disso, os preços das commodities estão caindo bastante, e se o dólar se fortalecer, eles podem cair ainda mais. Isso significa que a recente alta na inflação arrefecerá, provocando uma queda ainda maior nos juros na ponta longa.
Análise dos aspectos técnicos
Os gráficos técnicos dos bancos sugerem que pode haver mais dor de queda pela frente. O JPMorgan já está apresentando vários sinais baixistas após a perda de uma importante linha de tendência de alta iniciada no fim de 2020. Junte-se a isso o Índice de Força Relativa (IFR) em tendência de baixa, e o que temos é a indicação de que a ação pode ter mudado sua tendência maior e parece estar em direção ao próximo nível de suporte a cerca de US$146.
A situação no Citigroup não é diferente, com a mesma perda de uma linha de tendência de longo prazo e o IFR apresentando reversão para baixo. Ambos os fatores indicam que o Citigroup está passando por uma reversão em sua tendência de longo prazo, e a perda do suporte a US$ 68,50 pode fazer o papel cair até perto de US$ 63.
A queda do setor financeiro pode ser um grande problema para o mercado mais amplo, se a tendência persistir. Até o fim de maio, o setor financeiro contribuiu com quase 3,1% na retomada do S&P 500 de 12,6%, com base nos dados dos índices S&P Dow Jones. Se as empresas financeiras caírem ainda mais, o índice mais amplo precisará que outro setor compense essa perda. Pode ser que tudo caia sobre os ombros da tecnologia novamente.