As cotações do açúcar cristal comercializado no spot paulista mantiveram-se praticamente estáveis entre o fim de fevereiro e o início de março, oscilando entre R$ 80,00 e R$ 81,00 por saca de 50 kg. A dinâmica do mercado também seguiu inalterada, com oferta restrita de cristal nesse período de entressafra. Segundo colaboradores do Cepea, mesmo com alguns compradores fora do mercado por estarem abastecidos, a liquidez se manteve estável. De 2 a 6 de março, a média do Indicador CEPEA/ESALQ, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, foi de R$ 80,80/sc, pequena queda de 0,14% frente à da semana anterior. Com relação à safra 2020/2021, algumas usinas do estado de São Paulo (28% da amostra consultada pelo Cepea) devem iniciar a moagem já neste mês. Até o fim de abril, praticamente todas as usinas paulistas devem estar produzindo. Mesmo assim, segundo pesquisadores do Cepea, a oferta de açúcar não deve se alterar de imediato, visto que os primeiros lotes de cana-de-açúcar são direcionados para a produção de etanol.
ETANOL: PREÇO DO HIDRATADO SE ENFRAQUECE
Após registrarem movimento de alta por cinco semanas consecutivas, os valores do etanol hidratado caíram em São Paulo no início de março. Entre 2 e 6 de março, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado fechou a R$ 2,1078/litro (sem ICMS e sem PIS/Cofins), recuo de 1,29% em relação ao da semana anterior. No caso do etanol anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ foi de R$ 2,2718/litro (sem PIS/Cofins), ligeira queda de 0,18% no mesmo comparativo. Segundo pesquisadores do Cepea, a pressão veio do aumento pontual da oferta, tendo em vista que parte das usinas desovou os estoques para fechamento do ano-contábil. Além disso, a entrada de etanol de outros estados no mercado paulista também influenciou a baixa nos valores. Pesquisadores do Cepea ressaltam que a demanda, por sua vez, não mostrou sinais de reação.
TRIGO: COM DÓLAR ELEVADO, IMPORTAÇÕES DIMINUEM EM FEVEREIRO
Mesmo com a baixa oferta doméstica, as importações de trigo recuaram em fevereiro, devido à expressiva valorização de 4,9% do dólar frente ao Real e aos preços mais firmes na Argentina – que, vale lembrar, é a principal fornecedora do cereal ao Brasil. Conforme dados da Secex, em fevereiro, o Brasil importou 526,1 mil toneladas de trigo em grão, volume 18,8% inferior ao de janeiro/20 e 13,2% menor que o de fevereiro/19. Desse total, 87,6% tiveram como origem a Argentina, 6,9%, os Estados Unidos, e 4,7%, o Paraguai. Para as farinhas, as aquisições no mercado internacional em fevereiro foram 11,5% inferiores às de janeiro, mas 11,6% maiores que as de fevereiro do ano passado, somando 28,2 mil toneladas. Nesse cenário de baixa oferta interna e dólar elevado, os preços domésticos do trigo seguem firmes no Brasil. Segundo colaboradores do Cepea, compradores relatam ainda ter trigo armazenado, mas demonstram necessidade de novas aquisições para manutenção dos estoques até o início da próxima safra. Vendedores, por outro lado, estão retraídos, e aqueles ativos no mercado estão firmes nos valores pedidos.
IPPA: PREÇOS AGROPECUÁRIOS VARIAM POUCO E IPPA REGISTRA LEVE ALTA DE 0,8% EM FEVEREIRO
Os preços agropecuários, em média, variaram pouco entre janeiro e fevereiro de 2020. Especificamente, em fevereiro, o IPPA/Cepea (Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários) teve leve alta nominal de 0,8% frente a janeiro. O IPPA-Pecuária/Cepea voltou a crescer em fevereiro (2,6%), após ter recuado em janeiro pela primeira vez desde setembro do ano passado. No mês, o índice da pecuária foi impulsionado pelas altas do boi gordo, do leite e dos ovos. Em sentido contrário, o IPPA-Hortifrutícolas/Cepea caiu 5,8% frente a janeiro, pressionando o índice geral. Nesse caso, as pressões de baixa vieram do tomate, da banana e da uva. Já o índice de grãos, IPPA-Grãos/Cepea, ficou estável entre janeiro e fevereiro (+0,1%). As altas principalmente do milho e do algodão foram compensadas por uma leve redução no preço da soja (produto com o maior peso na formação do índice), causando a estabilidade observada. Na mesma comparação, o IPA-OG-DI Produtos industriais, calculado e divulgado pela FGV, reduziu 0,7% – logo, de janeiro para fevereiro, os preços agropecuários, embora tenham crescido pouco, subiram frente aos industriais da economia.