Me mandaram uma piada outro dia que dizia o seguinte:
"Alguém aí, que já leu a Constituição inteira, sabe dizer se o Brasil morre no final?"
É uma piada meio estranha. Talvez pudesse ser contada em outras palavras.
O Brasil parece caber sempre naquela novela das 8, quer dizer, 9, a novela com 50, 100, 200 capítulos, cuja essência nos remete sempre para a mesma pergunta: "O protagonista morre no final? seja ele o "bonzinho" ou o "vilão"?
Quem é novo, ouve dos pais que o país sempre foi o "país do futuro". sim, porque os pais deles, isto é, os pais dos pais atuais, sempre disseram que o Brasil era o "país do futuro". Pra variar, os pais dos pais dos pais atuais também falavam. Não muda nunca.
Os caras lá fora sempre reclamam; reclamam dos Democratas, dos Republicanos, reclamam dos "Kennedy", dos "Clinton", dos "Bush" dos "Obama", mas o que menos se pode dizer é que o país sempre foi o "país do futuro".
Sim, porque o "futuro" foi criado por eles, cada um a seu modo.
Ford, IBM, Merck Sharp Dohme, Mc Donald's, JP Morgan, Goldman Sachs, Apple, Google, Facebook, o que não faltou foi "futuro" para cada um, em cada dado momento.
Se pensarmos a fundo, estivemos próximos do "leito de morte" em vários momentos.
Talvez o primeiro a nos salvar da morte foi D. Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, quando nos libertou de Portugal.
Dali em diante futuro era o que não faltava. "O Brasil é nosso" foi o lema de Getúlio Vargas. O futuro do brasileiro cabia assim dentro de uma estatal financiada com dinheiro público, ou seja, com o meu, o seu, o nosso dinheiro.
A Petrobras (SA:PETR4) ainda não iria para o túmulo; não, não naquele momento, mas o Brasil quase foi. Pendurado no Estado Novo de Vargas, recheado por crises e mais crises, o Brasil esteve perto de ser sepultado.
Foi salvo por um mineiro de nome complicado, Juscelino Kubitschek.
Sua visão revolucionária para a época, moldando um país mais industrial e aberto, conseguiu trazer multinacionais para o país. No entanto, deixou para sempre plantada a semente da inflação, semente essa que se transformaria num dos piores pesadelos para um país recém republicano.
O pesadelo da inflação finalmente mataria o Brasil?
Não morremos, porém, vivemos em coma durante os anos 80 e parte dos anos 90.
O Brasil "vegetava". produzia-se, "Sabe Deus como", plantava-se "Sabe Deus como", vendia-se "Sabe Deus como", exportava-se "Sabe Deus como".
Até que a luz do fim apareceu. Parecia o milagre.
Um sociólogo assumiu o Ministério da Fazenda e tornou-se Presidente da República. Talvez o mais próximo de um "Kennedy", de um "Clinton", de um "Bush", de um "Obama".
Foi apenas um sonho.
Como disse várias vezes o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, tudo que nós vivemos naquele período de Fernando Henrique Cardoso foi um sonho. Vivemos de fato tudo aquilo?
Passou.
Privatizações, inflação de 2% ao ano, depois de 70%-80% ao mês, Responsabilidade Fiscal, congelamento dos salários dos servidores públicos por 8 anos, criação de agências reguladoras, desregulamentação de setores monopolizados, pra ficarmos em alguns dos sonhos.
Deus preocupado, sim, já disseram que Deus é Brasileiro, mandou de presente para o Brasil a maior bolha de commodities de toda a história econômica. e por quase 10 anos! De 2004 a 2011.
Curtimos a vida adoidado, gastamos com mulheres, amigos, bordéis, uma farra jamais vista.
Acordamos um belo dia sem dinheiro, sem perspectiva e doentes.
Mais uma vez.
Na antessala do CTI, uns 10 candidatos à Presidência da República.
Tem de tudo na antessala; quando falo tudo, é tudo mesmo.
Um show de horrores.
Estamos nos últimos capítulos.
Afinal, o Brasil morre no final?