LCIs em alta: O que está acontecendo?

Publicado 21.05.2025, 10:30

A demanda por LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) está excepcionalmente alta, algo incomum mesmo em períodos sazonais típicos. Normalmente, há um aumento de procura nos primeiros meses do ano devido a fatores como bônus, 13º salário e restituições de imposto de renda. No entanto, a queda na rentabilidade das LCIs para 90,75% a 91% do CDI, patamar bem abaixo dos 96% de cerca de um mês atrás, indica um desequilíbrio entre oferta e demanda, sem precedentes na história recente. Além disso, há relatos de que algumas letras vem sendo emitidas totalmente sem lastro, reforçando que os bancos estão enfrentando dificuldade para atender a demanda com novos títulos lastreados.

Nos últimos cinco anos, só vimos compressão semelhante nas LCIs no choque de liquidez da pandemia, a partir do segundo trimestre de 2020. Mas havia uma razão para isso. O fenômeno de agora não é mero efeito sazonal como alguns acreditam. Em anos normais há um repique de procura em janeiro‑fevereiro pelas razões citadas acima, mas as LCIs de grandes instituições financeiras, por exemplo, jamais chegaram a menos de 92 % do CDI nesses períodos como vemos hoje. Deterioração esta que reforça o descompasso entre oferta e demanda. Na realidade, há uma corrida acelerada para a renda fixa.

Quatro fatores explicam toda essa movimentação. O primeiro deles são os resgates expressivos nos fundos de investimento, que perderam atratividade frente aos títulos isentos. Outro ponto a ser considerado é a Selic elevada, atualmente em 14,75% ao ano, fortalecendo o apelo da renda fixa. A curva de juros invertida também deve ser destacada porque indica que os riscos no curto prazo são maiores do que no longo. Por fim, o quarto fator é a oferta limitada de lastro que restringe a capacidade dos bancos de emitir novas LCIs.

Dito tudo isso, fica a pergunta: até onde vale a pena investir em LCIs? Apesar da compressão na rentabilidade, as LCIs oferecidas entre 90% e 92% do CDI equivalem a um CDB de 106% a 112% do CDI, dependendo do prazo. Se um investidor costuma aplicar dinheiro em CDBs ou fundos que rendem igual ou menos do que 105% líquidos de taxa, a LCI no patamar atual continua competitiva. Porém, abaixo de 88% do CDI deixa de valer a pena.

As LCIs não são o único caminho do dinheiro retirado de fundos de investimento. Parte desses recursos segue para outros tipos de aplicação, como o Tesouro Selic, que é considerado uma alternativa segura para preservar capital. CDBs de bancos sólidos que pagam mais de 105% do CDI também são muito procurados

Além da busca por LCIs, os investidores que estão retirando dinheiro de fundos de investimento estão direcionando seus recursos para o Tesouro Selic, como alternativa segura para preservar capital. Outra parte é encaminhada para CDBs de bancos sólidos, especialmente aqueles que pagam mais de 105% do CDI. Investidores mais conservadores também têm buscado Letras Financeiras (LFs), que oferecem boas condições para quem tem esse perfil.

A consequência de tudo o que está acontecendo é que o mercado de fundos de investimento passa por uma fase delicada. Mesmo assim, o retorno dos investidores pode ocorrer caso as LCIs deixem de ser competitivas. Uma mudança no cenário, que traga o mercado à normalidade, também pode tornar os fundos novamente atrativos sem criar pressão nas LCIs. Enquanto nada disso acontece, quem deseja preservar capital e liquidez imediata, fundos de caixa se apresentam como alternativas interessantes.

Tal tipo de fundo oferece rentabilidade sustentável frente ao CDI e liquidez quase imediata, permitindo movimentação de recursos sem carência. Outra característica positiva é o baixo risco, adequado para perfis conservadores e empresas que buscam flexibilidade. Com retorno de CDI + 0,15 ponto porcentual nos últimos 12 meses e volatilidade mínima, o Trópico Cash se posiciona como um "estacionamento premium" para investidores que buscam segurança e previsibilidade.

Voltando a falar do cenário de forte migração dos investidores para LCIs e renda fixa, impulsionada pela Selic elevada e pelo amadurecimento dos investidores de varejo, que buscam alternativas estratégicas, vale ressaltar que essa movimentação terá consequências futuras – na realidade, isso já é observado. A alta demanda gera escassez de lastro e isso pode limitar novas emissões, tornando esses títulos ainda mais disputados. O "lastro" é essencialmente a base de segurança desses investimentos. No caso das LCIs, ele vem de créditos imobiliários que sustentam a captação de recursos. 

Enquanto isso, os fundos de investimento seguem fora do radar, mas devem recuperar relevância caso o mercado se ajuste e novas oportunidades surjam. Diante desse ambiente dinâmico, investidores e gestores precisam acompanhar atentamente as movimentações do mercado para identificar os melhores momentos de entrada e saída dos diferentes produtos financeiros.

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