Continuamos “gravitando” em torno do Orçamento 21, a ser sancionado nesta quinta-feira, dia 22, pelo presidente Bolsonaro, e sempre, a preocupação com o ritmo da pandemia e seus mortos.
Começa a ocorrer uma reversão de mortes e casos. Ontem, dia 19, chegaram a 1.347, na média de sete dias 2.866, acumulando 375 mil desde o início. Os novos casos foram 30.624. Nas vacinações, já são 11,5% da população com a primeira dose e 4,1% totalmente vacinados.
Sobre o Orçamento, em novo capítulo o Congresso aprovou nesta segunda-feira o Projeto de Lei que torna possível ao governo cortar despesas discricionárias, como investimentos e manutenção da máquina pública, por decreto e não mais por lei. Busca-se com isso, flexibilizar ou agilizar os ajustes (ganhar tempo) e preservar as despesas obrigatórias, mais focadas em encargos sociais e pessoal.
Ao longo do dia, no entanto, a articuladora política do governo, chefe da Casa Civil, Vera Arruda, ligada ao Centrão, anunciou que o veto parcial das emendas no Orçamento seria de R$ 10,5 bilhões, e não R$ 16,5 bilhões como esperava o mercado e o próprio ministro Paulo Guedes. Lembremos que esta era a proposta inicial de Marcio Bittar, relator do Orçamento, rejeitada pelo ministro Guedes. A idéia seria aproximar da sanção presidencial um “meio termo”, entre a aprovação integral do Centrão e a veto de todas as emendas, como queria Paulo Guedes. Seria uma solução intermediária.
Diante dos extremos, esta solução intermediária seria a metade no veto das emendas, de R$ 31 bilhões para cerca de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões. Lembrando que parte destas emendas vem do remanejamentos dos orçamentos de ministérios, como da Integração Regional do ministro Rogério Marinho (desafeto de Paulo Guedes), ou mesmo da Infraestrutura, de Tarcísio Freitas. Dois ministérios, que precisam entregar obras, pensando no ano eleitoral de 2022. Já no outro lado, um ministro que tem por prerrogativa “sentar em cima do cofre” e preservar a “lei do teto” e a “responsabilidade fiscal”. Por isso, achar que seria de bom grado o detalhamento destas emendas, antes em R$ 31 bilhões, até porque 2022 é ano eleitoral e muitos deputados podem estar só querendo “fazer caixa” para a campanha eleitoral.
Segunda-feira foi um dia também positivo para a Petrobras (SA:PETR4), depois da posse do diretor presidente general Luna e Silva e o seu discurso apaziguador. Disse que inicialmente iria mais ouvir do que falar e tinha por objetivo reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis sem desrespeitar a “paridade no mercado internacional”. Acalmou os investidores, acionistas minoritários, que foram às compras e fizeram a Petr4 avançar 5,8% no dia, embora perdendo um pouco ao fim, devido às declarações da articulista Vera Arruda.
Tivemos também o indicador de atividade IBC-br de fevereiro (+1,7% em fevereiro contra março), importante por “medir” como anda a economia real.
Ao que parece, olhando pelo retrovisor a recuperação sob a forma de “V” aconteceu. O problema é que esta não deve se sustentar em março e abril, dado o atraso das vacinas e o aumento do isolamento social. Para março, inclusive, trabalhamos com um recuo de até 8%. Os indicadores de confiança corroboram para isso, seja pela piora da pandemia, seja pelo aumento do isolamento. Os indicadores de março devem vir bem piores do que os de fevereiro em todas as grandes pesquisas do IBGE (PMC, PIM e PMS).
Segundo o mercado, por este indicador, o IBC-Br, nos dois primeiros meses do ano a economia estava rodando 1% acima do nível pré-pandemia. A indústria se encontrava 2,5% acima, o varejo ampliado quase 2,0%, e o setor de Serviço 2% abaixo. No trimestre estaremos zerando o crescimento. De qualquer maneira, mesmo havendo queda da atividade no segundo trimestre, devido ao isolamento social, a queda deve ser bem menor do que os 9% no segundo trimestre de 2021.
Para o ano o crescimento previsto do PIB, pela pesquisa Focus, é de 3,0%, menor do que na semana anterior (3,25% um mês atrás). Este desempenho estará atrelado ao ritmo das vacinações e a evolução da pandemia. Se este ritmo vier favorável, o crescimento pode ficar acima do esperado. Estimativas indicam que a vacinação de adultos pode chegar a 70% até setembro próximo. Sendo assim, o segundo semestre de atividade deve transcorrer bem melhor do que o primeiro.
Sobre o mercado, a bolsa de valores chegou a se firmar no postivo ao longo do dia 19, mais um de alta, mas ao fim perdeu força diante das declarações da ministra da Casa Civil, Vera Arruda, falando em veto parcial de R$ 10,5 bilhões. o que não agradou ao mercado, nem ao ministro Paulo Guedes.
Ao fim, o Ibovespa fechou em discreta queda de 0,15%, a 120.933 pontos, com a Petr4 subindo quase 6% (5,8%), depois das declarações do novo presidente Luna e Silva. Já o giro financeiro chegou a R$ 50,1 bilhões em dia de vencimento de opções. No mês de abril a bolsa avança 3,69%, depois de +6% em março e no ano, 1,61%.
Já o dólar seguiu na sua trajetória de queda, -0,61%, a R$ 5,57, tendo recuado a R$ 5,52 em alguns momentos do dia. Deu uma pressionada no final, pelo impasse do Orçamento.
Nesta manhã de terça-feira, os mercados de ouro e de petróleo operavam em alta. As bolsas de NY operavam no vermelho, e as da Europa na mesma toada.