Publicado originalmente em inglês em 17/08/2021
Resumo:
- Ações da AMD estão mostrando força, à medida que a empresa rouba participação de mercado da Intel.
- Esses ganhos estão se traduzindo em um robusto crescimento de resultados para a AMD neste ano, apesar das restrições de oferta de chips.
- Analistas continuam com visão favorável em relação às ações da AMD, apesar da sua poderosa corrida de alta neste ano.
As ações da Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) (SA:A1MD34) estão ganhando vigor novamente, após um começo de ano devagar. Sua disparada de 45% no último trimestre é cerca de três vezes maior do que o retorno gerado pelo Índice de Semicondutores da Filadélfia.
Esse forte repique faz com que os investidores se perguntem até onde irá esse rali, principalmente após a disparada de mais de 1.500% do papel nos últimos cinco anos.
Há três fatores principais que respaldam a nossa visão de que a AMD deve superar o desempenho dos seus concorrentes nos próximos anos, tornando suas ações candidatas ideais para qualquer portfólio de crescimento. Vamos analisar melhor o cenário:
1. Ganhos de participação de mercado
Um dos principais fatores de impulsão das ações da AMD é a fraqueza de uma das suas maiores concorrentes, a Intel (NASDAQ:INTC).
Após décadas atrás da Intel, maior fabricante mundial de chips, a AMD vem ganhando terreno nos últimos anos. A AMD fechou suas unidades de produção de chips há mais de uma década e agora depende de fabricantes terceirizados, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing (NYSE:TSM) (SA:TSMC34), que possui uma das maiores plantas industriais de chips do mundo.
Essa estratégia de terceirização ajudou a AMD em um momento em que a Intel sofre uma série de reveses de desenvolvimento, ficando para trás no lançamento de novos processadores. O lançamento dos seus processadores para servidor EPYC 7003 neste ano, por exemplo, deve ser um divisor de águas para a AMD e seu mercado de servidores.
Analistas dizem que os novos chips da AMD oferecem mais do que o dobro de desempenho do melhor processador da Intel, o que deve acelerar a margem de lucro da empresa no lucrativo mercado de servidores neste ano e impulsionar ainda mais seus resultados.
Além disso, a empresa está progredindo em áreas além dos servidores. Outras linhas de negócios da AMD, como PCs tradicionais e jogos – estão bombando. A empresa produz os principais processadores para a próxima geração de consoles da Microsoft (NASDAQ:MSFT) e Sony (NYSE:SONY). A demanda por esses aparelhos explodiu durante a pandemia.
A AMD também tem se beneficiado de outra linha de negócios, vendendo processadores para data centers. Esse segmento decolou com a introdução das novas gerações de chips de alta performance nos últimos anos, sob os auspícios da CEO Lisa Su.
Até recentemente, a unidade de data centers da Intel atendia mais de 99% do mercado de chips que formam o coração das redes e infraestrutura de internet corporativas. Mas essa liderança está sob ameaça, em razão de anos de tropeços da Intel em suas operações de manufatura.
A divisão Google Cloud da Alphabet (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34) disse, em junho, que oferecerá serviços de computação na nuvem com base no mais novo chip para data centers da AMD. Fornecedores de computação na nuvem, como Google e Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) estão entre os maiores compradores de chips de data centers.
2. Resultados positivos
Esses ganhos de mercado estão se traduzindo em um robusto crescimento de resultados da AMD, dando aos investidores uma sólida razão para manter o otimismo com a perspectiva da companhia.
No segundo trimestre, seu lucro mais do que triplicou, alcançando US$710 milhões, e suas vendas dispararam 99%, para US$3,8 bilhões, graças à forte demanda de processadores de ponta, como Ryzen e Radeon.
A AMD também forneceu uma projeção otimista para o 3º tri, antecipando vendas de cerca de US$4,1 bilhões, acima das expectativas dos analistas. Além disso, a companhia elevou sua perspectiva anual e agora espera que sua receita aumente 60%, uma alta em relação à previsão anterior de crescimento de 50%.
As margens brutas superaram os patamares do 2º tri, saindo de 43,9% no 2T20 para 47,5%, ao mesmo tempo em que as margens de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também saltaram, atingindo 24,4% em comparação com 12,7% no mesmo período do ano passado.
Esses ganhos ocorrem no momento em que a AMD se concentra apenas na venda dos chips mais lucrativos, deixando a ponta inferior do mercado para a Intel.
Su disse aos investidores durante a teleconferência de resultados do mês passado:
“Estamos focando os segmentos mais estratégicos do mercado de PCs. Acreditamos que os negócios de data center continuarão sendo um forte vetor para nós no segundo semestre do ano”.
Essa melhora no faturamento e lucro da AMD faz com que ela seja uma empresa em rápido crescimento e com sólidos fundamentos. Nos últimos três anos, a geração de fluxo de caixa da companhia melhorou significativamente, com os fluxos de caixa operacional disparando para US$1,07 bilhão em 2020, em comparação com apenas US$34 milhões em 2018.
A AMD também está mais bem posicionada para performar no momento em que a escassez de chips prejudica diversos players na indústria durante a pandemia de Covid-19. O grande diferencial da AMD é sua relação de longo prazo com seu principal fornecedor, a TSMC. Neste ano, a TSMC declarou que seu segmento de computação de alta performance, onde residem os negócios da AMD, serão um “grande vetor de crescimento” para a empresa de fundição.
3. Analistas estão otimistas
A rápida expansão de market share da AMD e seu histórico de superação de expectativas fez com que diversos analistas de renome ficassem otimistas com seus papéis. Dos 38 analistas pesquisados pelo Investing.com, 23 recomendam compra, enquanto 15 têm classificação neutra.
Gráfico: investing.com
Vivek Arya, analista do Bank of America Securities, estabeleceu o preço-alvo de US$120 para a ação, dizendo, em nota, que o possível atraso nos lançamentos de produtos da Intel, bem como o recente acordo da AMD com o Google, indicam um crescimento maior para os negócios de data center da companhia.
Além disso, a participação da AMD no mercado de supercomputadores aumentou mais de duas vezes nos últimos seis meses e em cinco vezes no último ano, o que mostra “a maior competitividade da AMD nesse segmento, um forte indicador de bom desempenho futuro em nuvem corporativa”, de acordo com sua nota citada pelo CNBC.com.
Ambrish Srivastava, analista da BMO Capital Markets, passou a ficar otimista com as ações da AMD, reconhecendo que errou o alvo diante da forte execução da empresa. Ele elevou seu preço-alvo de AMD de US$80 para US$110 em nota citada pelo Market Watch.
Srivastava pensava que a AMD era uma aposta otimista demais, mas as estimativas de resultados para 2021 e 2022 já subiram bastante desde que rebaixou a recomendação da empresa em janeiro; agora prevê um “viés de alta contínuo”, “principalmente com a AMD aprimorando projetos já consolidados em data centers, da computação de alta performance à rede corporativa, incluindo CPUs e GPUs”.
A nota disse ainda:
“A execução da empresa a posiciona como alternativa viável à Intel no futuro próximo”.
Conclusão
Não faltam razões para acreditar que a atual trajetória de alta da AMD irá continuar, considerando o crescimento dos seus resultados, sua execução superior e capacidade de roubar participação de mercado da Intel em grandes setores lucrativos, como data centers.