As cotações do trigo encerraram setembro em queda, pressionadas principalmente pela maior oferta do cereal recém-colhido. Ao mesmo tempo, alguns compradores que já estavam abastecidos permaneceram fora do mercado, na expectativa de valores menores que os praticados durante o mês. No Paraná, por outro lado, moinhos estiveram um pouco mais ativos em alguns momentos, com o objetivo de comprar e armazenar o grão da safra 2017/18 para, posteriormente, produzir farinha. Em São Paulo, os preços recuaram devido ao maior interesse de venda, refletindo a baixa expectativa de melhora nos preços, os custos elevados para armazenagem do grão e a preferência por estocar soja neste período, segundo agentes.
As cotações caíram com mais intensidade durante o mês nos estados que já estão em período de colheita, como São Paulo e Paraná. No mercado de balcão, as baixas foram de 4,2% no estado paranaense e de 2,9% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes, as desvalorizações foram de 8,6% em São Paulo, de 6% no Paraná, de 5,6% no Rio Grande do Sul, e de 4,2% em Santa Catarina. No campo, os trabalhos avançaram em bom ritmo em setembro, mas as precipitações no encerramento do período impediram o progresso da colheita. As chuvas fortes e com granizo que atingiram algumas regiões do PR e do RS prejudicaram os grãos, especialmente aqueles que estão na fase final do ciclo. De acordo com o Deral/Seab, cerca de 71% da área já havia sido colhida no Paraná até o dia 2 de outubro – avanço de 65 pontos percentuais frente ao mês anterior.
No Rio Grande do Sul, os volumes pluviométricos estiveram baixos no norte do estado, onde se concentram as lavouras de trigo – as chuvas se concentraram na região sul. De acordo com a Emater/RS, apesar do retorno das precipitações, apenas parte do Rio Grande do Sul deve se beneficiar com esse cenário. Até o dia 28 de setembro, 18% das lavouras ainda estavam em fase de perfilhamento, 30%, em floração, e 48%, em formação de grão.
Na Argentina, as chuvas foram expressivas durante todo o mês de setembro, com os maiores volumes registrados para o mês em 45 anos. Segundo boletim da Bolsa de Cereales do dia 28 de setembro, são estimados 5,45 milhões de hectares de trigo na Argentina, 1,8% acima do divulgado em relatórios anteriores, com estimativa de produção de 16,8 milhões de toneladas.
FARINHAS – No mercado de farinhas, os preços tiveram comportamentos distintos durante o mês de setembro. As cotações de algumas variedades subiram, atreladas à moagem reduzida. Já outras, apresentaram quedas, devido ao baixo interesse de compra – apesar das desvalorizações do grão, moinhos não se sentiram encorajados a aumentar o processamento do cereal. Nesse cenário, os preços das farinhas para pré-mistura, massas frescas, bolacha doce e panificação registraram altas de 2,97%, 0,51%, 0,49% e 0,22%, respectivamente. Já as cotações do produto para bolacha salgada, integral e massas em geral recuaram 0,84%, 0,61% e 0,20%.
FARELO – Quanto ao farelo de trigo, os preços aumentaram expressivamente em setembro, refletindo a demanda mais aquecida e a menor oferta do produto no mercado em função da moagem ainda reduzida. No acumulado do mês, as cotações do farelo ensacado subiram 12,91%, e as do a granel, 8,56%.
MERCADO INTERNACIONAL – Nos Estados Unidos, os futuros de trigo encerram setembro em alta, impulsionados principalmente por estoques globais menores e pelo enfraquecimento do dólar, que tornou o cereal norteamericano mais competitivo, aumentando o interesse de compra pelo grão daquele país. Nesse cenário, o contrato Dez/17 do trigo Soft Red Winter (Bolsa de Chicago) avançou 6,6%, a US$ 4,4825/bushel (US$ 164,70/t) no dia 29. Na Bolsa de Kansas, as cotações apresentaram alta de 7,3% no período, para US$ 4,4275/bushel (US$ 162,68/t).
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO – As importações brasileiras de trigo somaram 461,94 mil toneladas em setembro, volume 29,6% menor que o do mês anterior. Do total adquirido, 92,63% vieram da Argentina, 5,95%, dos Estados Unidos, e 1,41%, do Paraguai, segundo dados da Secex. No segmento de farinhas, as importações aumentaram 12,2% de agosto para setembro, totalizando 39,36 mil toneladas – volume recorde desde novembro/14. As exportações brasileiras deste derivado recuaram fortes 68,3% na mesma comparação, para 985 toneladas em setembro.
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