Faltou força
Após um forte movimento vendedor na tarde de ontem, com investidores assumindo postura mais cética quanto a Trump (mais abaixo), Bolsas internacionais ensaiaram recuperação… mas faltou força. Lá fora, tudo próximo do zero-a-zero.
Aqui, Bolsa começou o dia pesada, mas assumiu tom mais positivo após abertura de Nova York. No início da tarde, alta era moderada com ponta vencedora guiada por resultados corporativos e eventos societários. Na ponta negativa, predomínio de nomes locais que, após boa performance nos últimos dias, vêem realização. Juros em alta moderada ao longo de toda a curva. Dólar volátil e sem direção.
Arte da negociação
É aguardada para a tarde de hoje a entrega, ao Congresso, da atualização do acompanhamento de receitas e despesas da Fazenda. A equipe econômica deve sinalizar contingenciamento de despesas, e torcemos que o sinal seja suficientemente austero: na hipótese de aliviarem a mão, mercado pode questionar (e com razão).
Não esqueçamos que política é a arte da negociação — e, para o bem ou para o mal (ênfase no segundo, infelizmente), a turma que está lá domina bem isso.
Nessa linha, Temer sinalizou que Estados e Municípios, que têm regimes próprios de previdência, ficam fora da reforma. Por mais que soe mal, reconheço que o argumento é bom. Ademais, o atraso na aprovação do socorro aos Estados em apuros — que tanto critiquei — há de se mostrar positivo: quem enfrenta problemas terá que endereçar a questão de qualquer jeito.
Pior para os governadores, que atraíram para si o desgaste em torno da questão.
Ressaca
Quem tem sua capacidade de negociação testada é a administração Trump, que enfrenta resistências na promoção de mudanças no Obamacare.
O episódio parece ter servido, pelo menos, para fazer com que o mercado cogitasse a nada irrazoável hipótese de nem tudo ser um mar de rosas para Donald.
Já era em tempo: após tantas semanas de embriaguez, é natural que a ressaca seja forte.
Olho no Congresso. E em Yellen, amanhã.
O futuro manda a conta
“Liberação de FGTS dispara vendas de celulares”, li poucos dias atrás.
Se você está com as finanças em dia, a liberação do Fundo lhe impõe pelo menos duas possibilidades:
Ou você o gasta com algum supérfluo, como se o FGTS fosse dinheiro que caiu do céu…
…ou você o destina à sua finalidade original — construir patrimônio para o seu futuro.
Cada um sabe de si, mas quem avisa amigo é: o futuro manda a conta.
Se quiser pensar no longo prazo, sugiro dar uma olhada na nova oportunidade encontrada pelo Felipe.
Farinha pouca, meu pirão primeiro
A julgar pelas aparências, Câmara hoje é toda voltada ao projeto que amplia as possibilidades de terceirização. Mas não nos enganemos: o que ocupa as mentes dos parlamentares é a construção de soluções que salvem suas próprias peles — para eles, eles vêm primeiro.
Nova fase da Lava Jato, ontem, chegou perigosamente perto do centro do poder. Não é fruto do acaso que a operação Carne Podre já esteja sendo usada como pretexto para trazer de volta ao palco as discussões em torno de uma lei de abuso de autoridade.
Enquanto isso, no TSE, Herman Benjamin encerrou a fase de instrução do processo que pode levar à cassação da chapa Dilma-Temer. Aventa-se a possibilidade de caso ir a plenário ainda em abril.
Será que o mercado vai simplesmente precificar que uma roda interminável de chicanas assegurará Michel no poder até 2018 ou, pelo menos, teremos questionamentos no meio do caminho?