Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 27/08/2021
As ações continuaram subindo, mesmo diante da perspectiva de redução de compras de ativos pelo Fed. Não importa quando o aperto do banco central americano irá começar, pois isso uma hora vai acontecer e pode ter um impacto significativo nos preços das ações.
A antecipação do evento ajudou a fortalecer o dólar, aumentou os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, inclusive da nota referencial de 10 anos, além de pressionar para baixo os mercados acionários em algumas regiões do mundo.
Os mercados americanos seguiram em trajetória distinta, quebrando recorde atrás de recorde e ignorando as mensagens de aperto monetário do Fed. Apesar da recusa do mercado acionário, as condições financeiras começaram a sofrer um aperto. Isso gerou muita volatilidade, tornando esse período particularmente arriscado.
Condições financeiras estão começando a piorar
O índice de Condições Financeiras Nacionais do Fed de Chicago tem forte correlação com o humor de apetite ou aversão ao risco do S&P 500 ao longo dos anos. O afrouxamento das condições financeiras ajudou a impulsionar os preços das ações, enquanto condições de aperto geraram turbulência ou correções bastante acentuadas.
Após o início da pandemia, a política monetária tornou-se extremamente acomodatícia, permitindo o afrouxamento das condições financeiras e ajudando a impulsionar o S&P 500 até máximas recordes. Mas as condições registraram fundo no fim de junho e, desde então, reverteram a tendência e passaram a subir, saltando para -0,67 até 25 de agosto a partir de -0,72 em 2 de julho.
Aversão a condições de mais aperto
Embora o aperto seja pequeno – e as condições estejam frouxas, em termos relativos – não é necessário um aperto muito grande para que ocorram transtornos no mercado acionário. De janeiro a abril de 2018, houve um aperto das condições de quase -0,65 para -0,50, e o S&P 500 caiu aproximadamente 11%. O mesmo ocorreu em setembro de 2018, quando as condições sofreram um aperto de -0,61 para -0,44 em dezembro, resultando em uma queda de quase 20% no índice.
Em 2013 e 2014, quando o Fed encerrou seu programa de compras de títulos, as condições financeiras sofreram um drástico aperto, subindo de quase -0,75 em junho de 2014 para -0,27 em fevereiro de 2016. O evento fez com que o S&P 500 praticamente não avançasse ao longo do período; na verdade, o índice caiu mais de 5% e ainda testemunhou três décadas de recuos de cerca de 10%.
Alavancagem mais restrita
Um subíndice do indicador mais amplo de condições financeiras observa especificamente a alavancagem. Essa métrica mostra que já houve um aperto significativo. O índice está se aproximando do território neutro, perto de zero. Essa também pode ser a explicação para o início da queda dos níveis marginais de dívida, já que o empréstimo com base em margem para comprar ações pode não estar tão prontamente disponível, retirando uma significativa fonte de liquidez do mercado acionário.
Não queremos dizer que a história esteja prestes a se repetir; é possível que sim, mas algo que esses dados nos dizem é que o mercado acionário não gosta nada do aperto das condições financeiras. Se houver um aperto maior das condições a partir de agora, é possível que o rali das ações seja prejudicado. O nível de volatilidade que veremos dependerá da intensidade do aperto dessas condições, mas pode ser considerável, em vista da épica corrida de alta do mercado.