Apesar de pressão de Trump, Fed deve manter taxa de juros na próxima reunião

Publicado 05.05.2025, 13:00

O presidente Donald Trump afirmou que não pretende demitir Jerome Powell do comando do Federal Reserve, mas segue pressionando publicamente por cortes na taxa de juros. O mercado, por sua vez, mantém a expectativa de que o banco central preserve os juros inalterados na decisão de política monetária prevista para esta quarta-feira (7 de maio).

Em entrevista televisionada no domingo, Trump voltou a defender cortes. “Ele deveria reduzir os juros. E em algum momento vai fazer isso”, declarou. “Ele prefere não fazê-lo porque não gosta de mim. Ele simplesmente não gosta de mim, porque acho que ele é um completo sem graça”, afirmou, em comentários gravados na sexta-feira anterior.

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Nesta manhã, os contratos futuros de Fed Funds precificam com alta probabilidade a manutenção da faixa entre 4,25% e 4,50% como intervalo-alvo da taxa básica na reunião desta semana.

O resultado acima do esperado da criação de empregos em abril reforça o cenário de estabilidade na política monetária. Apesar do corte nas projeções de crescimento econômico devido às tarifas impostas por Trump, o mercado de trabalho ainda mostra sinais de resiliência. A dúvida que paira é se o ritmo atual de contratações será mantido nos próximos meses, à medida que os efeitos das tarifas se disseminam pela economia.

“Podemos adiar as preocupações com recessão por mais um mês. Os números de emprego continuam sólidos, sugerindo que a economia mostrava uma impressionante capacidade de resistência antes do impacto tarifário”, avaliou Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management. “A atividade deve enfraquecer nos próximos meses, mas, com esse impulso atual, os EUA têm uma chance razoável de evitar a recessão, desde que recuem a tempo no confronto tarifário.”

Quanto ao Fed, não parece haver disposição para agir de forma preventiva sem evidências mais claras de deterioração econômica, como uma queda acentuada nas contratações.

“Está tudo muito incerto para antecipar cortes”, afirmou Ellen Meade, ex-conselheira sênior do Federal Reserve até 2021 e atualmente ligada à Universidade Duke. “O momento de cortar será quando a desaceleração da economia superar, na visão do comitê, o excesso de inflação.”

Levará algum tempo até que os dados mostrem se o maior risco decorrente das tarifas será a inflação mais elevada ou a perda de dinamismo no mercado de trabalho. Enquanto isso, a Bloomberg Economics projeta que:

“Esperamos que Powell resista à precificação atual do mercado e reafirme o compromisso com a estabilidade de preços. Autoridades como Thomas Barkin, presidente do Fed de Richmond, e Adriana Kugler, diretora do Fed, demonstraram preocupação com uma possível desancoragem das expectativas inflacionárias. Com o resultado forte do payroll de abril, há pouco espaço para um corte iminente.”

Juro de 2 anos nos EUA vs Taxa efetiva de juros (Fed Funds)
Apesar disso, o yield do Treasury de 2 anos, sensível às decisões de política monetária, segue sinalizando aumento nas apostas por cortes em breve.

O rendimento do título vem em trajetória de queda desde que atingiu sua máxima de 2025, em janeiro, aos 4,40%. Na sexta-feira, fechou em 3,83%, nível bem abaixo da mediana da taxa dos Fed Funds, de 4,33%. Esse descompasso crescente embute na curva a expectativa de cortes à frente.

Embora Wall Street esteja dividida quanto ao momento de um eventual ajuste, todas as atenções estarão voltadas ao pronunciamento de Powell na coletiva de imprensa de quarta-feira, em busca de novos sinais.

O diretor Chris Waller indicou recentemente que mudanças na política monetária não são iminentes, especialmente diante da trégua de 90 dias nas tarifas recíprocas. “Não acredito que teremos dados suficientes nos próximos dois meses para justificar uma mudança, pelo menos até passarmos de julho”, afirmou.

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