Depois de anos de declínio corporativo e baixo desempenho no mercado acionário, a General Electric (NYSE:GE) (SA:GEOO34) finalmente parece estar conquistando de volta a confiança dos investidores.
O conglomerado industrial de 129 anos sediado em Boston está em processo de recuperação e anunciou, na semana passada, que pretende separar seus negócios em três empresas públicas, que atuarão no setor de saúde, aviação e energia, a fim de gerar mais valor para seus acionistas.
A GE irá separar seus negócios em saúde no início de 2023 e combinar suas unidades de energia renovável, combustíveis fósseis e digital em uma única empresa, que se tornará independente um ano depois. Os negócios remanescentes formarão a GE Aviation, sua divisão de motores para aviões.
O CEO da companhia, Larry Culp, que assumiu o cargo em 2018 para transformar essa gigante industrial que passava por dificuldades, chamou esse anúncio de “momento decisivo” da GE.
Culp, nos últimos três anos, impulsionou os fluxos de caixa da companhia, vendendo grandes empresas, incluindo um acordo de US$30 bilhões para vender seus negócios de leasing de jatos. Sua unidade de biotecnologia foi adquirida pela Danaher (NYSE:DHR) (SA:DHER34) em um acordo de US$21 bilhões, e a venda da GE Capital, braço financeiro da empresa, foi concluída antes da entrada de Culp.
As ações da GE fecharam o pregão de quarta-feira cotadas a US$101,99. Seu preço ajustado para a divisão mudou pouco em relação aonde estava quando Culp assumiu a liderança da empresa em outubro de 2018, em comparação com uma valorização de quase 60% do S&P 500. Os atuais acionistas da GE receberão novas ações das duas empresas após a divisão.
Movimento estratégico
Alguns dos maiores investidores da GE estão apoiando essa iniciativa, que pode ser o ato final do desmembramento do conglomerado que já foi a maior empresa do mundo há 20 anos, com uma capitalização de mercado de mais de US$400 bilhões naquela época.
Em um anúncio, o fundo ativista Trian Fund Management, liderado por Nelson Peltz, que montou uma posição de US$2,5 bilhões na GE em 2015, disse o seguinte:
“O movimento estratégico é claro: três empresas bem capitalizadas, públicas e líderes industriais, com absoluto foco operacional e gestão responsável, maior flexibilidade estratégica e decisões específicas de alocação de capital”.
A unidade de energia que abrigará os negócios de fontes renováveis e combustíveis fósseis da GE deve ter margens entre 5 e 9%, mesmo com baixas taxas de crescimento. As margens da GE Aviation podem atingir 20%, segundo avaliação da empresa.
Os analistas, por sua parte, fornecem recomendações favoráveis para as ações da GE, que até agora não reagiram a essas iniciativas. Dos 20 analistas pesquisados pelo Investing.com, 12 a classificam como “acima da média” com preço-alvo consensual de 12 meses refletindo um potencial de alta de mais de 22%.
Gráfico: Investing.com
Deane Dray, analista da RBC Capital Markets, disse em nota, na semana passada, que a separação poderia gerar um alta de 20% nas ações da GE, com base em sua atual cotação, e o movimento ajudará a gerência a gerar valor atraente para os acionistas da empresa. A nota disse ainda:
“Gostamos do plano e acreditamos que a empresa está embarcando em uma tripla separação capaz de robustecer sua posição”.
Conclusão
Pode ser que as ações da GE não apresentem um movimento muito vigoroso no curto prazo, na medida em que o mercado continua focado em ações-meme e de alto crescimento. Comparativamente, a história de reformulação da GE parece ser tão atraente.
Mas, para investidores de longo prazo, as últimas iniciativas da empresa representam uma boa oportunidade de compra, agora que ela definiu um plano para tirar vantagem da sua posição de liderança do mercado, principalmente em saúde e aviação. Para esses investidores, uma gradativa montagem de posição na GE com um horizonte de três a cinco anos pode gerar bons resultados, em nossa visão.