Publicado originalmente em inglês em 26/02/2021
Os ciclos de ascensão e queda não são novos para os investidores da Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34). A fabricante de carros elétricos é conhecida por seus movimentos de alta velocidade e se tornou uma das mega-ações mais especulativas do mercado.
Esse padrão novamente ocorreu depois do excelente desempenho da Tesla nos últimos 12 meses. Sua ação está em ciclo de queda após atingir a máxima recorde de US$ 900,40 em 27 de janeiro. Ela encerrou a quarta-feira com uma desvalorização de 17%. Ontem, perdeu mais 8% e fechou a US$ 682,22.
Essa fraqueza ocorre após um período de alta meteórica em 2020, que fez suas ações dispararem mais de 700%. Para os investidores que estão de fora, a grande questão é se essa fraqueza representa uma oportunidade para comprar Tesla. Ou se é apenas o começo de uma correção mais profunda.
Ao observar o quadro mais amplo, nada mudou em relação à liderança da Tesla no mercado de veículos elétricos. A montadora sediada na Califórnia ainda é a melhor aposta nos anos dourados dos carros elétricos que acabam de começar.
No ano passado, a Tesla quase atingiu sua meta de vender 500.000 veículos e ingressou no índice S&P 500 após quatro trimestres consecutivos de lucro. Esses feitos fantásticos pavimentaram o caminho para que a empresa expandisse ainda mais sua presença na China, Texas e Alemanha, aumentando a produção dos seus modelos de mercado de massa para atender à crescente demanda global.
Nesse excelente contexto de crescimento se sobressai a personalidade peculiar do CEO Elon Musk, que não perde uma oportunidade para desviar a atenção dos investidores em relação ao core business da Tesla.
O declínio da Tesla nesta semana foi alimentado, em parte, por sua mania de querer movimentar o mercado através do seu Twitter (NYSE:TWTR) (SA:TWTR34). Ele investiu recentemente US$ 1,5 bilhão do caixa da Tesla em bitcoins, que na sua opinião tem um futuro brilhante. Tanto o bitcoin quanto as ações da Tesla começaram a cair nesta semana após seus comentários de que os preços da moeda digital e da sua rival ethereum “pareciam elevados demais”.
Daniel Ives, analista da Wedbush, disse o seguinte em nota a seus clientes:
“A Tesla está entrando nos anos dourados dos carros elétricos, mas ainda há muita preocupação com o fato de o sucesso paralelo do bitcoin ofuscar o crescimento geral desse mercado para a Tesla nos próximos anos”.
Excesso de estoque
Considerando que o bitcoin é uma distração de curto prazo, sem qualquer impacto direto sobre a vantagem competitiva da Tesla, há outros fatores que também estão diminuindo o entusiasmo dos investidores com o papel.
A Tesla reduziu o preço de diversos modelos 14 vezes em mercados como China, Japão e França neste ano, de acordo com Gordon Johnson, fundador da GLJ Research LLC, que recomenda venda na ação. Johnson escreveu nesta semana em nota citada pela Bloomberg:
“A Tesla teve excesso de estoque no quarto trimestre de 2020 e não conseguiu atingir toda a sua capacidade de produção. Consideramos que a companhia apresenta restrição de demanda, e não restrição de produção”.
Além das distrações comuns de Musk, só aumentam as preocupações o domínio da Tesla no mercado de veículos elétricos. Fabricantes tradicionais, como General Motors (NYSE:GM) (SA:GMCO34) e Ford (NYSE:F) (SA:FDMO34) estão entrando com tudo na corrida da eletrificação, enquanto a Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) busca ativamente parceiros nesse mercado. Aumentaram os rumores sobre a participação de uma indústria automotiva estabelecida no projeto veicular da Apple desde que a Hyundai (OTC:HYMLY) declarou, no mês passado, que estava realizando tratativas com a fabricante do iPhone.
No âmbito das startups, a Lucid, uma das mais promissoras a seguir os passos da Tesla, anunciou uma fusão nesta semana com a Churchill Capital IV Corp (NYSE:CCIV), uma empresa de aquisição de propósitos específicos. Dirigida por Peter Rawlinson, engenheiro por trás do Model S da Tesla, o primeiro carro da Lucid tem melhor eficiência de bateria e deve iniciar as entregas no fim deste ano.
Resumo
Muitos fatores estão apagando o brilho da ação da Tesla após um excelente ano. A continuação dessa poderosa corrida de alta é pouco provável no momento em que os investidores saem de ações de crescimento em favor de papéis cíclicos e a concorrência aumenta no mercado de veículos elétricos. Acreditamos que ainda exista um ponto de entrada melhor nos próximos dias para quem deseja ter a Tesla em carteira e segurar o papel no longo prazo.