A popularidade das apostas esportivas online e dos jogos de azar, como o conhecido "jogo do Tigrinho", não param de crescer, e os impactos desse avanço estão se refletindo na economia e na sociedade brasileira como um todo.
Em especial, as mulheres têm sofrido consequências negativas, resultado da falta de regulamentação adequada e do incentivo ao jogo promovido de forma indiscriminada. Os efeitos vão muito além da perda financeira individual, atingindo o equilíbrio familiar e o bem-estar emocional.
De acordo com dados do Banco Central, em agosto deste ano, aproximadamente 24 milhões de brasileiros participaram de algum tipo de jogo de azar ou aposta, realizando transferências via PIX para essas empresas.
Esse movimento resultou em uma cifra impressionante de R$20,8 bilhões gastos com apostas. Os números mostram um problema que até pouco tempo atrás era apenas uma curiosidade: o impacto generalizado desse mercado bilionário e crescente que, desde seu lançamento no Brasil em 2018, tem atraído milhares de novos participantes a cada dia.
Uma pesquisa específica destacou que, desse montante de apostadores, cerca de 5 milhões de participantes eram beneficiários do Bolsa Família, com R$3 bilhões enviados para as plataformas.
Desse grupo, 70% são chefes de família – sendo as mulheres as principais beneficiárias do programa, recebendo aproximadamente 83% dos recursos. Esse dado é especialmente preocupante, pois mostra que uma parte significativa das mulheres está destinando parte de sua renda familiar a atividades de alto risco, muitas vezes como tentativa de melhorar sua condição financeira.
Mas, o que acontece é que elas acabam por comprometer ainda mais a já delicada condição financeira de suas famílias.
Alguns casos conhecidos podem nos ajudar a ilustrar um pouco desse estrago.
Saiu em diversos sites de notícias a história de uma mulher de Goiânia que perdeu R$350 mil em poucos dias. Ela chegou a esta cifra tentando recuperar valores perdidos nas apostas iniciais.
Alguns especialistas explicam que o ciclo de perdas, seguido por tentativas de recuperação que levam a apostas ainda maiores, torna-se uma armadilha psicológica. Quando a pessoa cai em si, já foi.
Essa história de Goiânia não é única. Várias mulheres estão repetindo este ciclo, e, diante das perdas e da vergonha que isso traz, algumas tenta o suicídio.
Esses casos trazem à tona uma questão mais profunda, refletindo a realidade de um país que, embora rico em recursos, carece de educação financeira e de entendimento básico sobre o funcionamento da economia.
A falta de regulamentação e educação deixa muitas pessoas, principalmente mulheres, vulneráveis a situações de risco financeiro, emocional e social.
E, de modo geral, as mulheres já enfrentam desafios históricos e culturais no acesso ao mercado financeiro e à educação econômica.
A B3 (BVMF:B3SA3), por exemplo, ainda registra uma participação minoritária de investidoras mulheres, o que reflete desigualdades que se estendem há décadas. Embora a presença feminina no mercado de trabalho e nas questões econômicas esteja crescendo, o caminho ainda é longo, e, infelizmente, muitas ainda estão longe de uma formação adequada para seguirem suas vidas de forma independente.
Em outras palavras, a regulamentação e o incentivo à educação financeira são passos fundamentais para conter o impacto das apostas e proporcionar maior segurança econômica para as famílias brasileiras.
Em especial para as mulheres, que muitas vezes são as principais provedoras de seus lares, é urgente que se desenvolvam iniciativas de apoio e conscientização para que possam entender e gerenciar melhor os riscos e oportunidades de suas finanças.
Por fim, as apostas esportivas, sem controle, contribuem para fragilizar ainda mais o cenário econômico e social das famílias brasileiras. Por isso, é fundamental que o país adote uma postura ativa para proteger sua população.
É possível reverter este quadro, mas para isso é necessária uma combinação de regulamentação, educação e apoio do governo, para que possamos avançar rumo a uma sociedade mais justa e financeiramente mais sólida.
Pense nisso e até a próxima!