Após a alta expressiva das cotações do arroz em casca durante o ano de 2020, era de se esperar um certo ajustamento em 2021. Entretanto, a perda de poder aquisitivo da população e as exportações menores elevaram os estoques domésticos, pressionando os valores de forma significativa. Esse cenário de preços mais baixos não foi característico apenas do Brasil, sendo observado também no ambiente internacional.
Em 2021, o Indicador ESALQ/SENAR-RS (58% grãos inteiros, com pagamento à vista) recuou 33,45%, encerrando o ano a R$ 62,50/saca de 50 kg. A demanda retraída por arroz em boa parte de 2021 elevou o excedente disponível no mercado doméstico, influenciando a baixa nas cotações. A média nominal dos preços do arroz em casca em 2021, por sua vez, foi de R$ 77,56/saca de 50 kg, ainda 5,7% superior à de 2020, que foi de R$ 73,38/sc.
No primeiro trimestre de 2021, com o avanço da colheita e os ajustes nos níveis das paridades de importação e exportação, os preços do arroz cederam, retornando ao patamar de agosto de 2020. Porém, orizicultores restringiram a oferta, e compradores tiveram que elevar as ofertas por grãos de diferentes tipos e qualidade.
Em abril, os preços se mantiveram firmes, mas, nos dois meses seguintes, a demanda se arrefeceu, com dificuldades na comercialização de arroz beneficiado entre atacadistas e varejistas, pressionando os valores. Esse cenário se manteve no período de julho a dezembro. Com isso, as cotações domésticas do arroz estiveram, em termos reais, menores que os patamares médios históricos da série do Cepea, iniciada em jul/05, de cerca de R$ 70,90/sc de 50 kg.
Em termos de transações externas, de janeiro a novembro, as exportações recuaram 46,4% em relação às do mesmo período de 2020, somando 947,99 mil toneladas em equivalente casca – dados da Secex. As importações, por sua vez, também recuaram, mas em intensidade menor. No acumulado do ano, as aquisições se aproximam do volume exportado. Chegaram aos portos brasileiros 930,57 mil toneladas em equivalente arroz em casca nos 11 primeiros meses do ano, 11,4% abaixo do verificado no mesmo período de 2020, ainda de acordo com a Secex.
PRODUÇÃO – A produção da temporada 2020/21 foi estimada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 11,75 milhões de toneladas, 5,11% maior que a anterior. Somando aos estoques iniciais (em janeiro/21), de 1,88 milhão de toneladas, e as importações, de 950 mil de toneladas (entre janeiro e dezembro/21), a disponibilidade interna ficaria em 14,59 milhões de toneladas. Desse total, a previsão é que 11 milhões fossem consumidos internamente e 1,2 milhão de toneladas, exportados. Assim, o estoque final, em dezembro/21, está estimado em 2,39 milhões de toneladas.
De acordo com dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção global na temporada 2020/21 foi projetada em 507,2 milhões de toneladas de arroz beneficiado, 1,68% superior à anterior. O consumo mundial ficou abaixo da produção, mesmo com elevação de 1,69% frente à safra passada, somando 502 milhões de toneladas de arroz beneficiado. O estoque global chegou a 186,94 milhões de toneladas, 2,84% maior que o de 2019/20.