Durante boa parte de outubro, um número maior de negócios foi realizado no mercado de arroz em casca do Rio Grande do Sul. Compradores estiveram mais ativos, mas sinalizaram dificuldades em encontrar o volume desejado. Vendedores, por sua vez, pediram preços mais elevados pelo cereal. Unidades de beneficiamento continuaram reportando dificuldades em repassar os custos da matéria-prima ao fardo, tanto no atacado quanto no varejo, mas já conseguiram trabalhar com novas tabelas de preços. Assim, o Indicador do arroz em casca CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista) subiu 4% em outubro, fechando a R$ 80,16/saca de 50 kg no dia 31. Este patamar não era registrado desde o fim de maio de 2021. A média mensal foi de R$ 78,69/sc, avanço de 3,15% frente a setembro/22 e 8,9% acima da de outubro do ano passado. Em dólar, o Indicador registrou média de US$ 14,99/sc de 50 kg em outubro, similar à média na Argentina (de US$ 15,00/sc de 50 kg, segundo o Ministério da Agroindústria), mas 17,95% menor que a do primeiro vencimento (Nov/22) na Bolsa de Chicago (de US$ 18,27/sc de 50 kg) no mesmo período. Vale ressaltar que Argentina e Estados Unidos são tradicionais exportadores de arroz ao Brasil.
Apesar de os preços FOB (Free on Board), especialmente nos EUA, estarem acima dos praticados atualmente no Brasil, as altas recorrentes da moeda norte-americana em boa parte de outubro favoreceram as exportações brasileiras, mas dificultaram a importação. Até o dia 28 de outubro, último dia útil que antecedeu o segundo turno das eleições presidenciais do Brasil, o dólar acumulava alta de 2,65% em relação ao Real. No entanto, no encerramento do mês, a cotação da moeda norte-americana cedeu com força, fechando a R$ 5,174 no dia 31, com baixa de 3,81% no acumulado de outubro – vale ressaltar que o valor máximo no mês foi de R$ 5,373 no dia 26. De setembro/22 para outubro/22, dentre as microrregiões que compõem o Indicador CEPEA/IRGA-RS, os valores subiram com mais intensidade na Depressão Central (3,8%), Fronteira Oeste (3,6%) e Campanha (3%), com respectivas médias de R$ 76,77/sc, R$ 77,77/sc e de R$ 76,10/sc em outubro/22. Na Zona Sul e Planície Costeira Interna, as elevações foram de 2,7% no mesmo período, a R$ 81,26/sc e R$ 80,21/sc. Na Planície Costeira Externa, o aumento foi de 2,53%, a R$ 79,40/sc. Em relação aos demais rendimentos acompanhados pelo Cepea, a média de preços do produto com 63% a 65% de grãos inteiros avançou 3,16% entre setembro e outubro, encerrando a R$ 79,69/sc de 50 kg no último mês. Para os grãos com 59% a 62% de inteiros, a alta foi de 3,27%, a R$ 79,20/sc. Quanto ao produto de 50% a 57% de grãos inteiros, o valor subiu 2% no mesmo período, a R$ 76,10/sc.
CAMPO – A semeadura do arroz da safra 2022/23 seguiu avançando no Rio Grande do Sul, chegando a 76,87% da área até o dia 2 de novembro, de acordo com dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). O Instituto também indica que a semeadura está mais avançada na região da Zona Sul, com 93,76% da área já semeada. Na sequência, estão a Fronteira Oeste (89,30%), a Campanha (84,73%), a Planície Costeira Interna (67,58%), a Planície Costeira Externa (59,15%) e a Depressão Central (44,52%). Em relação aos demais estados produtores, dados da Conab apontam que 91% da área em Santa Catarina havia sido semeada até o dia 29 de outubro, 64% em Goiás, 25% em Tocantins e 3% no Maranhão.
SECEX – Dados da Secex apontam que, em outubro, as exportações do arroz foram as maiores da série da Secretaria, que se iniciou em 1997 e é compilada pelo Cepea. O volume embarcado pelo Brasil no mês foi de 387 mil toneladas, bem acima das 199,33 mil toneladas registradas em setembro/22 – em relação a outubro/21, o volume atual é praticamente três vezes superior. Já as importações somaram 94,67 mil toneladas em outubro/22, queda de fortes 20,2% frente ao mês anterior, mas 35,5% superior em relação ao mesmo período de 2021.